Ano: 2002 (lançamento original) / 2018 (relançamento)
Tipo: Full Length
Selo: Cold Art Industry Records
Nacional
Introdução/Contexto
histórico: O ano de 2002 se mostrava um ano de transição entre as
tendências no Metal. Ao mesmo tempo em que as primeiras bandas de Metal “old
school” começavam a despontar no underground, o gênero dominante era o
Heavy/Power Metal. No lado extremo, o Black Metal retrocedia de popularidade
após anos em evidência. Mas um fator marcante dessa época foi o final da
tendência em que bandas extremas amaciavam sua música para um formato mais
melodioso e acessível próximo ao Gothic Metal vigente. Alguns grupos pararam,
mas alguns resolveram ir adiante. Este último é o caso de “ΓΕΝΕΣΙΣ” (conhecido mais comumente
como “Genesis”), sétimo álbum de
estúdio do então quinteto grego ROTTING
CHRIST, que veio ao mundo em 29/10/2002.
Análise geral:
O álbum mostra o grupo ainda em uma transição. Do jeito mais sujo do início
(fase representada por “Thy Might
Contract” de 1993 e “Non Serviam”
de 1994), passando pela fase mais limpa em que se apresenta em um formato Black/Death
melodioso (onde “Triarchy of the Lost
Lovers” de 1996 e “A Dead Poem” de
1997 são os representantes), os toques experimentais de Gothic Metal que
adornavam as melodias mais melancólicas de “Sleep
of the Angels” (de 1999), o grupo resolve começar a dar uma guinada de
volta às raízes em “Khronos” (de 2000).
Mas a volta ao Black Metal soturno do qual são pioneiros se dá em “Genesis”. Aqui, mesmo com a estética
musical polida e bem cuidada que prevalecia em seus trabalhos desde 1996, as
melodias do grupo se tornam mais soturnas, ao mesmo tempo em que a
agressividade tornou a ser evidente. Pode-se dizer que “Genesis” é uma mistura de aspectos musicais de “Thy Might Contract” e “A Dead Poem”, mais a estética
cuidadosa de “Sleep of the Angels” e
traços épicos que serão prevalentes em “Aealo”.
Ou seja, o grupo já se mostra olhando para o futuro.
Arranjos/composições:
Olhando em perspectiva, o ROTTING CHRIST
mostra-se extremamente inventivo em “Genesis”.
Cantos gregorianos, teclados evidentes criando ambientações melancólicas nas
partes cadenciadas ou que dão aquela impressão de “trilha incidental de filmes
de horror clássicos” nas sequências de maior velocidade, riffs agressivos e
incursões de guitarras não convencionais ao padrão Black Metal conhecido da
época (embora o quinteto já os utilizasse há anos), toques experimentais (as
programações encaixaram como uma luva onde são usadas), vocais com ótima
diversidade de timbres (a maior parte do tempo são os rasgados tradicionais,
mas existem momentos mais graves e mesmo de vozes limpas, como no refrão de “Quintessence”), solidez e peso na base
rítmica (fora a boa técnica apresentada), e as composições possuem melodias bem
definidas e mesmo de fácil assimilação pelos sentidos, refrães marcantes...
Pode-se dizer que é uma combinação musical de tudo que a banda fez em sua
carreira, mas abrindo possibilidades musicais que seriam exploradas e seus
futuros álbuns.
Qualidade sonora: Um disco nesse formato e com essa concepção musical de vanguarda merecia uma sonoridade bem cuidada. Nisso, Sakis Tolis se aliou a Andy Classen (na época já conhecido por seus trabalhos com HOLY MOSES, ASPHYX, BELPHEGOR, KRISIUN, REBAELLIUN e outros, e com quem o grupo já havia trabalhado em “Triarchy of the Lost Lovers”) no Stage One Studio para montarem uma sonoridade digna do que o quinteto tinha em mente. A masterização é assinada por Tom Müller, que fez sua parte no Gmbh Studio, em Berlim. É uma produção de primeira, que conseguiu fundir cada elemento musical, mixar cada instrumento, de forma que tudo soa claro e pesado, mas um uma estética um pouco mais seca e limpa, com timbres instrumentais definidos, sem que nada se sobrepusesse ou que soe embolado. Mas soa agressivo ao mesmo tempo, sem que as melodias sejam prejudicadas.
Arte gráfica/capa: O artista gráfico norte-americano Mike Bohatch é quem assina a arte de “Genesis”, que ficou muito bonita, mostrando algo que evocava o passado musical do grupo (algo que não faziam de forma tão evidente desde “Triarchy of the Lost Lovers”), além de uma diagramação que é simples, mas ótima. E no caso desse relançamento, ainda tem-se um slipcase belíssimo envolvendo o jewelcase, além de ter um adesivo para todos aqueles que adquiriram o álbum na pré-venda.
Destaques musicais:
“Genesis” é um dos melhores discos
do grupo, justamente por estar em uma “encruzilhada” de possibilidades
musicais. Além disso, a inspiração é óbvia, sendo que nada nesse disco é
descartável. Todas as músicas são excelentes. E ainda se faz necessário
ressaltar que esta nova edição, como a original do Brasil, tem a faixa bônus
exclusiva da época, “Astral Embodiment”.
Analisando:
“Lex Talionis”: Cantos
gregorianos e riffs densos se mesclam criando uma ambientação soturna, mesmo
nas partes mais velozes. No refrão, o ritmo diminui para ganhar mais impacto e
marcar o ouvinte.
“Quintessence”: Melodias
de Heavy Metal tradicional permeiam a canção como um todo, sendo uma das
canções mais atmosféricas por conta da maior evidência dos teclados, mas como
os timbres limpos de vocais encaixaram perfeitamente no refrão.
“Nightmare”: O
andamento fica ainda mais cadenciado, os vocais usam alguns tons mais góticos
em alguns momentos (sem mencionar as partes limpas), e os 7 minutos passam
rápido, por conta das melodias envolventes que surgem em vários momentos.
“In Domine Sathana”:
Uma das canções mais agressivas e marcantes do disco (e uma predileta dos fãs),
que encaixaria perfeitamente nos primeiros lançamentos da banda (embora com mais
lapidação em várias partes e maior riqueza em termos de arranjos). É uma das
mais tocadas do disco nos shows até os dias de hoje, e um dos clássicos da
banda.
“Release Me”: Uma
canção mais experimental e atípica. O toque meio Doom Gótico/Industrial de
alguns momentos aparentam como uma herança tardia de “Sleep of the Angels”, embora seja uma faixa ótima (e com ótimas partes
agressivas).
“The Call of the
Aethyrs”: Embora com uma energia mais voltada para o Metal extremo, fica
óbvio alguns toques mais voltados ao Gothic da época. Se percebe isso especialmente
nos riffs e nas mudanças de tons vocais.
“Dying”: Outra em
que o grupo mostra sutilezas ainda ligadas aos seus discos anteriores (que são perceptíveis
clara e especialmente nos vocais). As linhas melódicas são simples, e como as
duas anteriores, dá um toque diferenciado ao disco.
“Ad Noctis”: Novamente,
o uso de cantos gregorianos é usado na introdução da faixa (basicamente, é dito“Miserere mei”, parte do salmo 50, que
ganhou versões cantadas a capella feita pelo compósito italiano Gregorio Allegri durante o papado de Urbano VIII), mas logo temos uma faixa
agressiva, com alguns toques percussivos.
“Under the Name of
Legion”: climática e com toques experimentais, esta é uma das canções
típicas de encerramento de um disco. As melodias são excelentes, especialmente
em certos crescendo que surgem.
“Astral Embodiment”:
Esta é a faixa extra que só havia saído no Brasil, na época. Algumas partes
próximas ao Gothic/Industrial, mas mantendo sua base Melodic Black Metal,
especialmente nas guitarras.
Conclusão: Mesmo
16 anos depois do lançamento original, “Genesis”
continua sendo um disco fantástico, e que agora torna a estar acessível aos fãs
brasileiros. E corram atrás, pois esta versão só tem 300 cópias prensadas!
Tracklist:
1. Daemons
2. Lex Talionis
3. Quintessence
4. Nightmare
5. In Domine Sathana
6. Release Me
7. The Call of the Aethyrs
8. Dying
9. Ad Noctis
10. Under the Name of Legion
11. Astral Embodiment
Banda:
Sakis Tolis - Guitarras, vocais, programação
Kostas Vassilakopoulos - Guitarras
Andreas Lagios - Baixo
Georgios Tolias - Teclados
Themis Tolis - Bateria
Ficha Técnica:
Andy Classen - Produção
Sakis Tolis - Produção
Tom Müller - Masterização
Mike Bohatch - Artwork
Contatos:
Site Oficial: http://www.rotting-christ.com/
Assessoria:
E-mail: sakis@rotting-christ.com
Youtube:
Unpackage video:
Spotify:
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