segunda-feira, 21 de outubro de 2019

GUILHERME COSTA - Light of Revelations


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Fight Against Myself 
2. Bloody Wars
3. Inside my Mind
4. Rising Star 
5. The Sound of Hope
6. A Invitation to the Soul
7. Light of Revelations
8. Homeland
9. Come On and Play (bônus)
10. The Beginning of a Journey (bônus)
11. The King’s Last Speech (bônus)


Banda:


Guilherme Costa - Guitarras, Baixo, Bateria, Teclados


Ficha Técnica:

Gus Monsanto - Produção, Vocais em “Fight Agaisnt Myself” e “Light of Revelation”
Celo Oliveira - Produção
Jefferson Gonçalves - Vocais em “Rising Star”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Alguns guitarristas percebem que, para alcançar um público mais amplo, é necessário se expressar não apenas com seis cordas. Infelizmente, salvo raros casos, poucos “guitar orientated albums” conseguem alcançar ouvintes que não sejam outros guitarristas. É um meio musical difícil de penetrar, mas não impossível.

E nisso, o guitarrista GUILHERME COSTA mostra-se um nome e tanto, pois seu mais recente trabalho, o álbum “Light of Revelations” foge às regras.


Análise geral:

O que existe no CD é uma mistura de temas instrumentais e alguns cantados, logo, consegue fundi o que há de melhor dos dois mundos: quem é um ouvinte comum vai gostar do que é exibido nas faixas cantadas (e mesmo nas instrumentais), e quem gosta de apreciar o aspecto técnico das seis cordas vai gostar, pois o estilo de Guilherme é bem versátil.

Além disso, a expressividade musical da guitarra foge à regra ‘ótimo para guitarristas, chato para ouvintes comuns’. Longe de ser meramente um guitarrista de Metal e Rock, há um evidente jeitão Fusion Rock evidente, e um toque eclético interessante (como a ambientação ‘noir’ de “Inside my Mind”).

Traduzindo: é um disco que satisfará a todos, sem exceção.


Arranjos/composições:

Como um guitarrista com boa formação acadêmica (Guilherme é formado em Licenciatura em Educação Musical Escolar pela UEMG), o que se houve em termos musicais é um estilo de tocar sólido e cheio de ‘feeling’, totalmente focado em criar boas composições, e não aulas de ‘shreds’ para exercitar egos inflados. E não seria nenhum pecado dizer que “Light of Revelation” tende a ir de encontro ao gosto musical de muitos. Rock, Blues, Pop, Jazz, Metal, tem de tudo um pouco, mas sempre de forma coesa.

Além disso, é interessante como as canções são bem arranjadas, proporcionando passagens dinâmicas e outras que se agarram aos ouvidos. Sim, algo tão encolvente que dá vontade de ouvir 10, 20 vezes seguidas.


Qualidade sonora:

Gus Montsanto e Celo Oliveira produziram o disco no Dalva 1 Studios, em Niterói (RJ). E mesmo para os mais exigentes e catadores de piolhos (ou seja, aqueles que adoram analisar a sonoridade de um disco ponto a ponto) não terão do que reclamar: a sonoridade é forte, vigorosa e pesada, mas clara e muito inteligível.

Poderia ser melhor? Sim, mas já está ótima.


Arte gráfica/capa:

A colaboração entre Bruno Bavose (fotografia) e a Ana Morais (artista gráfico) criou uma capa interessante, que pode ser uma representação dos contrastes dos sentimentos humanos, da inconstância que nos permeia.


Destaques musicais:

Com maior tempo para expor suas ideias em forma de música, Guilherme acertou a mão, fazendo de “Light of Revelation” uma experiência ótima.

“Fight Against Myself” é pesada e cantada, permeada por um feeling melodioso e moderno, e cheia de energia, enquanto a instrumental “Bloody Wars” já tem um jeito mais Metal (não é de estranhar um jeitão meio Maiden nas guitarras dobradas). Já “Inside my Mind” (outra faixa instrumental) mostra um clima bem ‘boate noir’, com um jeito mais melancólico. As belíssimas melodias de “Rising Star” (mais uma cantada) são comoventes, justamente porque há contrastes de partes limpas e distorcidas. Um Hard com toques Prog Metal instrumental e pegajoso é o que se tem em “The Sound of Hope”, enquanto algo mais Folk/acústico e aconchegante dá as caras em “A Invitation to the Soul”. Mais pesada e voltada ao Power Metal sinfônico é “Light of Revelations”, outra cantada, e que tende a conquistar os ouvintes por suas melodias. Agora, todo o lado Fusion Rock do disco surge em “Homeland”, ou seja, surge a fluência técnica minimalista nos arranjos de guitarras, mas que não sobrecarregam os sentidos (inclusive se percebem ‘inserts’ de música brasileira aqui e ali).

Na versão física do disco, ainda existem 3 bônus: as canções do EP “Come On and Play”, que são a própria faixa-título, “The Beginning of a Journey” e “The King’s Last Speech”, justamente um presente para quem não conseguiu o EP.


Conclusão:

O jeito mais simples e acessível aos que não são fãs de discos para guitarristas de “Light of Revelation” é uma grata surpresa, e mostra que GUILHERME COSTA é um artista impressionante, que merece espaço em qualquer coleção de discos que se preze.


Nota: 8,6/10,0

Fight Against Myself

terça-feira, 1 de outubro de 2019

FUNERAL TEARS - The Only Way Out


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Be Humane
2. Look in the Mirror
3. Become the God
4. The Only Way Out
5. Outro


Banda:


Nikolay Seredov - Todos os instrumentos, Vocais


Ficha Técnica:

Nikolay Seredov - Masterização
Mayhem Project Design - Arte da Capa, Design


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Desde que o Doom Metal foi semeado pelo BLACK SABBATH com “Master of Reality” em 1971, aprimorado por nomes como SAINT VITUS, WITCHFINDER GENERAL, TROUBLE e outros, muita água rolou embaixo da ponte em relação ao gênero.

Nos anos 80, o CANDLEMASS trouxe uma estética mais elegante ao azedume constante do Doom Metal, enquanto PARADISE LOST e MY DYING BRIDE começaram a construir os subgêneros extremos do estilo. Nisso, ainda no início dos anos 90, surge o Funeral Doom Metal, que pode ser descrito como a mistura do Doom Metal (ou do Doom Death Metal) com a tristeza sombria e melancólica de hinos fúnebres, pois os tempos ainda mais lentos que na vertente clássica, combinada a ambientações extremamente tristes e um peso avassalador, é algo bem diferente, tanto que pode ser intragável aos fãs com visões mais conservadoras. E pode ser dizer que a força de “The Only Way Out”, quarto disco da “one man band” russa FUNERAL TEARS, só pode ser plenamente compreendida pelos conhecedores do gênero. E a Cold Art Industry Records colocou nas lojas a versão nacional do disco.


Análise geral:

Só pela descrição acima, fica claro que “The Only Way Out” é um disco de Funeral Doom Metal que transita entre momentos melodiosos cheios de melancolia, e alguns momentos mais extremos. E é incrível perceber que essa atmosfera soturna e fúnebre pode soar elegante e terna aos ouvidos, mas sempre tendo em vista que partes brutais e lentas virão.

O interessante é que nesta escola, o trabalho de Nikolay Seredov (a mente por trás da banda) é realmente rico e diversificado, algo não tão comum assim. Dessa forma, este disco tem muito a oferecer.


Arranjos/composições:

O trabalho do FUNERAL TEARS é baseado em contrastes de luz e sombra, uma expressão simples para descrever um trabalho recheado de arranjos musicais de ótima qualidade, seja nas partes lentas e fúnebres como naquelas mais agressivas. E é outro ponto interessante: não há uma inclinação a obedecer regras impostas, a música é guiada apenas pela espontaneidade.

Sim, é bem espontâneo o que se ouve aqui, livre de concepções do tipo “tem que ser desse jeito”, pois os arranjos não são comuns. É Funeral Doom Metal, só mais rico musicalmente do que se costuma ouvir nessa vertente.


Qualidade sonora:

A produção sonora de “The Only Way Out” busca algo limpo na medida certa, apenas o suficiente para que a força extrema e orgânica de sua música surja em sua totalidade. Sim, é os instrumentos podem ser ouvidos separadamente sem esforços, mas o efeito geral do que se ouve é algo fúnebre, com aquela sensação de estar caminhando em meio à uma floresta queimada sob um céu totalmente cinzento com uma chuva fina de congelar os ossos. Óbvio que esta seria uma descrição do que a sonoridade é, embora o mais correto seria: claro, mas orgânico.


Arte gráfica/capa:

A versão nacional de “The Only Way Out” tem dois formatos: Digipack e Jewelcase, à escolha do cliente.

Versão Digipack

Ambas estão dentro de um slipcase preto, que reforça a aura Funeral Doom Metal da banda, e isso sem falar no adesivo, sendo estes exclusivos da versão brasileira. E o encarte, como de praxe da Cold Art Industry Records, é feito em papel envernizado.

Versão Jewelcase



Destaques musicais:

“The Only Way Out” apresenta aos fãs cinco ótimos cânticos fúnebres, todos com longas durações (exceto “Outro”, com seus quase cinco minutos).

“Be Humane” abre o disco, transitando entre partes fúnebres, momentos atmosféricos e “inserts” brutais (onde ótimos vocais urrados surgem mesmo nas partes mais brandas, e mostrando ótimo trabalho em termos de riffs), seguida pelo cortejo funerário de “Look in the Mirror” (o baixo se sobressai bastante nas partes mais lentas do início). Em “Become the God”, novamente o contraste de partes soturnas e momentos brutais é evidente (inclusive há gritos rasgados bem semelhantes aos de Dani Filth em alguns momentos). E mesmo com momentos agressivos, impera a introspecção melancólica em “The Only Way Out”, onde as guitarras estão ótimas. E “Outro”, como o nome já deixa claro, é apenas um encerramento instrumental.

E sim, “The Only Way Out” é um disco ótimo, que tende a agradar fãs de vários subgêneros de Metal, embora a assimilação de primeira não seja tão fácil.


Conclusão:

O FUNERAL TEARS tem uma carreira sólida, como “The Only Way Out” mostra, e assim, merece ter seus outros trabalhos lançados no Brasil.


Nota: 9,0/10,0


Look in the Mirror

ROTTING CHRIST - Theogonia (RELANÇAMENTO)


Ano: 2007 (Original) / 2019 (Relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. ΧΑΟΣ ΓΕΝΕΤΟ (The Sign of Prime Creation)
2. Keravnos Kivernitos
3. Nemecic
4. Enuma Elish
5. Phobos’ Synagogue
6. Gaia Tellus
7. Rege Diabolicus
8. He, the Aethyr
9. Helios Hyperion
10. Threnody


Banda:


Sakis Tolis - Vocais, Guitarras, Teclados
Themis Tolis - Bateria
Andreas Lagios - Baixo


Ficha Técnica:

Sakis Tolis - Produção, Mixagem, Masterização
Aris Christou - Engenharia de Som, Mixagem
Magia - Vocais em “Nemecic”
Giorgos Bokos - Guitarra solo em “Helios Hyperion”
Christos Antoniou - Arranjos de corais
Douglas Silva - Artwork


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Falar do ROTTING CHRIST, mesmo em perspectiva, é falar de uma história cheia de transições musicais e mudanças, pois a rigor, cada disco do grupo apresenta algo diferente do anterior. Mas sempre de autenticidade e fidelidade às raízes.

Desde sua fundação em 1984 (quando ainda se chamava BLACK CHURCH) até o ano de 2007, a banda teve uma fase inicial mais crua e soturna (que compreende obras como “Thy Mighty Contract” de 1993 e “Non Serviam” de 1994), passando pelo refinamento musical e de qualidade sonora (na fase que compreende “Triarchy of the Lost Lovers” de 1996, “A Dead Poem” de 1997), a modernização a algo que fosse melódico, soturno e com leves toques de Doom/Gótico (“Sleep of the Angels” de 1999), e a tentativa de voltar a soar mais brutal e seco do passado, sem esquecer o refinamento melódico (que se ouve em “Khronos” de 2000, “Genesis” de 2002, e “Sanctus Diavolos” de 2004). Logo, o que poderia acontecer depois disso tudo?

A resposta veio em 2007, após 3 anos de sumiço: o quarteto ressurge do silêncio em uma nova gravadora, com uma nova formação, e finalmente, um novo disco, “Theogonia”. E que a Cold Art Industry Records acaba de relançar em uma versão luxuosa no Brasil.


Análise geral:

Com todas essas transições, o que “Theogonia” tem para mostrar, afinal de contas?

Basicamente, é o início de uma fase onde o grupo mostra uma faceta mais épica, grandiosa, com certa influência étnica mediterrânea (como se percebe na maior presença da língua grega em suas letras em relação, e mesmo no uso de latim em alguns momentos), mas mantendo seu som característico e já lapidado pela experiência. Aliás, nada disso chega a ser absurdo, pois este é um disco conceitual. Sim, “Theogonia” (que significa “A Genealogia ou Nascimento dos Deuses”) é baseado no poema de mesmo nome, e é uma obra de Hesíodo (poeta grego que viveu entre os séculos 8 e 7 Antes de Cristo, tendo sido contemporâneo de Homero).

Hesíodo
Mas cuidado: apesar de soar claro e bem definido, existem canções aqui que poderiam estar em qualquer disco anterior da banda, e por isso, “Theogonia” é consensual com o passado, mas já mostra sinais do que viria mais adiante.

Mais uma característica interessante que é quase que subjetiva aos sentidos: “Theogonia” é o disco do grupo que mais soa espontâneo. É quase como se a pausa de três anos tivesse revigorado as idéias.


Arranjos/composições:

Eis onde “Theogonia” faz a diferença.

Aparentemente, os 3 anos sem novos trabalhos parecem ter recarregado as baterias da banda, e assim, se percebe que há um esmero, uma riqueza de arranjos musical ainda maior que no passado, sem contar que o talento em termos de mudanças de ritmo e a adição de corais e elementos étnicos ajudou demais a música da banda. Mas como dito acima, eles não perderam o tino de fazer algo mais fúnebre e atmosférico.

Um dos pontos mais fortes: a orientação quase que total das melodias para as guitarras, deixando os teclados bem mais na parte de ambientação. Isso permitiu que o grupo (nessa encarnação como um quarteto) pudesse reproduzir mais facilmente o que fizeram em estúdio.


Qualidade sonora:

O ponto que a banda mostrou que estava disposta a mudanças radicais, ousaram e ganharam o jogo.

Sakis fez a produção, mixagem (onde Aris Christou ajudou) masterização de uma forma não usual ao Black Metal. No fundo, pode se notar muita influência de Classic Rock/Hard Rock na sonoridade, o que dá a “Theogonia” uma ambientação clássica, mas com os timbres dos instrumentos (especialmente das guitarras) bem limpos e agressivos. Basicamente, soa orgânico, mas poderoso, pesado e sinistro.

Aliás, é um dos pontos mais inovadores, já que fizeram algo à moda deles, e não seguindo padrões.

Bem, pioneiros como são, não é de se espantar.


Arte gráfica/capa:

É uma lindeza.


Neste relançamento, a Cold Art Industry Records caprichou demais.

Primeiro de tudo, a arte é totalmente nova, bem mais bonita que a original. E tudo em um Digipack lindo e bem feito, e todo em um papel especial muito resistente (em especial para os cupins de encartes da vida), um lindo pôster e um slipcase caprichadíssimo.

Ainda existe uma versão deluxe com caixinha de madeira, adesivo e palheta da banda.

Versão deluxe

Destaques musicais:

É até desnecessário dizer que “Theogonia” é mais uma obra-prima do grupo. Agora, para quem estava acostumado com o que eles fizeram até este disco, leva um tempo para se acostumar por causa da sonoridade.

De cara, duas pedradas lindas: “ΧΑΟΣ ΓΕΝΕΤΟ (The Sign of Prime Creation)” (veloz e climatic, é uma faixa até simples em termos de arranjos) e “Keravnos Kivernitos” (cheia de guitarras dobradas e riffs memoráveis, refrão marcante e boas mudanças de andamentos, e cujo título em grego fica “ΚΕΡΑΥΝΌΣ ΚΥΒΕΡΝΗΤΟΣ” e significa “senhor do relâmpago”, uma alusão a Zeus). Depois, diferente da ordem original, vem a clássica “Nemecic”, introduzida por teclados, com vocais em corais muito bons, andamento mais cadenciado que permite que as melodias sejam bem claras aos ouvidos, e que trabalho de primeira de baixo e bateria (fora alguns teclados fazendo efeitos étnicos interessantes). “Enuma Elish” é outra canção veloz e marcante, com corais muito bem sacados, enquanto “Phobos’ Synagogue” é um pouco mais lenta, mas com um impacto pesado de primeira, deixando aquele feeling à lá “Non Serviam” bem claro aos ouvidos (embora atualizado). E “Gaia Tellus” segue a tendência de soar mais cadenciada e climática, sem ser veloz e com vocais vorazes. A curta “Rege Diabolicus” nem chega aos 3 minutos, logo, fica claro que o enfoque é na rapidez agressiva e bem arranjada do grupo (reparem bem nas guitarras), fora a força “rhythmic piledriving” de baixo e bateria. Mais uma torrente de energia intensa temperada com arranjos instrumentais excelentes é mostrada em “He, the Aethyr”, que tem momentos bem atmosféricos que lembram o passado mais sujo da banda, e que solo de guitarra mais bem encaixado (logo, não é à toa que ficou anos no setlist de shows). Carregada em termos de melodias soturnas, mas com uma pegada mais veloz e vocais com efeitos, vem “Helios Hyperion”, mas com aquela vibe “Greek Black Metal” com arranjos que vão direto ao coração. E fechando, “Threnody” começa com um jeito mais Epic Black Metal, com um andamento não muito veloz, focado em algo que transita entre o tétrico e o melancólico.


Conclusão:

O que se pode aferir: na época, “Theogonia” representava o renascimento do ROTTING CHRIST em uma nova encarnação, que é consensual com o passado, e revigorada para o futuro.

No mais, são apenas 300 cópias, logo, corram atrás das suas, antes que fiquem chupando o dedo!


Nota: 10,0/10,0


Keravnos Kivernitos



Enuma Elish



Threnody

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

OVERDOSE NUCLEAR - Overdose Nuclear


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Importado


Tracklist:

1. R’itual (Moshpit)
2. Kriatura    
3. Subversão
4. Nova Era... Velhos Terrores??!
5. 333
6. Amarga Vingança
7. Blackout
8. Overdose Nuclear


Banda:


Julio Candinho - Vocais
Marcus Goulart - Guitarras
Gustavo Albado - Baixo
Samuel Marques - Bateria


Ficha Técnica:

Hugo Silva - Produção, Mixagem
David Menezes - Masterização
Caio Caldas - Capa, Design


Contatos:

Assessoria: http://www.wargodspress.com.br (Wargods Press)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Cada vez mais, bandas e bandas têm optado pelo uso do nosso idioma (a língua portuguesa, e sem debates) para escrever suas letras. Isso pode limitar uma banda comercialmente, mas permite que ela seja compreendida pelos ouvintes. E no meio do Metal extremo, o artifício é usado há anos, sendo que alguns nomes fazem bonito demais, como o quarteto OVERDOSE NUCLEAR, de Ubatuba (SP), que fez de “Overdose Nuclear”, seu primeiro trabalho, uma gema preciosa.


Análise geral:

O grupo faz um Technical Thrash/Death Metal bem agressivo, mas com boa pegada técnica, e mesmo algumas melodias bem sacadas nas guitarras (especialmente nos solos). O mais interessante é que o grupo consegue aliar elementos do passado do Thrash/Death Metal praticado nos anos 90 com um sopro de vida e modernidade que se encaixa como uma luva na música do quarteto, inclusive com partes com toques de Groove (como pode ser ouvido em “Subversão”). E que energia agressiva que eles mostram em todo o CD.

Sim, é bom demais, e vale cada segundo de música.


Arranjos/composições:

É no momento de fazer arranjos que a banda ganha o jogo.

Como a duração de suas canções ultrapassa os 5 minutos (nenhuma das faixas do disco tem menos que isso), eles se dão o direito de ir colocando partes mais trabalhadas junto com momentos agressivos, ótimas mudanças de ritmo (pois baixo e bateria realmente fogem do feijão-com-arroz, mas sem destoar ou deixar o som “oco”), e sem que isso canse o ouvinte.

Aliás, que se diga que eles realmente exibem arranjos que não destoam um dos outros, mas que se encaixam em um quebra-cabeças de primeira, que dá gosto de ouvir mais e mais.


Qualidade sonora:

Mesmo sendo um disco totalmente independente, o capricho com a qualidade sonora salta os olhos.

Sem buscar criar algo muito limpo e definido, mas sem também usar de crueza intensa (só para querer soar Old School), o grupo consegue aliar o melhor dos mundos em seu favor. Se não está perfeito, apresenta um trabalho ótimo, pois tudo pode ser entendido sem dificuldade alguma.


Arte gráfica/capa:

O artista Caio Caldas realmente fez uma capa e um design inteligente, especialmente porque o contraste entre os tons de verde e o negro, bem como a diagramação inteligente, saltam os olhos.


Destaques musicais:

Eis o ponto chato do disco: apenas 8 canções, pois o trabalho do grupo é tão bom que o fã logo quer mais.

“R’itual (Moshpit)” é uma canção cheia de boas variações rítmicas, e boa técnica (especialmente no tocante a baixo e bateria), “Kriatura” é um convite ao moshpit insano, com um ritmo que se alterna bastante (cheio de passagens jazzísticas), e onde os vocais se sobressaem bastante. A longa e cheia de passagens rítmicas diferentes (e mesmo toques de Groove) “Subversão” é onde a banda mostra que tem como associar do passado e do presente, um “tutorial” bem feito, aliás, com guitarras muito boas. “Nova Era... Velhos Terrores??!” e “333” são canções que servem para criar contrastes, uma mais cheia de energia e adrenalina (a primeira) e a segunda mais opressiva com ritmos mais lentos (a segunda). “Amarga Vingança” já por si é repleta de contrastes de “luz e sombra”, assim como “Blackout”. E fechando, vem “Overdose Nuclear”, um mamute peso-pesado de mais de 10 minutos de duração, onde a banda transita por todos os elementos de seu jeito de fazer música, inclusive com passagens acessíveis de Rock ‘n’ Roll sujo à lá MOTÖRHEAD.

E o disco pode ser ouvido (e adquirido) nas seguintes plataformas digitais:

Deezer: https://www.deezer.com/br/artist/8658454

Conclusão:

Um grupo extremamente promissor, o OVERDOSE NUCLEAR merece aplausos, e “Overdose Nuclear” é daqueles discos que merece ter sequência!


Nota: 8,8/10,0


Kriatura

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

DISTORT - New Terror Against Greed


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Importado


Tracklist:

1. Terror Against Greed
2. Mad as a Hatter
3. Hidden Thoughts
4. Blowing Up
5. Shotgun
6. Modern Slave
7. Covering a Face
8. Thrashed Life


Banda:


Heverton Souza - Vocais
Cristiano Fusco - Guitarras, baixo


Ficha Técnica:

Heverton Souza - Produção, artwork
Cristiano Fusco - Produção
Thiago Medeiros - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria: luxpress1@gmail.com (Lux Press)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

De alguns anos para cá, vê-se “remakes” de discos famosos, ou seja, quando as bandas regravam aquilo que haviam feito no passado. Muitos trabalhos são muito bons, como a série “Thrash Anthems” do DESTRUCTION e mesmo “The Final Sign of Evil” do SODOM, mas outros parecem mero oportunismo. Mesmo o Brasil não está longe desse tipo de fenômeno, pois existem bandas que dão uma olhada no passado em busca de refazer aquilo que, devido às condições na época, poderia ter sido melhor.

Um belo exemplo de um “reboot” cheio de energia é “New Terror Agaisnt Greed”, “remake” do primeiro disco do grupo paulista DISTORT, que chega para botar as paredes para tremer.


Análise geral:

O trabalho do grupo é um Thrash Metal híbrido, que combina o peso e brutalidade da escola européia do gênero com alguns toques de Crossover dos EUA, algo híbrido entre EXODUS, TESTAMENT, DESTRUCTION e NUCLEAR ASSAULT em suas melhores fases. É preciso destacar que o grupo tem algumas melodias muito boas (como no solo de “Hidden Thoughts”), mas a agressividade opressiva chega a causar dores nos ouvidos menos acostumados.

É preciso dizer que o grupo não aglutinou influências novas ao que haviam apresentado em “Terror Against Greed”, a versão de 2008, mas ganhou potência devido ao trabalho dos vocais, que dão um toque de Death Metal às composições.

E verdade seja dita: essa nova chance dada ao material antigo ficou ótima!


Arranjos/composições:

Musicalmente, pode-se dizer que “New Terror Against Greed” vem para trazer o trabalho do grupo para os dias de hoje, mas sem perder sua pegada e energia originais. Nada disso, o grupo continua com os pés fincados em seu passado (mesmo porque o jeito da banda fazer música não perde seu charme). Algo bem óbvio lembrando que Cristiano Fusco já tocou no TORTURE SQUAD, e isso aliado Heverton Souza tem passagens pelo IMPERIUM INFERNALE, ETERNAL MALEDICTION e WARSHIPPER (além do ZOMBEERS).



Basicamente, os arranjos do grupo distam de algo super-elaborado que beire o Techno Thrash Metal, mas não é simplista. É algo equilibrado, que soa bem feito e sólido, mas sem deixar que se perca a espontaneidade ou impacto agressivo.

Outro ponto: os andamentos evitam muitas firulas, buscando a solidez e peso, mas de forma alguma são estáticos, transformando as músicas em algo reto e de um único fôlego. E por isso, certamente essas canções vão causar dores de pescoço em muitos


Qualidade sonora:

A sonoridade do disco em si é um ponto muito interessante de se observar.

Embora a banda soe clara e compreensível, existe uma óbvia busca por algo sujo e cru, para não ficar polido além do que os integrantes conceberam. E por isso, tem seu charme, sem que se percam os detalhes dos arranjos e a noção do que está sendo tocado, mas evitando algo refinado demais.

Está na justa medida, diga-se assim.


Arte gráfica/capa:

A arte gráfica foi toda refeita, utilizando ilustrações de Gustave Doré (um famoso artista francês do século XIX), usando uma analogia dos ratos com uma visão de sociedade, inclusive narrada em um texto de Rubem Alves.


Destaques musicais:

Em pouco mais de 37 minutos de duração, o DISTORT vai mostrando sua força atual e bruta ao ouvinte.

As melhores: golfada brutal de “Terror Against Greed” (as mudanças de riffs e tins de vocais ficaram ótimas, em uma canção que gruda nos ouvidos, inclusive pelo refrão bem feito), o ritmo pegajoso e intenso mostrado em “Mad as a Hatter” (como dito antes, existem mudanças de ritmo, mas não a cada 20 segundos); as palhetadas aguçadas mostradas em “Blowing Up” (ótimos riffs que grudam nos ouvidos, verdade seja dita) na trabalhada (mas não em excesso) “Shotgun”, o convite ao moshpit feito em “Modern Slave”, e a rascante “Thrashed Life” (com momento nos vocais que lembram “Zetro” Souza). Mas o disco merece ser ouvido de ponta a ponta.

Isso é Thrash Metal sujo e implacável, uma muquita bem dada. E esse disco vicia, e pode ser ouvido no Spotify: https://open.spotify.com/album/4rXzAl8Jb0IE5w82uqRYDI


Conclusão:

Pode se aferir que esse “New Terror Against Greed” é um super “boost” do DISTORT, e a banda tem muito a oferecer. Ouçam e sintam os ouvidos sendo rasgados!


Nota: 8,7/10,0


Modern Slave

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

SACRED REICH - Awakening


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Awakening
2. Divide & Conquer
3. Salvation
4. Manifest Reality
5. Killing Machine
6. Death Valley
7. Revolution
8. Something to Believe


Banda:


Phil Rind - Vocais, Baixo
Wiley Arnett - Guitarras
Joey Radziwill - Guitarras
Dave McClain - Bateria


Ficha Técnica:

Arthur Rizk - Produção
John Aquilino - Engenharia de Som, Mixagem
Maor Appelbaum - Masterização
Paul Stottler - Artwork (capa)


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

A escola de Thrash Metal norte-americana, por mais que muitos pareçam ignorar, é muito maior do que o Bay Area Thrash Metal de San Francisco ou o NYTM de Nova York. Muitas bandas vieram de outros cantos, como PANTERA de Arlington (Texas), SLAYER de Los Angeles (Califórnia), FLOTSAM AND JETSAM de Phoenix (Arizona)... São tantos nomes que não dá para citar.

No time dos que nunca conseguiram grande sucesso comercial (mas chegaram bem perto) está o quarteto SACRED REICH, de Phoenix (conterrâneos do FLOTSAM AND JETSAM). Após anos de hiato, eles retornaram por volta de 2006, e fazendo shows pelo mundo todo. E como toda volta que se preze, merecia um disco de inéditas para comemorar em grande estilo. E eis que chega “Awakening”, quinto “full length” desses matadores!


Análise geral:

Quem seguia a banda nos seus áureos tempos sabe bem qual o compromisso dessa gangue: fazer com que seu Thrash Metal duro, feroz e direto ao ponto desça goela abaixo de quem ousar encará-los.

Óbvio que os fãs se perguntarão: o disco está mais para fase inicial de “Ignorance”, onde o grupo esbarrava bastante no Hardcore, ou mais próximo a “Heal”, onde se podia perceber toques voltados ao Groove Metal em voga daqueles tempos?

Pode-se dizer que “Awakening” é quase que um compêndio da carreira da banda, com momentos mais ferozes como no início, e outros mais melodiosos como pouco antes de entrarem em seu hiato. Mas é incrível como a energia da banda está intacta, parecendo até que não existem 23 anos entre ele e “Heal”.

É um disco para dar dores de pescoço agudas!


Arranjos/composições:

O quarteto, para quem conhece, não é muito dado a criar arranjos excessivos em suas canções, nunca foram de rebuscar excessivamente o aspecto técnico. Existem sutilezas, boa técnica musical e linhas melódicas muito bem feitas (uma especialidade da banda), mas a agressividade é uma constante.

Óbvio que o refinamento dos tempos de “The American Way” e “Independent” está bem presente, moldando o som do grupo em um formato que o torna acessível aos fãs de Thrash Metal não tão brutal, mas ainda é mais suficiente para fazer as paredes tremerem!

Ah, sim: os arranjos estão ótimos, e se encaixam uns nos outros perfeitamente.


Qualidade sonora:

Arthur Rizk é quem assina a produção (e já trabalhou com nomes como UADA, CAVALERA CONSPIRACY, CIRITH UNGOL, CRO-MAGS e muitos outros), tendo John Aquilino na mixagem e Maor Appelbaum (que tem no currículo trabalhos com ANGRA, ANVIL, ARNMORED SAINT, CANDLEMASS, HALFORD e outros) fez a masterização. Ou seja, o nível de exigência foi alto em termos de qualidade sonora, criando algo que mantenha as características sonoras do grupo evidentes, mas dando-lhe uma modernizada.

Basicamente: claro em termos de timbragem instrumental (pois tudo soa agressivo, pesado e bem definido), bruto e ríspido até os ossos. Pode-se dizer que é um “update” muito bem acabado da qualidade sonora de “Independent” e “Heal”.


Arte gráfica/capa:

A capa do disco é o ponto mais “old school”: feita em apenas duas cores, o desenho vai lembrar os fãs do jeito mais despojado da banda. Mais uma vez, o mascote O.D. está de volta, pois quem fez a arte da capa é Paul Stottler, o mesmo que trabalhou com a banda em todas as capas de seus discos (tirando a de “Heal”).

Basicamente, é uma declaração que o SACRED REICH continua furioso!

SACRED REICH ao vivo (Fonte: Facebook)

Destaques musicais:

Basicamente, “Awakening” é o típico disco que, quanto mais se ouve, mais se gosta, e não se enjoa. E por isso, chega a ser sofrido destacar uma ou outra canção.

O disco abre com “Awakening”, uma pancada reta e direta, sem muitas firulas (como o que se conhece de “Ignorance”), com um refrão poderoso e ótimo trabalho de baixo e bateria, seguida da intensa e veloz “Divide & Conquer”, que mostra uma energia absurda (e que fica um pouco mais lenta no refrão, onde melodias surgem e grudam nos ouvidos). “Salvation” tem tempos um pouco mais lentos, mas com uma pegada extremamente pegajosa e com melodias evidentes (e que arsenal de riffs esses caras tem). Apesar do início e refrão lentos, “Manifest Reality” é outra incitação explícita ao moshpit, veloz e pegajosa, com elementos claros vindos do HC/Crossover norte-americano (riffs insanos e solos bem feitos presentes), enquanto aquele Thrashão mais cadenciado e pegajoso dá as caras em “Killing Machine” (como a bateria está ótima nessa música, com técnica e viradas excelentes, embora a solidez das conduções seja sua prioridade). Em uma pegada mais Hard Rock/Rock ‘n’ Roll à lá “Ask Ed” (de “Heal”) é apresentada em “Death Valley”, onde os vocais estão de primeira, com boas variações de timbre. Mais pancadaria HC/Crossover aparece de novo em “Revolution”, onde a técnica instrumental é simples (mas nada trivial), justamente fazendo-a tão pegajosa e simples de gostar. Um pouco mais melodiosa e expondo toda a carga de influências de Hard Rock e Southern Rock da banda é “Something to Believe”, onde o baixo mostra sua boa técnica, mas impossível não falar das guitarras (mais uma vez excelentes), e a bateria segura e firma.


Conclusão:

O SACRED REICH era uma das poucas bandas de seu tempo que havia retornado e ainda não havia lançado material novo. Mas “Awakening” fez cada segundo da espera valer a pena, e cujo defeito é ser curto demais!

Clássico como  “Independent” ou “The American Way”? Só o tempo pode responder a esta pergunta, mas é fato que este é mais um ótimo disco do quarteto.

Hey, Phil, Wiley, Joey, Dave: we want to hear more of you as soon as possible!!!


Nota: 9,3/10,0


Awakening



Manifest Reality



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