Ano: 1991 (original) - 2019 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional
Tracklist:
1. Neo Aeon
(instrumental)
2. Lady Temptress
3. Mountain of Doom
4. Dead Boys' Quire
5. Sumerian Cry (Part III)
6. On Golden Wings
7. Ancient Entity
8. The Southernmost Voyage
9. Angels Far Beyond
10. I Am the King (...of Dreams)
11. A Winter Shadow
12. The Seal (instrumental)
13. A Winter Shadow (faixa bônus)
14. Ancient Entity (faixa bônus)
Banda:
Johan Edlund - Vocais, Guitarra Base
Thomas Petersson - Guitarra solo, violão
Jörgen Thullberg - Baixo
Niklas Ekstrand - Bateria
Ficha
Técnica:
Waldemar
Sorychta - Produção, guitarras adicionais em “Ancient Entity”
Siggi Bemm -
Engenharia
Kristian
Wåhlin - Arte da Capa
Dirk Rudolph - Layout, Design
Jonas Malmsten - Teclados
Contatos:
Site Oficial:
Facebook: https://www.facebook.com/tiamat
Instagram:
Assessoria:
E-mail:
Texto: “Metal
Mark” Garcia
Introdução:
É de
conhecimento de todos que a cena sueca de Death Metal teve forte prevalência no
início dos anos 90. Nomes como ENTOMBED,
DISMEMBER, UNLEASHED e outros capitanearam uma autêntica invasão,
disputando com a cena da Flórida (EUA) em termos de popularidade e
produtividade. E por lá houveram bandas
que foram tão boas quanto os gigantes do estilo, que receberam o status de
bandas cult, e embora não sejam tão grandes (comercialmente falando), são
respeitadas por conta de sua história.
E poucos
negam o fato que o TIAMAT era uma
força motriz no cenário sueco de Death Metal na primeira metade dos anos 90.
Como “Sumerian
Cry” (primeiro disco da banda) foi gravado dois meses antes de “Left
Hand Path”, mas lançado posteriormente, o quarteto pode ser considerado
um pioneiro do cenário do país. E para a alegria dos fãs, a Cold Art Industry Records vem e coloca
no mercado brasileiro uma versão luxuosa para “The Astral Sleep”,
segundo disco deles.
Análise
geral:
Este é um
disco de 1991, logo, é do ano em que o Death Metal está começando a se
evidenciar na Europa, enquanto o Metal está começando a perder espaço no
“mainstream” norte-americano (devido aos primeiros ecos do Grunge/Alternative
Rock). Nisso, “The Astral Sleep” se mostra uma sequência lógica de seu
antecessor, com toques mais sofisticados em sua estruturação harmônica. A
brutalidade e crueza do Death Metal aliada aos tempos lentos e ambientação
soturna do Doom Metal clássico que o grupo fazia naqueles dias os tornava
pioneiros do conhecido Doom Death Metal ao lado de PARADISE LOST, MY DYING BRIDE e ANATHEMA, se diferenciando justamente por preferir um “insight”
mais refinado que seus pares (e que teria seu ápice em “Clouds”, disco
posterior).
Arranjos/composições:
A crueza e
mesmo certa ingenuidade que pulsam das canções de “The Astral Sleep” não
são forçadas, mas uma consequência daqueles anos. A diferença é que sutilezas
como o uso de teclados e partes acústicas, algo que ainda era bem diferente (e
inusitado) para o início dos anos 90.
Óbvio que a
simplicidade técnica inicial do Death Metal permeia o disco, mas existem partes
que mostram boas incursões de cada instrumento (como o baixo em “Lady
Temptress”). Os arranjos são fluidos, as mudanças de andamento concedem
dinamismo às canções e impedem que “Astral Sleep” seja um disco de um
fôlego só. Óbvio que toda aquela diversidade sonora de “Wildhoney” ainda não
aparece, mas já acena de longe que ela está presente (bastando observar o uso
de violão e teclados em “Mountains of Doom”).
Qualidade
sonora:
Falar da
sonoridade de um disco de Death Metal dos anos 90 é fazer chover no molhado: crueza
em níveis bem altos, sem causar confusão à percepção do ouvinte, e mesmo uma
busca por algo mais encorpado e definido é sensível. Relembrando: os modelos de
gravação/sonorização ainda não existem, estão sendo criados.
As mãos do
competente Waldemar Sorychta tomaram
conta do disco como produtor, sendo um dos primeiros trabalhos dele nessa área.
Mas se percebe que a timbragem e captação ficaram de primeira, graças ao
trabalho de Siggi Bemm.
Arte
gráfica/capa:
Como já é de
praxe da Cold Art Industry Records,
a arte é um primor por si só.
O disco vem
em um formato jewelcase clássico (as famosas caixas de acrílico), envolto em um
slipcase, mas encarte em formato pôster, tudo respeitando a versão original. E
para aqueles que gostam de compras de edição inicial, um pôster, cartão e
adesivo lhe aguardam.
Destaques
musicais:
É preciso
reforçar: em “The Astral Sleep”, o TIAMAT
ainda é uma banda de Death Metal com forte influência de Doom Metal, logo, se
buscarem algo de “Clouds”, “Wildhoney” e posteriores, irão se decepcionar. Aqui
impera a agressividade e crueza. Mas para quem é fã da banda, ou do gênero, não
terá o que reclamar.
Lady Temptress: agressiva e pesada, esta canção possui
algumas mudanças de ritmo bem interessantes. E é interessante parar e ver como
a base rítmica está bem (em especial o baixo, com passagens bem técnicas em
alguns momentos).
Mountain of Doom: um pouquinho do refinamento que “Clouds”
mostrará em termos de acabamentos estéticos, melodias, violões e enfoque nos
teclados começa a aparecer. Menos abrasiva que sua antecessora, é cheia de
ótimas passagens melodiosas, especialmente as mais próximas ao refrão.
Dead Boys’ Quire: mais uma em que a ambientação soturna
supera a agressividade, com momentos densos e bem melancólicos. Se não fossem
os vocais esganiçados, seria uma faixa perfeita para “Clouds”. Destaque para
as guitarras e violões.
Sumerian Cry (Part III):
o lado puramente
Death Metal sueco se faz presente (salvo algumas partes mais lentas e
melodiosas). Mais veloz e com alguns momentos 1 X 1 na bateria, é cheia de
energia e empolgante.
On Golden Wings: um típico Doom Death Metal dos anos
90, apenas com alguns momentos mais sutis em meio ao peso agressivo. É outra
que parece que se encaixaria muito bem em “Clouds”, onde baixo e bateria
mostram uma base com boas mudanças, mas sem perder o peso.
Ancient Entity: outra que mostra aquela pegada bem
pesada típica do Death Metal sueco, mas a inclusão de melodias orientais em
algumas partes de guitarra mostra o experimentalismo futuro do grupo. Ótimas
guitarras e vocais.
The Southernmost Voyage: e eis que uma música que mostra a
diversidade musical que se encontra se o ouvinte for capaz de imaginar um
cruzamento entre a dureza aveludada de “Clouds” e o lado mais soturno de “Wildhoney”.
Densa e introspectiva, esta é uma canção capaz de entorpecer os sentidos.
Angels Far Beyond: peso abusivamente intenso aliado a
toques Progressivos, mas sem deixar o Death Metal de lado. Do meio para frente,
ganha mais energia e pegada, e mesmo toques de Metal tradicional podem ser
ouvidos nos riffs.
I Am the King (...of
Dreams): a pancadaria costumeira do Death Metal sueco mais uma
vez surge. É quase como uma despedida desse jeito mais seco e agressivo de ser
da banda.
A Winter Shadow: um pouco mais rebuscada do que o
resto do disco em termos de ritmo (o baixo mostra isso mais uma vez em certos
momentos), mas existe uma ambientação sinistra interessante em algumas partes,
e em outras, impera o bate-estacas na bateria.
Nessa versão
se tem ainda versões mais cruas para “A Winter Shadow” e “Ancient
Entity”, ambas oriundas do EP “A Winter Shadow” de 1990, pegando
ainda o jeito mais duro e brutal do grupo em sua fase inicial.
Conclusão:
“The Astral Sleep” pode ser visto como uma despedida que
o TIAMAT estava fazendo do lado mais
cru e bruto naqueles dias, já começando sua transição para algo esteticamente
bem feito e mais polido. E por isso, a aquisição dessa versão nacional (limitada
a 500 cópias) é tão essencial para os fãs de Metal extremo, e para todos que
gostam de observar a história do Metal através de música.
É ouvir e se
deixar ser envolvido.
Nota: 96,0/100,0
Youtube (sem as faixas bônus):
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