sexta-feira, 31 de maio de 2019

OLDLANDS - Source of Eternal Darkness


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Prayers for Nothing
2. Rotten Nazarene
3. Field of Victory
4. I Just Want to Die
5. The Real Face of Penury
6. Obscuring My Thoughts
7. The Chosen One
8. Metal Maldito (Escaravelho do Diabo tribute)


Banda:


Vox Morbidus - Vocais, Guitarras, Baixo, Teclados, Bateria


Ficha Técnica:

Vox Morbidus - Produção, Mixagem, Masterização
Moisés Alves de Moraes - Arte da Capa
Profanuz Daiamon - Vocais em “I Want to Die”


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria: https://www.sanguefrioproducoes.com/bandas/OLDLANDS/61 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O Black Metal é um estilo que possui uma característica interessante de ser observada: por mais que uma banda faça um trabalho voltado às origens do estilo, não soa datado. Ou seja, o Black Metal nunca perde seu “appeal”, seja nas formas mais novas ou mais antigas em que é feito.

E mais uma vez o OLDLANDS, uma “one man band” do Paraná, honra o passado com “Source of Eternal Darkness”, seu primeiro álbum, que chega para todos pela Sangue Frio Produções.


Análise geral:

Basta dizer que o trabalho que se ouve no disco é Old School Black Metal, ou seja, aquela forma bem artesanal e suja de se fazer o estilo, com momentos velozes e cortantes, outros mais lentos, e algumas partes puramente atmosféricas (ou seja, com instrumentos em tons limpos, mas soando de forma soturna). É quase um compêndio do que se encontra de melhor na SWOBM, mas com personalidade.

Um dos pontos fortes do CD é que ele tem uma forma de abordar o estilo que permite o uso de melodias sombrias, solos de guitarra vez por outra, além de boa diversidade técnica (sem exagerar nesse aspecto). Dessa forma, soa envolvente, sujo, mas bem feito. Um disco que fãs de ANCIENT antigo, OLD MAN’S CHILD da fase “Born of the Flickering”, entre outros.

E sim, é muito bom!


Arranjos/composições:

A alma do trabalho do OLDLANDS é a simplicidade. Nada é muito complicado, o que não significa que a capacidade de Vox Morbidus de criar riffs cortantes e ganchudos, bases rítmicas sólidas e coesas e arranjos de teclados sinistros seja primitiva. Longe disso, é justamente por ser tão simples que soa agradável aos ouvidos dos fãs.

Aliás, um aspecto bem forte do álbum é justamente a troca de ambientações, uma hora soando mais sinistro, outra mais agressivo e rápido, mas sempre com uma dinâmica ótima dos instrumentos entre si e com os vocais rasgados em timbres bem altos.


Qualidade sonora:

Embora seja suja e crua (justamente para reforçar a aura artesanal e mórbida de “Source of Eternal Darkness”), a qualidade sonora não é ruim ou decepcionante. Longe disso, essa sujeira e crueza fazem parte da música em si, e não poderia soar mais claro do que já é (embora todos os instrumentos estejam audíveis). É uma questão de estética artística, do “know-how” de todo um estilo.

Muito do charme do álbum vem da escolha dos timbres instrumentais bem próximos da velha escola. Algo que sempre surte um efeito de primeira em quem é fã de Black Metal.


Arte gráfica/capa:

Mais uma vez, a arte em si é simples, quase como um simples desenho em preto sobre um fundo branco, algo extremamente comum nos primeiros lançamentos do gênero nos anos 90. Até mesmo a diagramação do encarte não é rebuscada, e nem precisa ser.


Destaques musicais:

Não é difícil de um fã de Black Metal, ou mesmo de Metal extremo como um todo, gostar de “Source of Eternal Darkness”. Há um charme artesanal e sedutor no álbum inteiro, e embora todas as canções sejam ótimas, destacam-se:

Prayers for Nothing: sinistra e com uma crueza absurda, ela possui um início calmo e introspectivo, preparando o ouvinte para uma faixa com arranjos musicais simples, riffs diretos, mas com “appeal” que seduz, e isso sem falar que os vocais encaixaram perfeitamente no instrumental.

Rotten Nazarene: bruta e direta, é uma canção um pouco mais veloz e que vai lembrar a simplicidade maciça de discos como “Under the Sign of the Black Mark” e “Under a Funeral Moon”, mas sem ser uma imitação. E que refrão marcante!

I Just Want to Die: um momento mais atmosférico, com andamentos mais refreados e com ótimas conduções de ritmos na bateria (dois bumbos muito bem colocados), e justamente a contraposição de vocais que torna tudo ainda mais interessante.

The Real Face of Penury: uma pancadaria Old School de respeito, com bons solos de guitarra. Aliás, boas mudanças de ritmos simples não deixarão os fãs entediados.

The Chosen One: sabem aquela típica canção Black Metal onde transpiram as influências de Hardcore? Pois é, esta é uma delas, novamente usando de melodias gélidas e boa coleção de riffs cortantes até os ossos (sem mencionar um momento onde o baixo mostra suas garras).

Metal Maldito: sem abrir mão do contexto do disco, eis uma versão para uma canção do ESCARAVELHO DO DIABO, banda de MG, e que soa fria e crua, mas na mesma pegada do OLDLANDS.

Aliás, o disco vai dizer que só possui duas canções, mas são 8 ao todo (é necessário prestar atenção ao tempo).


Conclusão:

Eis que finalmente o OLDLANDS mostra sua face para todos, e “Source of Eternal Darkness” é o disco certo para aqueles que sentem saudades dos anos 90, ou os que gostam de algo mais “de raiz”.

No fundo, basta não ser preocupado com rótulos musicais e vai gostar do disco.


Nota: 90,0/100,0


Bandcamp

TIAMAT - The Astral Sleep


Ano: 1991 (original) - 2019 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Neo Aeon (instrumental)
2. Lady Temptress
3. Mountain of Doom
4. Dead Boys' Quire
5. Sumerian Cry (Part III)
6. On Golden Wings
7. Ancient Entity
8. The Southernmost Voyage
9. Angels Far Beyond
10. I Am the King (...of Dreams)
11. A Winter Shadow
12. The Seal (instrumental)
13. A Winter Shadow (faixa bônus)
14. Ancient Entity (faixa bônus)


Banda:


Johan Edlund - Vocais, Guitarra Base
Thomas Petersson - Guitarra solo, violão
Jörgen Thullberg - Baixo
Niklas Ekstrand - Bateria


Ficha Técnica:

Waldemar Sorychta - Produção, guitarras adicionais em “Ancient Entity”
Siggi Bemm - Engenharia
Kristian Wåhlin - Arte da Capa
Dirk Rudolph - Layout, Design
Jonas Malmsten - Teclados


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

É de conhecimento de todos que a cena sueca de Death Metal teve forte prevalência no início dos anos 90. Nomes como ENTOMBED, DISMEMBER, UNLEASHED e outros capitanearam uma autêntica invasão, disputando com a cena da Flórida (EUA) em termos de popularidade e produtividade. E por lá  houveram bandas que foram tão boas quanto os gigantes do estilo, que receberam o status de bandas cult, e embora não sejam tão grandes (comercialmente falando), são respeitadas por conta de sua história.

E poucos negam o fato que o TIAMAT era uma força motriz no cenário sueco de Death Metal na primeira metade dos anos 90. Como “Sumerian Cry” (primeiro disco da banda) foi gravado dois meses antes de “Left Hand Path”, mas lançado posteriormente, o quarteto pode ser considerado um pioneiro do cenário do país. E para a alegria dos fãs, a Cold Art Industry Records vem e coloca no mercado brasileiro uma versão luxuosa para “The Astral Sleep”, segundo disco deles.


Análise geral:

Este é um disco de 1991, logo, é do ano em que o Death Metal está começando a se evidenciar na Europa, enquanto o Metal está começando a perder espaço no “mainstream” norte-americano (devido aos primeiros ecos do Grunge/Alternative Rock). Nisso, “The Astral Sleep” se mostra uma sequência lógica de seu antecessor, com toques mais sofisticados em sua estruturação harmônica. A brutalidade e crueza do Death Metal aliada aos tempos lentos e ambientação soturna do Doom Metal clássico que o grupo fazia naqueles dias os tornava pioneiros do conhecido Doom Death Metal ao lado de PARADISE LOST, MY DYING BRIDE e ANATHEMA, se diferenciando justamente por preferir um “insight” mais refinado que seus pares (e que teria seu ápice em “Clouds”, disco posterior).


Arranjos/composições:

A crueza e mesmo certa ingenuidade que pulsam das canções de “The Astral Sleep” não são forçadas, mas uma consequência daqueles anos. A diferença é que sutilezas como o uso de teclados e partes acústicas, algo que ainda era bem diferente (e inusitado) para o início dos anos 90.

Óbvio que a simplicidade técnica inicial do Death Metal permeia o disco, mas existem partes que mostram boas incursões de cada instrumento (como o baixo em “Lady Temptress”). Os arranjos são fluidos, as mudanças de andamento concedem dinamismo às canções e impedem que “Astral Sleep” seja um disco de um fôlego só. Óbvio que toda aquela diversidade sonora de “Wildhoney” ainda não aparece, mas já acena de longe que ela está presente (bastando observar o uso de violão e teclados em “Mountains of Doom”).


Qualidade sonora:

Falar da sonoridade de um disco de Death Metal dos anos 90 é fazer chover no molhado: crueza em níveis bem altos, sem causar confusão à percepção do ouvinte, e mesmo uma busca por algo mais encorpado e definido é sensível. Relembrando: os modelos de gravação/sonorização ainda não existem, estão sendo criados.

As mãos do competente Waldemar Sorychta tomaram conta do disco como produtor, sendo um dos primeiros trabalhos dele nessa área. Mas se percebe que a timbragem e captação ficaram de primeira, graças ao trabalho de Siggi Bemm.


Arte gráfica/capa:

Como já é de praxe da Cold Art Industry Records, a arte é um primor por si só.

O disco vem em um formato jewelcase clássico (as famosas caixas de acrílico), envolto em um slipcase, mas encarte em formato pôster, tudo respeitando a versão original. E para aqueles que gostam de compras de edição inicial, um pôster, cartão e adesivo lhe aguardam.



Destaques musicais:

É preciso reforçar: em “The Astral Sleep”, o TIAMAT ainda é uma banda de Death Metal com forte influência de Doom Metal, logo, se buscarem algo de “Clouds”, “Wildhoney” e posteriores, irão se decepcionar. Aqui impera a agressividade e crueza. Mas para quem é fã da banda, ou do gênero, não terá o que reclamar.

Lady Temptress: agressiva e pesada, esta canção possui algumas mudanças de ritmo bem interessantes. E é interessante parar e ver como a base rítmica está bem (em especial o baixo, com passagens bem técnicas em alguns momentos).

Mountain of Doom: um pouquinho do refinamento que “Clouds” mostrará em termos de acabamentos estéticos, melodias, violões e enfoque nos teclados começa a aparecer. Menos abrasiva que sua antecessora, é cheia de ótimas passagens melodiosas, especialmente as mais próximas ao refrão.

Dead Boys’ Quire: mais uma em que a ambientação soturna supera a agressividade, com momentos densos e bem melancólicos. Se não fossem os vocais esganiçados, seria uma faixa perfeita para “Clouds”. Destaque para as guitarras e violões.

Sumerian Cry (Part III): o lado puramente Death Metal sueco se faz presente (salvo algumas partes mais lentas e melodiosas). Mais veloz e com alguns momentos 1 X 1 na bateria, é cheia de energia e empolgante.

On Golden Wings: um típico Doom Death Metal dos anos 90, apenas com alguns momentos mais sutis em meio ao peso agressivo. É outra que parece que se encaixaria muito bem em “Clouds”, onde baixo e bateria mostram uma base com boas mudanças, mas sem perder o peso.

Ancient Entity: outra que mostra aquela pegada bem pesada típica do Death Metal sueco, mas a inclusão de melodias orientais em algumas partes de guitarra mostra o experimentalismo futuro do grupo. Ótimas guitarras e vocais.

The Southernmost Voyage: e eis que uma música que mostra a diversidade musical que se encontra se o ouvinte for capaz de imaginar um cruzamento entre a dureza aveludada de “Clouds” e o lado mais soturno de “Wildhoney”. Densa e introspectiva, esta é uma canção capaz de entorpecer os sentidos.

Angels Far Beyond: peso abusivamente intenso aliado a toques Progressivos, mas sem deixar o Death Metal de lado. Do meio para frente, ganha mais energia e pegada, e mesmo toques de Metal tradicional podem ser ouvidos nos riffs.

I Am the King (...of Dreams): a pancadaria costumeira do Death Metal sueco mais uma vez surge. É quase como uma despedida desse jeito mais seco e agressivo de ser da banda.

A Winter Shadow: um pouco mais rebuscada do que o resto do disco em termos de ritmo (o baixo mostra isso mais uma vez em certos momentos), mas existe uma ambientação sinistra interessante em algumas partes, e em outras, impera o bate-estacas na bateria.

Nessa versão se tem ainda versões mais cruas para “A Winter Shadow” e “Ancient Entity”, ambas oriundas do EP “A Winter Shadow” de 1990, pegando ainda o jeito mais duro e brutal do grupo em sua fase inicial.



Conclusão:

“The Astral Sleep” pode ser visto como uma despedida que o TIAMAT estava fazendo do lado mais cru e bruto naqueles dias, já começando sua transição para algo esteticamente bem feito e mais polido. E por isso, a aquisição dessa versão nacional (limitada a 500 cópias) é tão essencial para os fãs de Metal extremo, e para todos que gostam de observar a história do Metal através de música.

É ouvir e se deixar ser envolvido.


Nota: 96,0/100,0


Youtube (sem as faixas bônus):

terça-feira, 28 de maio de 2019

AXECUTER - Surrounded by Decay


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: VSF Reccords
Nacional


Tracklist:

1. Surrounded by Decay
2. Rise and Fall
3. Separate Ways
4. Darkness in Bottles
5. Dying Source
6. Collecting Enemies
7. Darwin Was Right
8. Metal in Wrong Hands
9. Spend the Dollar
10. Passage Back to Hell


Banda:


Danmented - Vocais, guitarras
Rascal - Baixo, backing vocals
Verdani - Bateria


Ficha Técnica:

Ivan Pellicciotti - Produção
Márcio Aranha - Arte da capa
Paulo Kalvo - Arte da capa
Thiago Boler - Arte do encarte
Wilson Elias - Gravuras da banda


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: https://sanguefrioproducoes.com/artistas/AXECUTER/24 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

As concepções mudam conforme o tempo vai passando, é algo inerente ao ser humano. Mas existem as escolhas que fazemos, e em muitos momentos, se são as mais corretas ou não, é algo individual de cada um. Fazer Metal em vertentes mais jovens e modernas, ou em caminhos mais voltados à Old School é uma delas. No caso da última vertente, verdade seja dita: o modismo acabou erodindo algo que por si só já pode soar datado para muitos.

Mas ainda bem que existem aqueles “grumpy guys” que conseguem dar um gás ao que é antigo, e assim, soprar uma vida nova naquilo que faz. Nisso, o AXECUTER, trio de Curitiba, tem sido um dos melhores nomes do estilo, e em “Surrounded by Decay”, seu segundo álbum, eles surpreendem.


Análise geral:

Muitos dos bons e velhos clichês dos anos 80 estão presentes no disco inteiro, mas a banda soube trabalhar de uma forma mais conectada, mais coesa e pesada. Parece ser um reflexo da formação estabilizada, mas ao mesmo tempo, a experiência de shows e demais interações permitiram a eles lapidarem melhor sua música, que agora ganhou alguns toques mais voltados ao Rock ‘n’ Roll cru à lá MOTÖRHEAD, sem contar as claras referências às escolas de Thrash Metal e Power Metal inicial da Alemanha, e mesmo ao Heavy/Thrash Metal canadense.

Mas existe um jeito melodioso ótimo, herdado do Heavy/Power Metal alemão (basicamente, referências a RUNNING WILD, GRAVE DIGGER, e obviamente ACCEPT são sensíveis) que vai preenchendo as canções de “Surrounded by Decay” que encaixou perfeitamente ao que o grupo faz.

Basicamente, a banda se renovou, mas sem perder sua personalidade.


Arranjos/composições:

O amadurecimento é claro, pois as canções estão soando mais bem acabadas, mais bem lapidadas, sem perder a energia espontânea que sempre mostraram. Há momentos em que brilham a individualidade deles (como a presença marcante do baixo em entremeando os solos de guitarra em “Rise and Fall”), mas o forte deles é mesmo a unidade, pois dessa forma, os arranjos solidificam as canções. Além disso, é preciso notar que esse jeito mais melodioso do grupo encaixou como uma luva para seu estilo.

Pode ser que alguns fãs mais antigos reclamem um pouco dessa aproximação um pouco mais melodiosa, mas ganharão muito e muitos fãs novos.


Qualidade sonora:

É o aspecto onde o grupo deu uma evoluída e tanto.

Desta vez, tendo Ivan Pellicciotti cuidando da produção, a opção foi por algo que conseguisse fundir o “feeling” orgânico dos anos 80 com produções modernas bem lapidadas. Ou seja, a banda soa clara, pesada e agressiva nas medidas certas, mas com uma qualidade sonora que ressalta sua proposta.

Na timbragem, tudo o mais “plug ‘n’ play” possível, e se repararem, existem momentos em que não existem bases de guitarra sob os solos não existe. Nisso, se percebe que o esses 3 “Metal Grumps” não querem exceder o que podem oferecer nos shows, uma ideia bem anos 80, mas que é honesta até os ossos.


AXECUTER
Arte gráfica/capa:

É bem verdade que o AXECUTER é uma banda com muitas opiniões duras referentes ao Metal moderno que se pode ou não concordar com elas (é um direito deles tê-las, e de quem desejar discordar deles, mas sempre com respeito mútuo). E são justamente elas que permeiam a arte da capa, onde se percebe um toque anos 80 bem forte, já que remete aos trabalhos gráficos mais diretos da época. Mas ficou muito legal, especialmente as gravuras da banda no encarte, além de uma diagramação bem feita.


Destaques musicais:

Como dito antes, a banda faz sua música revitalizando os bons e velhos clichês dos anos 80, mas mesmo assim, é clara não só a identidade pulsando em sua música, bem como a energia envolvente que transpira de “Surrounded by Decay”. E embora o disco seja bem nivelado (e por cima, diga-se de passagem), se destacam:

Rise and Fall: uma ótima coleção de riffs à lá SODOM da era “Persecution Mania”/”Agent Orange” flui da canção, e o andamento empolga. Mas realmente o baixo mostra o que pode render nela.

Separate Ways: o andamento é mais lento e empolgante, com um jeitão Heavy/Speed Metal ótimo. É uma canção que soa artesanal, crua e com a bateria mostrando ótima técnica na condução dos ritmos.
  
Darkness in Bottles: um pouco mais rápida, é uma das mais empolgantes do disco por conta do ritmo. Mas é uma música típica para bater cabeça, mostrando vocais esganiçados à lá KREATOR antigo.

Collecting Enemies: essa é para desencadear o moshpit. Rápida (embora existam momentos mais cadenciados), essa é recheada de ótimos riffs que guiam uma sólida base instrumental que faz a cabeça balançar sozinha.

Darwin Was Right: soa quase como um MOTÖRHEAD germânico, pois o jeitão descompromissado do Rock ‘n’ Roll se faz presente em cada segundo. E são ótimas as conduções da bateria (especialmente nos bumbos duplos) e os backing vocals.

Passage Back to Hell: a banda mostra uma capacidade de criar ambientações pesadas e pegajosas incrível nessa canção, e sendo a mais longa de todo disco (mais de 7 minutos de duração), a banda exibe boa diversidade rítmica, com momentos influenciados por BLACK SABBATH e alguns nomes dos anos 70.


Conclusão:

Pode-se aferir que, de todas as bandas do Brasil que são devotadas ao “Old School Metal” dos anos 80, o AXECUTER mostra-se um dos melhores, justamente porque “Surrounded by Decay” mostra sua capacidade de evoluir e crescer, mas sem que o trio deixe de ser o que é. 


Nota: 92,0/100,0


Bandcamp

terça-feira, 21 de maio de 2019

O Subsolo - Volume 4



Ano: 2019
Tipo: Coletânea
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. MEDJAY - Death in the House of Horus (MG)
2. 100 DOGMAS - Resistência (SC)
3. SYN TZ - Held by the Cold (SC)
4. DARK NEW FARM - L.O.V.E (SC)
5. LACUNA - Verdade Nua e Crua (SP)
6. MUQUETA NA OREIA - Samba de Maria (SP)
7. BRUTALSICK - Brutal Tension of War (PR)
8. GRIM RECKONING - La Danse Macabre (RJ)
9. OCTODEMON - The Call (SP)
10. TIMBALL - Aqui Não (SC)
11. AGP - Electric on the Farm (RJ)
12. KHORIUM - Idiocracia Tropical (RJ)
13. DIRTY SWEDE - Eudaemonia (SP)
14. 80 ROCK - Ego (MG)
15. DISTRITO ZERO - Facínoras (feat. Siquieri) (SP)
16. OVERMIST - Land of the Dead (SP)
17. DEATH CHAOS - Gushing Blood (PR)
18. REST IN CHAOS - Ego Riser (SC)


Contatos:

Instagram:
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

As coletâneas caíram bastante no desuso após o final dos anos 80, uma vez que o investimento em “releases” completos se tornou cada vez mais viável. A evolução do “know-how” dentro do cenário ajudou muito o surgimento de produtores, estúdios, produtores de vídeo e toda a estrutura necessária para se fazer vídeos e discos de maneira mais acessível aos músicos.

Mas mesmo assim, o “appeal” das coletâneas ainda existem, e é um prazer falar de “O Subsolo - Volume 4”, uma disco bem legal para qualquer fã.


Análise geral:

É uma coletânea que, embora com um número bem grande de bandas seguindo vertentes mais modernas, possui um espectro musical amplo. Existem grupos de Metal tradicional, Stoner Metal/Rock, Death Metal, Glam Metal, enfim, uma boa representatividade de estilos.

Cada grupo mostra em uma canção a que vem, apresenta aos ouvintes seus estilos, e como vai ser difícil alguém que ouça não encontrar algo que goste, é uma ótima ferramenta para a divulgação.

Além disso, o aspecto técnico individual mude de banda para banda, uma vez que algumas realmente necessitam de refinamento em termos de arranjos, e outras teriam problemas se o fizesse.


Qualidade sonora:

Se há um conjunto de bandas tão não homogêneo juntas em um mesmo disco, é óbvio que a qualidade sonora de canção a canção também difere. Umas bandas precisam dar uma melhorada nesse aspecto, outras fazem um trabalho de primeira, e na média, não o que reclamar, pois todas soam compreensíveis aos ouvidos.


Destaques musicais:

MEDJAY - Death in the House of Horus: os mineiros fazem bonito com um Heavy/Power Metal à lá ICED EARTH em algumas partes. Ótimo trabalho de guitarras em uma canção sinuosa em termos de melodias, mas os vocais podem melhorar no futuro. https://www.youtube.com/watch?v=DpykLSIM6BY

100 DOGMAS - Resistência: Esse quarteto de SC promete muito. É uma banda interessante em termos de Groove Metal, com boa dose de agressividade, andamentos pesados, e que mostra certo toque de Hardcore em alguns momentos. É muito legal, mas precisa acertar a qualidade sonora da próxima vez. https://www.youtube.com/watch?v=6T-la1fhDR8

SYN TZ - Held by the Cold: mais chegados em um Thrash moderno cheio de energia e com toques de Groove em alguns pontos, esse quarteto de SC mostra um trabalho realmente bem forte e agressivo. E que belo refrão! https://youtu.be/idgum6MlCxU

DARK NEW FARM - L.O.V.E.: mais um grupo de SC, é outro com uma pegada New Metal/Groove Metal bem agressiva e não muito afeita a limites de estilos. A música é ótima, com peso e melodia na medida certa, agressividade bem gordurosa fluindo da música, mas uma gravação mais justa os ajudaria a brilhar ainda mais. https://www.youtube.com/watch?v=3u22W8jPURI

LACUNA - Verdade Nua e Crua: Mais um que segue as tendências mais modernas em termos de Metal, o quarteto de Guarulhos (SP) desce a pancadaria em uma música bem estruturada, com boas doses de melodia e agressividade. Muito, muito bom, e merece crescer bastante. https://www.youtube.com/watch?v=ADKH-63_8EA

MUQUETA NA OREIA - Samba de Maria: Mezzo Thrash Metal/Crossover, mezzo moderno, o quarteto vem com uma faixa poderosa e com ótimo trabalho rítmico (devido aos “inserts” música regional do Brasil) . É um dos pontos altos da coletânea. https://www.youtube.com/watch?v=ilXll7eO2WU

BRUTALSICK - Brutal Tension of War: o quinteto de Pinhais (PR) é outro que prefere as vertentes mais agressivas do Metal moderno, com uma dose de peso absurdamente opressivo em termos de andamento. Ótimo trabalho técnico, verdade seja dita. https://www.youtube.com/watch?v=DiRlEzhMT2Y

GRIM RECKONING - La Danse Macabre: vindo do RJ, é o grupo que destoa um pouco das anteriores, apostando em um Death Metal mais tradicional e com leves nuances de Thrash. E é uma música inédita, que só pode ser encontrada nessa coletânea.

OCTODEMON - The Call: mais um que foge aos grupos anteriores, já que esse grupo de SP prefere mandar ver em um Stoner Rock/Metal pesado e com referências ao som pesado dos anos 70 sem soar datado. Boa dose de peso, melodias sedutoras e vocais muito bons. https://www.youtube.com/watch?v=Nt_d8MaAM7Q

TIMBALL - Aqui Não: e a inclinação para estilos mais modernos volta com esse grupo de SC. Agressividade desmedida e excesso de Groove, mas ótimo trabalho das guitarras. https://www.youtube.com/watch?v=lZi0HwOUp34

AGP - Electric on the Farm: uma banda que foca mais em um trabalho instrumental que destila um Countrycore melodioso e com sua pegada irônica. Os integrantes preferem o anonimato, mas esses cariocas realmente mostram que tem talento. https://www.youtube.com/watch?v=e6_uSEjxNFY

KHORIUM - Idiocracia Tropical: outro que mostra a fusão do jeito moderno de se fazer Thrash Metal com Groove e certas doses de Hip Hop/Rapcore.  Sim, o trio do RJ já vem mostrando um trabalho bem legal, e é outra canção inédita, que se encontra apenas na coletânea.

DIRTY SWEDE - Eudaemonia: Esse quarteto de SP faz uma mistura interessante de Hard/Glam Metal com aspectos do Rock ‘n’ Roll descompromissado dos anos 60 e 70. Com uma ambientação divertida e crua, onde vocais e guitarras estão muito bem, é outro grande momento do disco. https://www.youtube.com/watch?v=TRIbQ-8rGfc

80 ROCK - Ego: este quarteto de MG vai trazer à mente do ouvinte aquele Heavy Metal visceral e cheio de melodias de Hard Rock da primeira metade dos anos 80. A gravação soa crua além do necessário, mas nos permite ver o potencial do grupo, que usa teclados e guitarras muito bem, sem complicar demais. https://www.youtube.com/watch?v=gEZ3pPwab7I

DISTRITO ZERO - Facínoras (feat. Siquieri): Basicamente, essa banda de SP faz uma mistura de Groove Metal com referências aos anos 90 com muito de Rapcore. O quinteto ainda mostra necessidade de amadurecer mais, mas tem um trabalho ótimo em termos de técnica (especialmente baixo e bateria). https://www.youtube.com/watch?v=IvYnxDfgt5w

OVERMIST - Land of the Dead: Fazendo aquela mistura Thrash/Heavy Metal bem trabalhada e com referência clara à TESTAMENT e METALLICA, o quarteto de SP deixa o ouvinte de queixo caído, com vocais e guitarras em excelente forma, embora o grupo mostre bastante homogeneidade em suas mudanças de ritmo. https://www.youtube.com/watch?v=pywx5XPgdqE

DEATH CHAOS - Gushing Blood: o quinteto de Curitiba (PR) já mostra no nome a que vem: Death Metal agressivo e com ampla influência da escola dos anos 90. Mas mesmo assim, se percebe que o grupo tem apego à técnica (bastando perceber isso nos riffs), algumas doses ótimas de Thrash Metal em algumas passagens mais grudentas, e melodias soturnas permeiam os solos. https://www.youtube.com/watch?v=IQnuAYxsC5Y

REST IN CHAOS - Ego Riser: o quarteto de SC mostra sua inclinação para o Thrash/Death Metal moderno em uma canção cheia de boas melodias e mudanças rítmicas muito interessantes. A técnica é conseqüência da música, logo, é um esmaga-colunas sem dó do ouvinte! https://www.youtube.com/watch?v=qPJNqMGMKnw


Conclusão:

No geral, todas as bandas apresentam um trabalho muito bom para seus fãs, e tende a alcançar outros.

No mais, “O Subsolo - Volume IV”,  é bem vinda, além de ser uma boa pedida.


Nota: 8,1/10,0