sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ROTTING CHRIST - Triarchy of the Lost Lovers


Ano: 1996 (original)/2018 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. King of a Stellar War
2. A Dynasty from the Ice
3. Archon
4. Snowing Still
5. Shadows Follow
6. One With the Forest
7. Diastric Alchemy
8. The Opposite Bank
9. The First Field of the Battle
10. Tormentor (faixa bônus)
11. Flag of Hate/Pleasure to Kill (faixa bônus)


Banda:


Sakis Tolis (Necromayhem) - Vocais, Guitarras
Jim Patsouris (Mutilator) - Baixo
Themis Tolis (Necrosavron) - Bateria, percussão


Ficha Técnica:

Rotting Christ - Produção
Andy Classen - Produção, engenharia, mixagem
Stephen Kasner - Artwork, arte da capa, design da capa
Carsten Drescher - Layout, design


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Ano de 1996.

Com a internet ainda engatinhando em termos tecnológicos, o Brasil não era tão paralelo ao que ocorria lá fora. Logo, podemos dizer que a explosão do Black Metal que ocorreu na Europa em 1994 só teve seus primeiros ecos no país em 1996, quando mesmo assim, discos de bandas hoje estabelecidas só chegavam por aqui como importados. Na época, nem custavam tão caro (pois a economia estabilizada ajudava nesse sentido), mas esbarrava-se no número de cópias disponíveis. E digamos de passagem: quase todos tiveram uma cópia de “Triarchy of the Lost Lovers”, terceiro disco do grupo grego de Black Metal ROTTING CHRIST. Hoje, a Cold Art Industry Records nos concede a honra do relançamento por aqui em uma edição Deluxe (como já havia feito com “A Dead Poem”).

O disco foi lançado em abril de 1996, e sendo o grupo um dos pioneiros do conhecido Melodic Black Metal, o terceiro disco deles já mostra o quanto podiam render em termos musicais, já que o enfoque melódico fica mais evidente, ao mesmo tempo em que a crueza de “Thy Mighty Contract” e “Non Serviam” cede espaço à elegância (embora ainda existam momentos brutais, como se ouve em “Archon”). Não que o trabalho sonoro esteja distante das raízes da banda, mas é uma evolução clara, inclusive com o uso dos timbres vocais característicos do grupo hoje em dia. As guitarras estão mais bem definidas em seus acordes, bem como a base rítmica ficou mais clara, seca e audível. Desta maneira, o trabalho do grupo mostra uma faceta melódica mais apurada, sem renegar o que já haviam feito. E é o primeiro disco da banda como trio, sem um tecladista efetivo como membro.

Trocando em miúdos: “Triarchy of the Lost Lovers” é uma sequência natural do que o grupo já fazia, só mais bem lapidado.

O que fez a diferença: a produção. A banda teve, pela primeira vez, um produtor de ponta tomando conta do trabalho junto com ela. Andy Classen, que fora técnico de som ao vivo e produtor ao mesmo tempo em que tocava no HOLY MOSES, era exclusivamente um homem de estúdio desde 1994, e já trabalhara com ASPHYX e BELPHEGOR, veio para dar uma mão também na engenharia de som e na mixagem. Por isso, a sonoridade do álbum é a melhor que tiveram até aquele momento, onde a crueza sonora diminui quase que completamente, dando lugar a algo límpido, que nos permite ouvir e compreender tudo que é tocado claramente, e assim, privilegiou bastante as melodias. Ao mesmo tempo, a arte gráfica de Stephen Kasner (que deu um toque de H. R. Giger à capa original) e de Carsten Drescher (que trabalhou no layout e no design) é sombria e elegante, um refinamento que caiu muito bem, mas mantendo seu toque macabro (especialmente pela permanência do logotipo clássico do grupo). E esta versão Deluxe nacional ainda possui um slipcase muito bem feito, exclusivo dela, fora a desordem das letras (que existia na versão original) estar corrigida.


“Triarchy of the Lost Lovers” também vem para mostrar que o Black Metal poderia ser feito de forma profissional sem perder suas qualidades primordiais. Ou, melhor dizendo, a “estética do feio” (muito bem explicada no documentário “If the Light Takes Us”) poderia ser descartada, sem que o produto final perdesse sua essência. Desta forma, o pioneirismo do ROTTING CHRIST é ainda mais claro, pois nos arranjos instrumentais e vocais do disco, se percebe o quão refinado e influenciado pelo Metal tradicional eles eram, e abriram o caminho para outros nomes que viriam no futuro.

Em termos de música, temos um conjunto de canções que se tornarão clássicos no futuro, e que estão no setlist regular da banda até os dias de hoje em seus shows, como a beleza cadenciada de “King of a Stellar War” (cujas linhas melódicas das guitarras são fantásticas, bem como os vocais e os teclados dando uma sustentação soturna), as harmonias trabalhadas de A Dynasty from the Ice” (reparem como a solidez dos ritmos permite que as guitarras mostrem riffs ótimos, especialmente em um solo, coisa rara quando se fala em Black Metal), o jeito mais rápido e brutal de “Archon” (onde ser rebusca os elementos agressivos de “Thy Mighty Contract”, apresentando um refrão marcante), a sombria e cadenciada “Snowing Still” (como as melodias lapidadas deram um toque de melancolia ótimo à canção), a pancadaria mais encorpada de “One With the Forest” (onde os teclados dão aquela ambientação opressiva dos tempos de “Non Serviam” claramente), e o jeitão à lá IRON MAIDEN Melodic Black Metal de “The First Field of the Battle”. Mas como essa versão tem suas singularidades, temos duas faixas bônus que, antes, estavam presentes apenas na versão digipak original do CD, que são “Tormentor” e o medley de “Flag of Hate/Pleasure to Kill”, ambas versões deles para velhos hinos do KREATOR.

Finalizando: “Triarchy of the Lost Lovers”, enfim, chega em seu potencial total para os fãs brasileiros em uma tiragem limitada. Corram logo atrás, senão, vão ficar chupando o dedo.


Unpaking video para o disco:

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