terça-feira, 29 de janeiro de 2019

SPIRITUAL HATE - Diabolical Dominium

Ano: 2018 

Tipo: Full Length 
Selo: Independente
Nacional 

Texto: “Metal Mark” Garcia



Introdução: Falar em Death/Black Metal no Brasil, em geral, pode acabar causando uma enorme confusão nas mentes dos ouvintes, por um simples motivo: qual escola a banda em questão seguirá?

Ela surge porque algumas bandas seguem uma linha Death/Black explosiva à lá BEHEMOTH e HATE; outras, por sua vez, preferem algo mais elaborado e assumem o uso de melodias, como o caso do DISSECTION de sua fase “Reinkaos”; e por fim, aquelas que são bandas de Death metal com letras com temas blasfemos. Neste último grupo é onde se encaixa o SPIRITUAL HATE, de Diadema (SP) e que chega com “Diabolicum Dominium”, seu primeiro “full length” (depois do Split “Agony in the Profundis Abyss” de 2012, e do EP “Praeludium ad Incursione”, também de 2012). Mas cuidado, pois o grupo tem algo diferente para mostrar.

Análise geral: O que se pode aferir é que o grupo tem 90% de elementos de Death Metal em sua música (com algumas referências na fase “Covenant”/“Domination” do MORBID ANGEL, .e mesmo influências generosas de DEICIDE), mas é impossível não notar o uso de alguns toques mais melodiosos em momentos como “Awating Fucking Jesus”, e mesmo toques de técnica refinada (percebam os toques de Jazz nas partes de baixo de “Ignorance Brought the Decadence”). Além disso, se percebe uma enorme criatividade e energia permeando esse disco em todas as suas canções. Além disso, é uma aula de como se fazer música brutal, mas que gruda nos ouvidos.

Arranjos/composições: O ponto forte do grupo: eles sabem compor muito bem, pois não criam algo que possa ser descartado, ou deixam aquela sensação de que faltou algo. Nada disso, suas canções são justas, bem arranjadas (os solos de guitarra, surpreendentemente, evitam cair no esquema de “estrangulamento-das-notas” que é bem conhecido do Death Metal), com ótimas mudanças de ritmo. Além do mais, ela flui de maneira espontânea, mas sangrando em energia o tempo todo, seja nas partes rápidas ou nos momentos mais cadenciados.


Spiritual Hate
Qualidade sonora: Victor Prospero na produção e Marcos Cerutti na mixagem e na masterização souberam equilibrar bem todos os elementos musicais da banda, fazendo com que cada uma das canções de “Diabolical Dominium” soe limpa, com todos os instrumentos musicais claros, mas com um nível de peso e agressividade inerentes ao Death Metal. Ou seja, tudo está bem equilibrado, na medida certa, sem tirar e nem pôr. 

Arte gráfica/capa: Como se poderia esperar, a arte da capa (muito bem feita e detalhista) é blasfema e explícita, sem abrir espaço para interpretações subjetivas. No encarte, uma diagramação inteligente, focada em tons de preto, branco e vermelho que estão ótimos.


Destaques musicais: O que se ouve nesse disco é algo de alto nível, pesado e agressivo, mas burilado com uma sobriedade. E mesmo sendo um trabalho extremamente equilibrado, destacam-se as seguintes como meras referências para as primeiras audições.

“Excomunion”: apesar de bem trabalhada em termos arranjos, o foco da canção é ser agressiva e bruta de doer os ossos. Oscilando entre uma velocidade estonteante e outros não tão rápidos, é incrível o trabalho técnico de baixo e bateria.

“Awating Fucking Jesus”: outra em que a brutalidade faz os medidores de volume ficarem quase o tempo todo no vermelho. Mas mesmo assim, se percebe uma estética cuidadosa ao arranjá-la, e mesmo sem pudores de usar partes mais melodiosas nas guitarras (especialmente nos solos).

“Ignorance Brought the Decadence”: mais simples em termos de tempos que as anteriores, as partes de guitarra em seus momentos lentos realmente cativam os ouvintes.

“Behind the Lies of God”: incrível como existem partes lindas e com traços melódicos no meio de tanta brutalidade. É outra canção onde a técnica não chega a ser exacerbada, mas as partes de baixo e bateria são de deixar qualquer um de queixo caído por conta da técnica individual de ambos.

“Diabolical Dominium”: por ser a faixa mais longa, é onde se tem maior diversidade de ritmos, e assim, maior riqueza de arranjos. Os vocais guturais encaixam bem sobre a base instrumental da banda, e chega a ser surpreendente como os tempos mudam.

Conclusão: “Diabolical Dominium” é um disco que já tem um tempinho lançado (originalmente, é de 2017), mas com essa música de primeira categoria, tende a se tornar atemporal. Se o leitor é fã de Metal extremo, pode ter certeza: é ouvir e gostar, sem meios termos.

Nota: 93%



Tracklist:

1. Intro
2. Excomunion
3. Awating Fucking Jesus
4. Honour et Gloriam
5. Ignorance Brought the Decadence
6. From the Purity to Fornication
7. Behind the Lies of God
8. Sentenced by Dawn
9. Diabolical Dominium


Banda:


Magnus Hellhound - Vocais, guitarras
F. Blackmortem - Guitarras


Ficha Técnica:

Victor Prospero - Produção, baixo
Morbus - Bateria
Marcos Cerutti - Mixagem, masterização


Contatos:

Site Oficial:
Facebook: https://www.facebook.com/SpiritualHateBand
Instagram: https://www.instagram.com/spiritualhate_official/
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/SPIRITUAL+HATE/64
E-mail: spiritualhate@bol.com.br



Awating Fucking Jesus”: https://www.youtube.com/watch?v=NtaPI_vjDVo



Spotify


VERTHEBRAL - Regeneration

Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Tales from the Pit Records, Eclipsys Lunarys Productions, Nomade Records, Extreme Sound Records, Thrash or Death Records, Totem Records
Nacional

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: A paixão pelo Death Metal dos anos 90 ainda é um sentimento que permeia o cenário mundial do Metal. Ainda existem bandas que preferem uma abordagem mais seminal (ou seja, crua e agressiva) do gênero. E do Paraguai vem o quarteto VERTHEBRAL, e graças aos esforços coletivos de vários selos do Brasil, nos chega com essa versão para “Regeneration”, primeiro álbum do grupo que foi lançado em 2017, e de quebra, ainda tem o EP “Adultery of Soul” (de 2015) como bônus.

Análise geral: O quarteto realmente tem fortes influências da velha escola, especialmente de nomes como DEICIDE, MORBID ANGEL, CANNIBAL CORPSE e MASTER (este último devido a alguns toques de Thrash Metal que surgem nas guitarras vez por outra) e outros da escola norte-americana, buscando usar da própria personalidade para gerar algo mais pessoal. Óbvio que tem aquela aura noventista densa e crua, mas que faz parte do trabalho deles (até soaria artificial sem ela). Sim, é um bom nome, que pode ir mais além, mas já mostra as garras nesse sentido em vários momentos do disco.

Arranjos/composições: O quarteto, como é de se esperar do seu estilo, não tem um trabalho focado em uma técnica rebuscada, embora não seja algo reto e direto. Existem arranjos musicais bem feitos no meio de tanta brutalidade, bem como as variações rítmicas são encaixadas em seus devidos lugares. Óbvio que algumas arestas podem ser aparadas mais adiante, mas já mostram um trabalho promissor, especialmente porque “Regeneration”, se por um lado soa um pouco ingênuo, de outro é um murro de energia empolgante e brutalidade.

Qualidade sonora: Como muitos discos focados no Death Metal Old School, “Regeneration” foca em algo cru e ríspido, e mesmo quase orgânico. Óbvio que a crueza sonora está além do limite certo para sua música, o que acaba deixando os timbres sonoros um pouco mais carregados que o necessário. Mas para um primeiro disco de uma banda do estilo, está muito bom.

Arte gráfica/capa: Marcos Miller (que fez a capa de “Regeneration”), Emisario Karplegia (o artista da capa de “Adultery of Soul”) fizeram trabalhos ótimos, e que rebuscam bastante a arte dos discos dos anos 90 (inclusive a capa de “Regeneration” tem um toque à lá Dan Seagrave), o que por sua vez encaixou no trabalho do grupo. E o design do encarte da versão brasileira foi feito por Filipe Silva, que fez uma editoração simples e eficiente (embora a letra deitada de “Confronting Lies” destoe, mas deve ter sido feito dessa forma por uma questão de espaço).

Destaques musicais: a força do trabalho musical do grupo realmente contagia o ouvinte. E as melhores faixas são:

“Place of Death”: boas mudanças de ritmo, energia fluindo aos borbotões pelas caixas de som, e um trabalho muito bom e sólido da base rítmica (ou seja, baixo e bateria estão muito bem).

“Spirit in Solitude”: o ritmo se torna mais cadenciado em algumas partes, dando diversidade sonora à música do grupo. Mesmo as partes mais velozes apresentam um impacto impressionante, em especial por conta das guitarras mostrarem ótimos riffs.

“Beyond the Garden of Creation”: esta é uma das canções mas ricas em termos de arranjo do grupo, inclusive com melodias pontuais surgindo durante os duelos de solos de guitarras. Isso sem mencionar como os toques Death/Thrash encaixaram muito bem.

“Old Man’s Memories”: outra que mostra momentos mais cadenciados (onde os bumbos duplos são incessantes), mas os momentos mais velozes caem para o lado do Old School Thrash Metal. Empolga o ouvinte justamente por conta do contraste de ritmos.

“The Plague of Insomnia”: novamente uma faixa com 880% dela sendo mais lenta (pois tem partes velozes aqui e ali) e que possui alinhavos melodiosos surgindo em muitos momentos, mostrando que o grupo tem uma personalidade inconformada com modelos musicais, e que pode ser algo explorado no futuro.

“Inside of Me”: mais uma vez, o uso de momentos densos em que o ritmo não é veloz vai mostrando como o grupo sabe ser criativo em termos de arranjos musicais. O vocal gutural da banda mostra uma boa diversidade de timbres que tem potencial para coisas grandes no futuro.

As faixas de “Adultery of Soul” (“Human Limitation”, “Adultery of Soul”, “I Am the Vulture” e “Confronting Lies”) mostram uma sonoridade mais tosca e crua (óbvio que as condições para a gravação eram outras), mas são ótimas, mostrando os mesmos elementos de “Regeneration”, embora menos evoluídos.

Conclusão: Uma coisa sobre o VERTHEBRAL que se pode aferir é sua honestidade e convicção ao que faz. E verdade seja dita: fãs de Death Metal Old School irão amar “Regeneration” sem nada reclamar. Mas verdade seja dita: esse quarteto de Ciudad del Este promete muito!

Nota: 84%


Tracklist:

1. Apocalyptic Seasons (Intro)
2. Place of Death
3. Spirit in Solitude
4. Regeneration
5. Beyond the Garden of Creation
6. Without Any God
7. Old Man’s Memories
8. The Plague of Insomnia
9. Immaterial Essence of Things
10. Inside of Me

Adultery of Soul EP (Bônus):

11. Intro: Final Thoughts
12. Human Limitation
13. Adultery of Soul
14. I Am the Vulture
15. Confronting Lies


Banda:


Cristhian Rojas - Vocais, baixo
Daniel Larroza - Guitarras
Alberto Flores - Guitarras
Gabriel Galeano - Bateria


Ficha Técnica:

Alberto SantaCruz  Produção, mixagem, masterização, remasterização de “Adultery of Soul
Marcos Miller - Capa de “Regeneration”
Emisario Karplegia - Capa de “Adultery of Soul”
Filipe Silva - Encarte (relançamento edição brasileira)


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:






sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

TRINKA RUA - Trinka Rua

Ano:2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: Entre a segunda metade dos anos 80 e os primeiros anos da década de 90, as misturas de Metal e Rock com Rap, Hip Hop e outros gêneros mais subversivos da conhecida música negra norte-americana foram surgindo e se consolidando. Hoje em dia, trilhar por tais caminhos pode acarretar em viver debaixo da sombra de nomes como BODY COUNT, RED HOT CHILLY PEPPERS antigo ou FAITH NO MORE. E rebuscando um pouco aspectos dos dois últimos nomes, mas usando de muita personalidade para buscar seu lugar ao sol, temos o quarteto paulista TRINKA RUA, que estreia com o álbum que leva o nome da banda.

Análise geral: Para início de conversa, o trabalho do grupo é diversificado, buscando influências não apenas no Funk Metal e no Rapcore, inclusive usando partes densamente influenciadas pelo Reggae e pelo Ska (como se ouve em “Casino”) e mesmo baião (vejam o início e andamentos de “Terra de Ninguém”). No fundo, nos momentos mais acessíveis, chegam a mostrar algo de nomes como CHARLIE BROWN JR., RAIMUNDOS e DETONAUTAS, ou seja, remetendo à geração do Rock brasileiro que fez sucesso entre a segunda metade da década de 90 e início dos anos 2000, mas alguns toques mais experimentais e ecléticos remetem ao NAÇÃO ZUMBI. Tem energia de sobra, suas doses de acessibilidade são muito boas, gerando assim uma música que pode alcançar públicos mais amplos que o de Metal e Rock.

Arranjos/composições: É de se esperar algo mais funkeado em vários momentos, mas isso fica justamente na parte dos arranjos. Mas justamente por conta da acessibilidade musical que permeia “Trinka Rua” que eles evitam algo muito rebuscado em termos técnicos, sendo mais focado na homogeneidade que em exibições de virtuosismo pessoal. E a música deles funciona como uma máquina bem azeitada, pois tudo se encaixa sem que existam percalços. E é incrível como o grupo mostra energia e melodias simples de serem assimiladas pelos ouvintes.

Qualidade sonora: Houve um capricho enorme em termos de produção, para que se equilibrasse bem a agressividade sonora, limpeza e ecleticismo do grupo, o que não é algo lá muito simples de ser feitoMas o vocalista/guitarrista Rafael Suzuki fez um trabalho digno de menções honrosas, mesmo sendo um trabalho totalmente independente. Até os timbres mostram que houve uma preocupação estética em se fazer entender.

Arte gráfica/capa: Simples e direta é a capa do disco. Usando uma foto de Norah Jacobs, fica clara a caracterização da música da banda como algo urbano, de beco. Ou seja, se encaixa com o contexto lírico do grupo.

Destaques musicais: Apesar de ser uma banda ainda jovem, é evidente que eles mostram em “Trinka Rua” um talento enorme que pode ser bem aproveitado.

“Fodase”: Com um jeito mezzo Rapcore e mezzo acessível, com boas melodias e um clima denso que lembra o Hardcore de Nova York. Os vocais se destacam bastante com seu jeito funkeado.

“Pocket”: Aqui se tem uma aura vinda do Pop Rock e do Ska, embora a energia seja altamente hardcorizada. Sem rotular demais, seria o encontro perfeito de PARALAMAS DO SUCESSO com o THE CLASH, com boa dose de acessibilidade e riffs grudentos.

“Won’t Be the Same”: Um Punk ‘n’ Roll nervosa e cheio de alinhavos de Ska e mesmo Blues. A base rítmica mostra peso e energia, sem destroçar a acessibilidade musical.

“Casino”: A fusão de Funk, Reggae, Ska e Rapcore funciona bem, sendo uma das faixas mais acessíveis do disco. A presença de instrumentos de sopro (emulados ou não) encaixou muito bem.

“Terra de Ninguém”: Influências de Baião, Rap e Hardcore melódico se mesclam de forma equilibrada para criar algo denso e grooveado, que realmente conquista o ouvinte, com bons vocais e ótimos backing vocals.

“Ouro de Tolo”: Pode-se dizer que aqui, Pop, Rock e Ska se fundem criando uma canção mais acessível ao grande público, com uma boa estruturação melódica, além de mostrar boas partes de baixo e bateria.

“Nosso Amanhã”: Um Rap/rock acessível e bem melodioso que tende a ganhar muitos fãs, especialmente entre os praticantes de skate, por conta de suas partes mais pesadas e abrasivas.

Conclusão: Pode-se dizer que “Trinka Rua” é um disco que vem para alcançar públicos mais amplos e menos exigentes que os de Rock e Metal (embora não deixe de ter seus fãs neles), e o TRINKA RUA se mostra uma boa revelação desse ano.

E o disco pode ser ouvido nas seguintes plataformas:


Nota: 80%


Tracklist:

1. Intro
2. Fodase
3. Caution
4. Pocket
5. Won’t Be the Same
6. Liberdade
7. Casino
8. Terra de Ninguém
9. Ouro de Tolo
10. Reminder of Who You Are
11. Nosso Amanhã
12. Babylon


Banda:


Rafael Suzuki - Vocais, Guitarras
Luis Saucedo - Guitarras
Johnny Gomes - Baixo
Tiago Neves - Bateria


Ficha Técnica:

Rafael Suzuki - Produção, mixagem, masterização
Norah Jacobs - Arte da capa (foto)


Contatos:

Site Oficial:


quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

EVENDUSK - Picture of a Paradise

Ano: 2019
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: Entre as diversas formas de se fazer Doom Metal, uma vertente surgida nos anos 90 tem enorme “appeal” no meio: o chamado Doom Gothic Metal, que nada mais é que a elegância herdada do Gothic Rock dos anos 80 (bandas como THE SISTERS OF MERCY e FIELDS OF THE NEPHILIM são as influências mais notadas do lado do Gothic), mais a estética pesada e agressiva do Doom Metal, com a adição de melodias mais aveludadas. Até hoje, mesmo após a moda do estilo entre os anos de 2003 até 2007 aproximadamente, ainda existem nomes que surgem por aí, sem atingir o mesmo patamar de sucesso dos gigantes do passado. E isso é válido para o Brasil, pois se pode afirmar que o EVENDUSK, quarteto novato de São Paulo, é um representante nacional do estilo, como o EP “Picture of a Paradise” deixa claro.

Análise geral: Muito da musicalidade da banda remete aos caminhos mais aveludados e macios o Symphonic Metal, devido à presença quase constante dos teclados com boas incursões e os vocais femininos. Mas é preciso notar que as guitarras e a base rítmica dão uma sustentação pesada às canções, e assim criam uma transição bela e melancólica em vários momentos (como no se ouve claramente em “Beneath the Surface”). Se não existe a mesma riqueza técnica que alguns de seus pares, sobra em termos de energia e identidade.

Arranjos/composições: Usando a presença de teclados melodiosos, a banda mostra uma excelente dinâmica nos contrastes de peso, elegância e agressividade (sim, ela está presente) que o grupo mostra. Embora como um primeiro disco de uma banda ainda mostre arestas para serem acertadas futuramente, é interessante notar os contrastes criados pelos vocais femininos melódicos e masculinos urrados, além da boa técnica musical apresentada por baixo e bateria, além das guitarras mostrarem riffs interessantes. Os arranjos são mais simples, mas sem que a música do quarteto soe simplista em momento algum.

Qualidade sonora: Gravado no Masterpiece Studio sob a tutela de Pedro Esteves (conhecido produtor musical de SP, além de guitarrista do LIAR SYMPHONY), se percebe que houve a necessidade de garantir que o EP soasse limpo (para que as melodias do grupo fossem compreendidas integralmente), mas sem perder a noção de peso. Óbvio que pode ser melhorado em futuros trabalhos do grupo, mas o que se ouve em “Picture of a Paradise” é muito, muito bom para um grupo ainda jovem (só tem dois anos de formação).

Arte gráfica/capa: A arte da capa é de Rômulo Dias, da RDD Design, que buscou fazer algo que usasse contrastes de preto, branco, cinza e vermelho de uma forma mais simples, mas que encaixa na proposta lírico-artística do grupo.

Destaques musicais: O EVENDUSK ainda precisa burilar um pouco mais suas músicas, embora já mostrem um potencial enorme a ser usado mais adiante. Mas isso não quer dizer que o EP seja ruim, muito longe disso. É muito bom.

“Picture of a Paradise”: Uma típica canção que transita entre o Symphonic Metal e o Doom Gothic Metal, mostrando um equilíbrio muito bom entre peso, agressividade e melodia. Os contrastes dos timbres vocais se destacam bastante, embora os teclados não fiquem atrás em suas belas passagens.

“Winter”: Mais melódica e introspectiva, é a música escolhida para ser um Single de divulgação do EP (vide o lyric vídeo), onde a base rítmica se mostra sólida e eficiente, acompanhada por um solo de guitarra muito bom.

“A Soul’s Agony”: Mesmo mantendo o enfoque Gothic/Symphonic da banda, aqui se tem a presença de melodias de fácil assimilação do tipo que o NIGHTWISH usou em sua fase “Century Child”, com uma dinâmica excelente entre guitarras e teclados.

“Beneath the Surface”: Uma canção puramente bela e introspectiva, onde vocais e pianos se apresentam com belíssimas melodias e uma ambientação levemente melancólica. Uma faixa que encerra o EP em alto nível.

Conclusão: Se “Picture of a Paradise” mostra um trabalho musical a ser burilado pela experiência, também deixa evidente que o EVENDUSK tem muito a oferecer ao estilo no futuro. Por agora, este EP nos apresenta um grupo que pode ser considerado uma das revelações desse ano (já que este veio ao mundo no finalzinho do ano passado).

E “Picture of a Paradise” pode ser ouvido nas seguintes plataformas:


Nota: 81%


Tracklist:

1. Picture of a Paradise
2. Winter
3. A Soul’s Agony
4. Beneath the Surface


Banda:


Lucia Ricardo - Vocais
Bruno França - Guitarras, teclados
Wilson Souza - Baixo, vocais
Rafaela Martini - Bateria


Ficha Técnica:

Pedro Esteves - Produção
Romulo Dias (RDD Design) - Arte da capa


Contatos:

Site Oficial:


“Winter”: https://www.youtube.com/watch?v=uGCkio_b2TY



Spotify:


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

OVERKILL - Last Man Standing

Ano: 2019 
Tipo: Extended Play (EP) 
Selo: Nuclear Blast Records 
Importado 

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: A definição de um Big 4 do Thrash Metal norte-americano, infelizmente, acaba deixando de fora bandas clássicas que, muitas vezes, ainda são conhecidas apenas pelos fãs de Metal em si, ou seja, nenhuma projeção fora do underground. E por isso, muitas bandas com produtividade criativa elevada nos últimos tempos não têm a mesma projeção de outras que lançam discos medianos. Um dos mais injustiçados é a gangue de Nova York OVERKILL, que tem se mostrando mais e mais intenso e criativo em seus discos de uns anos para cá. E o EP “Last Man Standing” mostra isso claramente.

Análise geral: Raçudo e agressivo até os dentes, o Thrash Metal do quinteto apenas mostra que a idade foi deixando-o sua música cada vez mais bruta, mesmo com excelentes linhas melódicas. Além disso, uma ouvida no EP e se percebe que a identidade sonora do grupo continua intocada, apenas lapidada pela experiência. E digamos de passagem: “Last Man Standing” é um EP para se ouvir e detonar a sala, pois é impossível ficar parado!

Arranjos/composições: Em termos técnicos, o quinteto sempre soube tocar aquilo que fosse necessário para sua música, sem exacerbar a técnica, mas sem soar simplista. A conjunção de linhas melódicas eficientes, cada refrão feito para entrar nos ouvidos e não ser mais esquecido, e sempre com arranjos que vão se encaixando de forma concatenada. Mas é bom se prepararem, pois os riffs continuam cortantes, os solos ainda esbanjam melodias excelentes, baixo e bateria em uma solidez rítmica imensa, fora os vocais esganiçados continuarem eletrizantes. Sim, esses caras não brincam em serviço!

Qualidade sonora: A mixagem e masterização ficaram nas mãos de Chriss “Zeuss” Harris, que soube moldar a qualidade sonora do grupo de forma que soasse clara e agressiva, sempre com muito peso e energia, sem mutilar o “approach” quase que hardcorizado do quinteto em certos momentos. Ou seja, é bruto e limpo ao mesmo tempo.

Arte gráfica/capa: A arte de Travis Smith não é algo simplório, mas mesmo assim, nada complicado demais, apenas mais uma apresentação do mascote Chaly, que os acompanha desde sua origem. Serve como apresentação, já que os fãs da banda, em geral, se apegam mais à sua música que aos detalhes visuais.

Destaques musicais: “Last Man Standing” é um cartão de apresentação, lançado para aquecer e preparar o mercado para a chegada de “The Wings of War” em fevereiro próximo. Ou seja, é um aperitivo, mas que senhor aperitivo!

“Last Man Standing”: Primeiro Single a ser liberado, e a faixa de abertura do álbum. Logo, é fácil de entender que é uma saraivada de riffs velozes, com aquela pegada empolgante da banda, com muitos momentos em que a bateria mostra as garras dos dois bumbos (e como baixo afiado e mostrando peso). Uma típica canção rápida do quarteto, sempre com uma energia capaz de manter os medidores de volume em níveis extremos.

“Head of a Pin”: Quem conhece a banda de longos anos, sabe que o OVERKILL tem uma forte carga de influência do BLACK SABBATH em alguns momentos, e ela fica evidente nos tempos mais lentos desta canção. Os vocais estão excelentes, assim como o refrão é empolgante.

“Hello from the Gutter (Live)”: Um dos primeiros sucessos do grupo, esta é uma canção de seu terceiro álbum, “Under the Influence” (de 1988), e é uma versão ao vivo gravada durante a apresentação do grupo no Rock Hard Festival de 2015. Energia aos borbotões, sem contar que a captação ficou muito boa.

“Sonic Reducer (Live)”: Também oriunda da apresentação no Rock Hard Festival de 2015, esta é um cover do velho DEAD BOYS (grupo de HC Cleveland, e um dos pioneiros do gênero nos EUA). Passam-se os anos, e poucos percebem isso, já que a versão do quinteto é tão pessoal que os mais desatentos deixam essa informação passar.

“We Gotta Get Out of This Place”: Esta é um cover do THE ANIMALS, que ganhou um jeitão Harcore/Punk Rock, e é uma canção bônus que faz parte da versão japonesa de “Bloodletting” (de 2000), agora disponibilizada para o ocidente.

Conclusão: “Last Man Standing” não tem nada de inédito em termos de canções de estúdio (“Last Man Standing” e “Head of a Pin” estarão no álbum vindouro), as canções ao vivo são um excelente aperitivo, e mesmo sendo ótimo, este é um EP que atrairá mais os fãs da banda. Mas com essas canções, a possibilidade de ganharem novos fãs não é pequena.

Nota: 86%


Tracklist

1. Last Man Standing 
2. Head of a Pin 
3. Hello from the Gutter (Live) 
4. Sonic Reducer (Live) 
5. We Gotta Get Out of This Place


Banda:


Bobby “Blitz” Ellsworth - Vocais
Dave Linsk - Guitarra solo
Derek “The Skull” Tailer - Guitarra base
D. D. Verni - Baixo, backing vocals
Jason Bittner - Bateria


Ficha Técnica:

Overkill - Produção
Zeuss - Mixagem, masterização
Travis Smith - Artwork


Contatos:

Site Oficial: http://wreckingcrew.com
Facebook: https://www.facebook.com/OverkillWreckingCrew
Instagram: https://www.instagram.com/OverkillOfficial
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail:









Spotify: