Ano: 1995
(lançamento original) / 2019 (lançamento nacional)
Tipo: Full
Length
Nacional
Tracklist:
1. Yearning
the Seeds of a New Dimension
2. HEart of
Ages
3. ...In The
Woods...
- Prologue
- Memories
of...
- Epilogue
4. Mourning
the Death of Aase
5. Wotan’s
Return
6. Pigeon
7. The
Divinity of Wisdom
8. White
Rabbit (Jefferson Airplane cover)
Banda:
Ovl. Svithjod
- Vocais
Christian “X”
Botteri - Guitarras
Oddvar A:M. -
Guitarras
Christopher “C:M.”
Botteri - Baixo
Ficha
Técnica:
Bjorn “Berserk”
Harstad - Produção
Trond Are -
Produção
Thorbjorn
Haugland - Artework
Anders Kobro
- Bateria
Synne “Soprana”
Larsen - Vocais femininos
Contatos:
Site Oficial:
Facebook: https://www.facebook.com/inthewoodsomnio
Instagram:
Assessoria:
E-mail: info@doomedevents.com
Texto: “Metal
Mark” Garcia
Introdução:
1993.
Este foi o
ano em que a cena Metal da Noruega foi exposta ao mundo todo por conta do
assassinato de Oystein Aarseth
(conhecido como Euronymous,
guitarrista e líder do MAYHEM).
Basicamente, todos os olhares do mundo se voltaram para ver o que o país
poderia oferecer musicalmente. Em verdade, o Black Metal recebeu uma formatação
nova, fresca e inebriante por lá, ao ponto de gerar tantos subgêneros de si
mesmo que chega a ser difícil a catalogação do mesmo.
1995.
Após dois
anos, percebeu-se que a fragmentação do Black Metal havia gerado algo novo,
sensacional e quem tem inúmeros representantes: o chamado Avant-garde/Progressive Black
Metal, ou seja, a fusão de aspectos musicais do Black Metal “made in Norway”
com aquela ambientação etérea e encorpada do Rock Progressivo dos anos 70. Grupos
como VED BUENS ENDE, ARCTURUS e BORKNAGAR começaram a deixar sua marca
na história do estilo.
Mas o que poucos
sabem é que a Noruega teve (e ainda tem) um pioneiro do estilo: IN THE WOODS..., que está há anos
lutando e lançando discos de primeira, sendo que o que teve maior impacto no
Brasil é o seu primeiro lançamento, “HEart of the Ages” (sim, a grafia é
assim mesmo). E a Cold Art Industry
Records nos brinda com um luxuoso relançamento dessa obra de arte musical
(no caso do Brasil, é a primeira vez que ele ganha uma versão nacional), com
algumas surpresas realmente deliciosas.
Análise
geral:
De seus pares
de época, o IN THE WOODS... é o que
tem uma maior influência de Rock Progressivo dos anos 70, em especial das
viagens lisérgicas etéreas de YES e PINK FLOYD, e algo do famoso Space Rock
com o uso de teclados que dão uma ambientação suave e mesmo introspectiva em
muitos momentos, inclusive com o uso de vocais limpos muito bem encaixados. Mas
quando o grupo pega pesado e mostra seu lado Black Metal, em nada fica a dever
a nomes como SATYRICON e MAYHEM daqueles dias (embora o grupo seja
musicalmente bem mais diversificado e técnico).
Existem
também momentos mistos, onde os vocais limpos se encaixam sobre partes instrumentais
mais ríspidas.
Para os dias
de hoje, “HEart of the Ages” pode não parecer tão inovador ou
experimental para os que não viveram aqueles anos entre 1993 e 1996, mas
continua soando clássico, e é uma tentação aos fãs do gênero.
Arranjos/composições:
Como os
grupos do gênero, o quarteto usa de muitas mudanças de ritmos e ambientações, o
que faz com que suas longas canções não soem entediantes aos ouvidos. Além
disso, o IN THE WOODS... tem por
característica soar mais sujo, mais primordial em termos de Black Metal, quando
mostra seu lado mais agressivo.
A dinâmica de
andamentos, os encaixes dos arranjos musicais, tudo funciona perfeitamente, de
forma espontânea, com uma vibração e energia que muitas vezes chega a
surpreender o ouvinte. E isso é o que torna “HEart of the Ages” um
disco único.
Qualidade
sonora:
Nesse ponto,
o grupo não foge do que as bandas da época faziam, ou seja, um “blend” da
força, peso e crueza do Black Metal norueguês em termos de sonoridade. Mas
sabendo que a música do quarteto precisava soar clara e inteligível para os
ouvintes, Bjorn “Berserk” Harstad (o
produtor) buscou algo que conseguisse ter clareza suficiente para tanto, mas
sem que os tons instrumentais da banda deixassem sua sujeira natural.
Tal afirmação
deixa claro que “HEart of the Ages” tem uma carga musical herdada do “true
Norwegian Black Metal” de sua época, mas mesmo assim, com horizontes mais
amplos.
Lembrando:
esta é a primeira vez que “HEart of the Ages” recebe uma versão
brasileira, que por si só já mostra diferenças.
A primeira é
a existência de um “slipcase” de proteção da capa acrílica muito bem feita. O
encarte foi todo reformulado, agora com as letras mais claras e inteligíveis
que na versão original, brancas com um fundo preto, mas mantendo a fonte original,
bem como suas linhas de rodapé. E é todo em papel envernizado brilhoso.
Trocando em
miúdos: é a apresentação ideal para esse discão. E ainda tem pôster e um card
que acompanham o CD, caso adquiram o disco na pré-venda.
Destaques
musicais:
A verdade é
que “HEart
of the Ages” tem uma beleza estética que transcendeu os anos, e que continua
tão envolvente quanto em Abril de 1995 (época de seu lançamento original). E
além das sete canções da versão original, esta versão ainda tem um bônus.
“Yearning the Seeds of a
New Dimension”: 12 minutos de puro prazer musical. Uma introspectiva e longa
introdução de teclados precede uma parte calma e amena, focada em vocais limpos
e foco nos teclados. Mas depois de dois versos, vem uma parte mais brutal,
cheia de guitarras sujas em riffs rasgados e solos melodiosos, onde predominam
vozes rasgadas, mas depois, mesmo ainda com distorção, vocais melodiosos surgem
em uma sequência altamente envolvente e empolgante.
“HEart of the Ages”: Aqui, a coisa fica pesada e agressiva
em um andamento lento e toques de Space Rock (por conta dos sintetizadores). Há
algo do BATHORY da época de “Hammerheart”
alinhavando a canção (provavelmente por conta das guitarras). Mas mesmo assim,
existem partes mais Progressivas em diversos momentos.
“...In The Woods...”: Mesmo não tão longa assim, esta canção
é dividida em 3 partes, com a primeira (“Prelude”) sendo puramente Black
Metal na linha tradicional da Noruega, com guitarras bem agressivas. Na
sequência, “Memories of...” vem em um meio termo entre o Black Metal
tradicional e elementos de Rock Progressivo (muito devido aos vocais e backing
vocals), com baixo e bateria mostrando serviço. “Epilogue” volta a ter prevalência ríspida e suja, mas com o
andamento mais lento.
“Mourning the Death of
Aase”: uma canção bem climática e introspectiva, como a
introdução de “Yearning the Seeds of a New Dimension”, com muito foco nos
teclados e tendo por diferencial o uso de belos vocais femininos, quase como em
um lamento fúnebre.
“Wotan’s Return”: Agora se chega a 14 minutos de um verdadeiro
festival de mudanças de ritmo, com prevalência de partes extremas (e de solos
de guitarra técnicos), mas é bom notar que existe uma parte experimental no
meio, algo bem soturno. Nela, o lado Progressivo realmente ficou oculto (a não
ser pela boa técnica musical mostrada pelo quarteto).
“Pigeon”: segue a mesma linha Progressiva de “Mourning
the Death of Aase”, com muita prevalência de teclados e pianos.
“The Divinity of Wisdom”: E lá vem outro gigante (mais de 9
minutos de duração), com momentos de riffs sujos e ríspidos sobre momentos mais
Space Rock dos teclados, criando um início denso e melancólico. Óbvio que
existem partes mais focadas na introspecção que são belíssimas, mas também
aqueles outros em que a agressividade chega a saltar os olhos. E os vocais
femininos mais uma vez dão aquele toque de beleza adicional.
“White Rabbit”:
Esta é uma versão de
um velho e conhecido “hit” do finado JEFFERSON
AIRPLANE, que ficou mais pesada e densa devido à personalidade do quarteto
norueguês. Mas não existem motivos para preocupação: esta não chega a alterar
nada da versão original, mesmo com os acréscimos de teclados e distorção nas
guitarras. E esta versão pertence a um Single do grupo, lançado em 1996 (no
lado A, e no lado B está “Mourning the Death of Aase”).
Conclusão:
Enfim, o
público brasileiro tem acesso a esse clássico do Avant-garde/Progressive Black
Metal. E aproveitem, pois a versão nacional de “HEart of the Ages” é
limitada a poucas cópias!
Ah, sim: como
curiosidade, o IN THE WOODS... foi
formado em 1991 por membros da formação original do GREEN CARNATION, banda fundada e liderada pelo guitarrista Tchort (ex-baixista do EMPEROR).
Nota: 100%
HEart of the Ages (álbum completo sem “White Rabbit”)
Spotify
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