segunda-feira, 29 de julho de 2019

DEVACHAN - Regeneração


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Domain Principia Inferiorum (intro)   
2. Regeneração     
3. Jogo da Vida     
4. Um Sonho?       
5. Loucuras, Guerra e Poesias   
6. Devachan
7. Olho Por Olho... 
8. Caminho do Medo       
9. Eis a Questão    
10. Punctus Contra Punctum


Banda:


Gabriel Augusto Dias - Vocais
Leandro Augusto Dias - Guitarras
Michael Veríssimo - Teclados
Daniel Augusto Dias - Baixo
Thiago Zico Teixeira - Bateria


Ficha Técnica:

Felipe Colenci - Produção, Gravação, Mixagem, Masterização
Rodrigo Ricardo - Produção, Gravação, Mixagem, Masterização
Jean Michel (DSNS Art) - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria: www.somdodarma.com.br (Som do Darma)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Quando se pensa no Metal feito no Brasil, pensa-se logo nas bandas que cantam em inglês, uma vez que os primeiros grupos de sucesso faziam música dessa forma. Mas muitos esquecem que bandas como SALÁRIO MÍNIMO, VÍRUS, CENTÚRIAS, KORZUS, ABUTRE, AZUL LIMÃO, METALMORPHOSE e tantos outros, anteriores ao “boom” de 1985-1986, já faziam seus trabalhos na língua pátria.

Dando sequência a esta ideologia do Metal cantado em português, vem o DEVACHAN, quinteto de Iperó (SP), lançando seu primeiro “full length”, “Regeneração”.


Análise geral:

Basicamente, o quinteto faz um Heavy Metal tradicional clássico, com boa dose de peso e melodias bem estruturadas. Há um toque de Rock Progressivo dos anos 70 bem evidente (pois os teclados não se satisfazem em apenas criar “fundos” melódicos), mas ao mesmo tempo, surgem elementos mais modernos em algumas partes (devido às conduções rítmicas nos dois bumbos)

Sem inovar, mas com personalidade, o grupo realmente nos brinda com uma música bem feita e elegante, mas ao mesmo tempo, pesada e com o devido toque de agressividade. E não seria um pecado dizer que a banda seria um encontro bem feito de influências de RUSH, ICED EARTH e bandas da NWOBHM, mas com sua própria identidade.


Arranjos/composições:

O grupo sabe o que fazer na parte dos arranjos, pois se percebe a fluência de suas músicas de maneira espontânea, sem exagerarem demais na técnica ou em enfeites dissonantes (existe técnica instrumental evidente, mas o enfoque não é a exibição). Tudo soa sólido e compactado, e com melodias simples de serem assimiladas.

E é justamente essa consensualidade entre arranjos que faz tudo soar bem aos ouvidos, sem mencionar que a banda é rica de mudanças de ritmo, evitando assim que sua música soe cansativa.


Qualidade sonora:

Felipe Colenci e Rodrigo Ricardo respondem pela produção, gravação, mixagem e masterização de “Regeneração”. A sonoridade resultante é boa, embora pudesse ser melhor em termos de clareza (há momentos em que os teclados ficam baixos demais), dando equilíbrio e peso às canções.

No tocante à timbragem dos instrumentos, a banda optou por algo um pouco menos “enlatado”, ou seja, enfeitado demais com infinitas edições digitais. Tudo soa o mais próximo do ao vivo possível.


Arte gráfica/capa:

Jean Michel (da DSNS Art) foi quem fez a arte gráfica. E o ponto forte é: nada de criar uma arte super-rebuscada para a capa, mas simples e funcional, com uma diagramação inteligente no encarte.

Mais que isso desfocaria o brilho das canções, verdade seja dita.


Destaques musicais:

O DEVACHAN já havia dado sinais de seu potencial em “Andarilho”, seu EP de 2013, e agora mostra que é um nome bem forte.

“Domain Principia Inferiorum” é uma introdução que precede a pesada “Regeneração”, cujos andamentos não são lá muito rápidos, e com ótimas partes de teclado (bem progressivas em alguns momentos). Em “Jogo da Vida”, a banda já mostra uma técnica mais burilada, com clara referência ao trabalho do RUSH nos anos 70, e com partes muito boas de teclados e riffs certeiros. Alguns elementos de Thrash Metal aparecem nas guitarras em “Um Sonho?”, uma canção rica em ambientações (os teclados cuidam muito bem disso) e em melodias no solo de guitarra. A beleza instrumental sensível de “Loucuras, Guerra e Poesias” é imensa, com partes introspectivas bem melodiosas, mas com momentos de crescendo bem pesados (e assim, a versatilidade dos vocais fica evidente). Com claras menções ao Prog Metal setentista, “Devachan” mostra uma pegada densa e trabalhada em termos de arranjos, com baixo e bateria criando doses de peso e mudanças de tempo providenciais. Claras influências de RUSH, YES e Metal tradicional vão surgindo sequencialmente em “Olho por Olho...”, seguida pelas melodias densas e ambientação “noir” da sensível “Caminho do Medo”, onde guitarras e baixo mostram sua força e criatividade. E “Eis a Questão” é outra lição de como se equilibrar peso, melodias, agressividade e partes grandiosas, com uma exibição de gala de bateria e teclados. “Punctus Contra Punctum” é uma outro climática para fechar de vez o disco.

Basicamente, a banda nivelou tão bem suas canções que fica difícil destacar uma ou outra. E o disco pode ser ouvido gratuitamente no Spotify: https://open.spotify.com/album/5SuYLFRgvmVxDjZGHFS6wr


Conclusão:

O DEVACHAN é uma banda promissora, como “Regeneração” deixa claro. Aparando as arestas necessárias com ensaios e shows, mais uma produção um pouco melhor, ninguém segura esse quinteto!

Nota: 8,4/10,0


Loucuras, Guerras e Poesias

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