segunda-feira, 21 de outubro de 2019

GUILHERME COSTA - Light of Revelations


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Fight Against Myself 
2. Bloody Wars
3. Inside my Mind
4. Rising Star 
5. The Sound of Hope
6. A Invitation to the Soul
7. Light of Revelations
8. Homeland
9. Come On and Play (bônus)
10. The Beginning of a Journey (bônus)
11. The King’s Last Speech (bônus)


Banda:


Guilherme Costa - Guitarras, Baixo, Bateria, Teclados


Ficha Técnica:

Gus Monsanto - Produção, Vocais em “Fight Agaisnt Myself” e “Light of Revelation”
Celo Oliveira - Produção
Jefferson Gonçalves - Vocais em “Rising Star”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Alguns guitarristas percebem que, para alcançar um público mais amplo, é necessário se expressar não apenas com seis cordas. Infelizmente, salvo raros casos, poucos “guitar orientated albums” conseguem alcançar ouvintes que não sejam outros guitarristas. É um meio musical difícil de penetrar, mas não impossível.

E nisso, o guitarrista GUILHERME COSTA mostra-se um nome e tanto, pois seu mais recente trabalho, o álbum “Light of Revelations” foge às regras.


Análise geral:

O que existe no CD é uma mistura de temas instrumentais e alguns cantados, logo, consegue fundi o que há de melhor dos dois mundos: quem é um ouvinte comum vai gostar do que é exibido nas faixas cantadas (e mesmo nas instrumentais), e quem gosta de apreciar o aspecto técnico das seis cordas vai gostar, pois o estilo de Guilherme é bem versátil.

Além disso, a expressividade musical da guitarra foge à regra ‘ótimo para guitarristas, chato para ouvintes comuns’. Longe de ser meramente um guitarrista de Metal e Rock, há um evidente jeitão Fusion Rock evidente, e um toque eclético interessante (como a ambientação ‘noir’ de “Inside my Mind”).

Traduzindo: é um disco que satisfará a todos, sem exceção.


Arranjos/composições:

Como um guitarrista com boa formação acadêmica (Guilherme é formado em Licenciatura em Educação Musical Escolar pela UEMG), o que se houve em termos musicais é um estilo de tocar sólido e cheio de ‘feeling’, totalmente focado em criar boas composições, e não aulas de ‘shreds’ para exercitar egos inflados. E não seria nenhum pecado dizer que “Light of Revelation” tende a ir de encontro ao gosto musical de muitos. Rock, Blues, Pop, Jazz, Metal, tem de tudo um pouco, mas sempre de forma coesa.

Além disso, é interessante como as canções são bem arranjadas, proporcionando passagens dinâmicas e outras que se agarram aos ouvidos. Sim, algo tão encolvente que dá vontade de ouvir 10, 20 vezes seguidas.


Qualidade sonora:

Gus Montsanto e Celo Oliveira produziram o disco no Dalva 1 Studios, em Niterói (RJ). E mesmo para os mais exigentes e catadores de piolhos (ou seja, aqueles que adoram analisar a sonoridade de um disco ponto a ponto) não terão do que reclamar: a sonoridade é forte, vigorosa e pesada, mas clara e muito inteligível.

Poderia ser melhor? Sim, mas já está ótima.


Arte gráfica/capa:

A colaboração entre Bruno Bavose (fotografia) e a Ana Morais (artista gráfico) criou uma capa interessante, que pode ser uma representação dos contrastes dos sentimentos humanos, da inconstância que nos permeia.


Destaques musicais:

Com maior tempo para expor suas ideias em forma de música, Guilherme acertou a mão, fazendo de “Light of Revelation” uma experiência ótima.

“Fight Against Myself” é pesada e cantada, permeada por um feeling melodioso e moderno, e cheia de energia, enquanto a instrumental “Bloody Wars” já tem um jeito mais Metal (não é de estranhar um jeitão meio Maiden nas guitarras dobradas). Já “Inside my Mind” (outra faixa instrumental) mostra um clima bem ‘boate noir’, com um jeito mais melancólico. As belíssimas melodias de “Rising Star” (mais uma cantada) são comoventes, justamente porque há contrastes de partes limpas e distorcidas. Um Hard com toques Prog Metal instrumental e pegajoso é o que se tem em “The Sound of Hope”, enquanto algo mais Folk/acústico e aconchegante dá as caras em “A Invitation to the Soul”. Mais pesada e voltada ao Power Metal sinfônico é “Light of Revelations”, outra cantada, e que tende a conquistar os ouvintes por suas melodias. Agora, todo o lado Fusion Rock do disco surge em “Homeland”, ou seja, surge a fluência técnica minimalista nos arranjos de guitarras, mas que não sobrecarregam os sentidos (inclusive se percebem ‘inserts’ de música brasileira aqui e ali).

Na versão física do disco, ainda existem 3 bônus: as canções do EP “Come On and Play”, que são a própria faixa-título, “The Beginning of a Journey” e “The King’s Last Speech”, justamente um presente para quem não conseguiu o EP.


Conclusão:

O jeito mais simples e acessível aos que não são fãs de discos para guitarristas de “Light of Revelation” é uma grata surpresa, e mostra que GUILHERME COSTA é um artista impressionante, que merece espaço em qualquer coleção de discos que se preze.


Nota: 8,6/10,0

Fight Against Myself

terça-feira, 1 de outubro de 2019

FUNERAL TEARS - The Only Way Out


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Be Humane
2. Look in the Mirror
3. Become the God
4. The Only Way Out
5. Outro


Banda:


Nikolay Seredov - Todos os instrumentos, Vocais


Ficha Técnica:

Nikolay Seredov - Masterização
Mayhem Project Design - Arte da Capa, Design


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Desde que o Doom Metal foi semeado pelo BLACK SABBATH com “Master of Reality” em 1971, aprimorado por nomes como SAINT VITUS, WITCHFINDER GENERAL, TROUBLE e outros, muita água rolou embaixo da ponte em relação ao gênero.

Nos anos 80, o CANDLEMASS trouxe uma estética mais elegante ao azedume constante do Doom Metal, enquanto PARADISE LOST e MY DYING BRIDE começaram a construir os subgêneros extremos do estilo. Nisso, ainda no início dos anos 90, surge o Funeral Doom Metal, que pode ser descrito como a mistura do Doom Metal (ou do Doom Death Metal) com a tristeza sombria e melancólica de hinos fúnebres, pois os tempos ainda mais lentos que na vertente clássica, combinada a ambientações extremamente tristes e um peso avassalador, é algo bem diferente, tanto que pode ser intragável aos fãs com visões mais conservadoras. E pode ser dizer que a força de “The Only Way Out”, quarto disco da “one man band” russa FUNERAL TEARS, só pode ser plenamente compreendida pelos conhecedores do gênero. E a Cold Art Industry Records colocou nas lojas a versão nacional do disco.


Análise geral:

Só pela descrição acima, fica claro que “The Only Way Out” é um disco de Funeral Doom Metal que transita entre momentos melodiosos cheios de melancolia, e alguns momentos mais extremos. E é incrível perceber que essa atmosfera soturna e fúnebre pode soar elegante e terna aos ouvidos, mas sempre tendo em vista que partes brutais e lentas virão.

O interessante é que nesta escola, o trabalho de Nikolay Seredov (a mente por trás da banda) é realmente rico e diversificado, algo não tão comum assim. Dessa forma, este disco tem muito a oferecer.


Arranjos/composições:

O trabalho do FUNERAL TEARS é baseado em contrastes de luz e sombra, uma expressão simples para descrever um trabalho recheado de arranjos musicais de ótima qualidade, seja nas partes lentas e fúnebres como naquelas mais agressivas. E é outro ponto interessante: não há uma inclinação a obedecer regras impostas, a música é guiada apenas pela espontaneidade.

Sim, é bem espontâneo o que se ouve aqui, livre de concepções do tipo “tem que ser desse jeito”, pois os arranjos não são comuns. É Funeral Doom Metal, só mais rico musicalmente do que se costuma ouvir nessa vertente.


Qualidade sonora:

A produção sonora de “The Only Way Out” busca algo limpo na medida certa, apenas o suficiente para que a força extrema e orgânica de sua música surja em sua totalidade. Sim, é os instrumentos podem ser ouvidos separadamente sem esforços, mas o efeito geral do que se ouve é algo fúnebre, com aquela sensação de estar caminhando em meio à uma floresta queimada sob um céu totalmente cinzento com uma chuva fina de congelar os ossos. Óbvio que esta seria uma descrição do que a sonoridade é, embora o mais correto seria: claro, mas orgânico.


Arte gráfica/capa:

A versão nacional de “The Only Way Out” tem dois formatos: Digipack e Jewelcase, à escolha do cliente.

Versão Digipack

Ambas estão dentro de um slipcase preto, que reforça a aura Funeral Doom Metal da banda, e isso sem falar no adesivo, sendo estes exclusivos da versão brasileira. E o encarte, como de praxe da Cold Art Industry Records, é feito em papel envernizado.

Versão Jewelcase



Destaques musicais:

“The Only Way Out” apresenta aos fãs cinco ótimos cânticos fúnebres, todos com longas durações (exceto “Outro”, com seus quase cinco minutos).

“Be Humane” abre o disco, transitando entre partes fúnebres, momentos atmosféricos e “inserts” brutais (onde ótimos vocais urrados surgem mesmo nas partes mais brandas, e mostrando ótimo trabalho em termos de riffs), seguida pelo cortejo funerário de “Look in the Mirror” (o baixo se sobressai bastante nas partes mais lentas do início). Em “Become the God”, novamente o contraste de partes soturnas e momentos brutais é evidente (inclusive há gritos rasgados bem semelhantes aos de Dani Filth em alguns momentos). E mesmo com momentos agressivos, impera a introspecção melancólica em “The Only Way Out”, onde as guitarras estão ótimas. E “Outro”, como o nome já deixa claro, é apenas um encerramento instrumental.

E sim, “The Only Way Out” é um disco ótimo, que tende a agradar fãs de vários subgêneros de Metal, embora a assimilação de primeira não seja tão fácil.


Conclusão:

O FUNERAL TEARS tem uma carreira sólida, como “The Only Way Out” mostra, e assim, merece ter seus outros trabalhos lançados no Brasil.


Nota: 9,0/10,0


Look in the Mirror

ROTTING CHRIST - Theogonia (RELANÇAMENTO)


Ano: 2007 (Original) / 2019 (Relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. ΧΑΟΣ ΓΕΝΕΤΟ (The Sign of Prime Creation)
2. Keravnos Kivernitos
3. Nemecic
4. Enuma Elish
5. Phobos’ Synagogue
6. Gaia Tellus
7. Rege Diabolicus
8. He, the Aethyr
9. Helios Hyperion
10. Threnody


Banda:


Sakis Tolis - Vocais, Guitarras, Teclados
Themis Tolis - Bateria
Andreas Lagios - Baixo


Ficha Técnica:

Sakis Tolis - Produção, Mixagem, Masterização
Aris Christou - Engenharia de Som, Mixagem
Magia - Vocais em “Nemecic”
Giorgos Bokos - Guitarra solo em “Helios Hyperion”
Christos Antoniou - Arranjos de corais
Douglas Silva - Artwork


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Falar do ROTTING CHRIST, mesmo em perspectiva, é falar de uma história cheia de transições musicais e mudanças, pois a rigor, cada disco do grupo apresenta algo diferente do anterior. Mas sempre de autenticidade e fidelidade às raízes.

Desde sua fundação em 1984 (quando ainda se chamava BLACK CHURCH) até o ano de 2007, a banda teve uma fase inicial mais crua e soturna (que compreende obras como “Thy Mighty Contract” de 1993 e “Non Serviam” de 1994), passando pelo refinamento musical e de qualidade sonora (na fase que compreende “Triarchy of the Lost Lovers” de 1996, “A Dead Poem” de 1997), a modernização a algo que fosse melódico, soturno e com leves toques de Doom/Gótico (“Sleep of the Angels” de 1999), e a tentativa de voltar a soar mais brutal e seco do passado, sem esquecer o refinamento melódico (que se ouve em “Khronos” de 2000, “Genesis” de 2002, e “Sanctus Diavolos” de 2004). Logo, o que poderia acontecer depois disso tudo?

A resposta veio em 2007, após 3 anos de sumiço: o quarteto ressurge do silêncio em uma nova gravadora, com uma nova formação, e finalmente, um novo disco, “Theogonia”. E que a Cold Art Industry Records acaba de relançar em uma versão luxuosa no Brasil.


Análise geral:

Com todas essas transições, o que “Theogonia” tem para mostrar, afinal de contas?

Basicamente, é o início de uma fase onde o grupo mostra uma faceta mais épica, grandiosa, com certa influência étnica mediterrânea (como se percebe na maior presença da língua grega em suas letras em relação, e mesmo no uso de latim em alguns momentos), mas mantendo seu som característico e já lapidado pela experiência. Aliás, nada disso chega a ser absurdo, pois este é um disco conceitual. Sim, “Theogonia” (que significa “A Genealogia ou Nascimento dos Deuses”) é baseado no poema de mesmo nome, e é uma obra de Hesíodo (poeta grego que viveu entre os séculos 8 e 7 Antes de Cristo, tendo sido contemporâneo de Homero).

Hesíodo
Mas cuidado: apesar de soar claro e bem definido, existem canções aqui que poderiam estar em qualquer disco anterior da banda, e por isso, “Theogonia” é consensual com o passado, mas já mostra sinais do que viria mais adiante.

Mais uma característica interessante que é quase que subjetiva aos sentidos: “Theogonia” é o disco do grupo que mais soa espontâneo. É quase como se a pausa de três anos tivesse revigorado as idéias.


Arranjos/composições:

Eis onde “Theogonia” faz a diferença.

Aparentemente, os 3 anos sem novos trabalhos parecem ter recarregado as baterias da banda, e assim, se percebe que há um esmero, uma riqueza de arranjos musical ainda maior que no passado, sem contar que o talento em termos de mudanças de ritmo e a adição de corais e elementos étnicos ajudou demais a música da banda. Mas como dito acima, eles não perderam o tino de fazer algo mais fúnebre e atmosférico.

Um dos pontos mais fortes: a orientação quase que total das melodias para as guitarras, deixando os teclados bem mais na parte de ambientação. Isso permitiu que o grupo (nessa encarnação como um quarteto) pudesse reproduzir mais facilmente o que fizeram em estúdio.


Qualidade sonora:

O ponto que a banda mostrou que estava disposta a mudanças radicais, ousaram e ganharam o jogo.

Sakis fez a produção, mixagem (onde Aris Christou ajudou) masterização de uma forma não usual ao Black Metal. No fundo, pode se notar muita influência de Classic Rock/Hard Rock na sonoridade, o que dá a “Theogonia” uma ambientação clássica, mas com os timbres dos instrumentos (especialmente das guitarras) bem limpos e agressivos. Basicamente, soa orgânico, mas poderoso, pesado e sinistro.

Aliás, é um dos pontos mais inovadores, já que fizeram algo à moda deles, e não seguindo padrões.

Bem, pioneiros como são, não é de se espantar.


Arte gráfica/capa:

É uma lindeza.


Neste relançamento, a Cold Art Industry Records caprichou demais.

Primeiro de tudo, a arte é totalmente nova, bem mais bonita que a original. E tudo em um Digipack lindo e bem feito, e todo em um papel especial muito resistente (em especial para os cupins de encartes da vida), um lindo pôster e um slipcase caprichadíssimo.

Ainda existe uma versão deluxe com caixinha de madeira, adesivo e palheta da banda.

Versão deluxe

Destaques musicais:

É até desnecessário dizer que “Theogonia” é mais uma obra-prima do grupo. Agora, para quem estava acostumado com o que eles fizeram até este disco, leva um tempo para se acostumar por causa da sonoridade.

De cara, duas pedradas lindas: “ΧΑΟΣ ΓΕΝΕΤΟ (The Sign of Prime Creation)” (veloz e climatic, é uma faixa até simples em termos de arranjos) e “Keravnos Kivernitos” (cheia de guitarras dobradas e riffs memoráveis, refrão marcante e boas mudanças de andamentos, e cujo título em grego fica “ΚΕΡΑΥΝΌΣ ΚΥΒΕΡΝΗΤΟΣ” e significa “senhor do relâmpago”, uma alusão a Zeus). Depois, diferente da ordem original, vem a clássica “Nemecic”, introduzida por teclados, com vocais em corais muito bons, andamento mais cadenciado que permite que as melodias sejam bem claras aos ouvidos, e que trabalho de primeira de baixo e bateria (fora alguns teclados fazendo efeitos étnicos interessantes). “Enuma Elish” é outra canção veloz e marcante, com corais muito bem sacados, enquanto “Phobos’ Synagogue” é um pouco mais lenta, mas com um impacto pesado de primeira, deixando aquele feeling à lá “Non Serviam” bem claro aos ouvidos (embora atualizado). E “Gaia Tellus” segue a tendência de soar mais cadenciada e climática, sem ser veloz e com vocais vorazes. A curta “Rege Diabolicus” nem chega aos 3 minutos, logo, fica claro que o enfoque é na rapidez agressiva e bem arranjada do grupo (reparem bem nas guitarras), fora a força “rhythmic piledriving” de baixo e bateria. Mais uma torrente de energia intensa temperada com arranjos instrumentais excelentes é mostrada em “He, the Aethyr”, que tem momentos bem atmosféricos que lembram o passado mais sujo da banda, e que solo de guitarra mais bem encaixado (logo, não é à toa que ficou anos no setlist de shows). Carregada em termos de melodias soturnas, mas com uma pegada mais veloz e vocais com efeitos, vem “Helios Hyperion”, mas com aquela vibe “Greek Black Metal” com arranjos que vão direto ao coração. E fechando, “Threnody” começa com um jeito mais Epic Black Metal, com um andamento não muito veloz, focado em algo que transita entre o tétrico e o melancólico.


Conclusão:

O que se pode aferir: na época, “Theogonia” representava o renascimento do ROTTING CHRIST em uma nova encarnação, que é consensual com o passado, e revigorada para o futuro.

No mais, são apenas 300 cópias, logo, corram atrás das suas, antes que fiquem chupando o dedo!


Nota: 10,0/10,0


Keravnos Kivernitos



Enuma Elish



Threnody