sexta-feira, 23 de março de 2018

CORROSION OF CONFORMITY: vindo para corroer a conformidade na América do Sul




Por Marcos Garcia

O nome do CORROSION OF CONFORMITY é bem conhecido de fãs mais velho de Metal. Nos anos 80, o “Mix” de Hardcore com Thrash Metal colocou a banda como um dos pioneiros do Crossover. E nos anos 90, eles se tornaram um dos nomes mais fortes no cenário Stoner/Sludge Metal. E após alguns anos de hito, eles estão de volta, lançando discos e fazendo turnês. Agora, eles estão libertando sua fúria musical com “No Cross No Crown”, Seu mais recente álbum. E eles estão vindo para a América do Sul, e tivemos a oportunidade de entrevistar a banda para o Heavy Metal Thunder.

E pouco depois dessa entrevista, ficamos sabendo que a dobradinha entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil disponibilizará uma versão nacional para “No Cross No Crown”. 




MG: Antes de tudo, queria agradecer pela oportunidade. Então, vamos começar: por que levaram 4 anos depois de “IX” para lançarem “No Cross No Crown”? 

Woodroe Weatherman: Obrigado pelo tem e por nos dar uma palavra ou duas daí do Brasil. Digo que uma vez que voltamos a ser um quarteto, já estávamos viajando e tocando por alguns anos, e etc, antes que fosse a hora certa para começar a pensar em outro álbum. Só queríamos ter certeza de que o álbum foi feito da maneira certa.


MG: Sei que já deve estar cheio de responder esta mesma questão, mas o que fez Pepper Keenan voltar à banda, e como as coisas estão funcionando com ele? E ele fez contribuições no processo de composição de “No Cross No Crown”? 

Woodroe: Estivemos conversando sobre o assunto por algum tempo, e sabíamos que era o momento certo, e todos nos sentimos bem sobre quando isso aconteceria. E sim, todos nós contribuímos para o novo álbum. Ter Pepper de volta adicionou outra dinâmica, e tem sido incrível poder tocar de novo algumas músicas de álbuns como “Wiseblood”, “Deliverance”, “America’s Volume Dealer”, etc. É muito divertido tocar elas ao vivo, e foi essa a inspiração que nos levou a escrever as novas músicas de “No Cross No Crown”.


Woodrue Weatherman (esquerda)
e Pepper Keenan (direita).
MG: Em uma das resenhas que escrevi para outro site onde colaboro, fui eu quem escreveu a resenha de “IX”. A ideia que tive na época foi que vocês estavam fazendo uma mistura de tudo que já tocaram, preservando a essência Hardcore, mas sem negar a evolução Sludge/Stoner. E ouvindo “No Cross No Crown”, tive essa mesma sensação, mas com as canções soando melhor, fluindo com melodias mais apuradas e melhores. Isso nos leva a pensar que não houve pressões para o C.O.C. lançar “No Cross No Crown”, certo?

Woodroe: Eu diria que você mandou bem aqui. Para mim, o que estamos fazendo agora é uma mistura de tudo o que fizemos antes, incluindo as coisas do passado. Felizmente, não havia pressão para lançar esse material novo em qualquer agenda, exatamente como queríamos. A banda foi capaz de ter o tempo que quisemos para fazer o disco do jeito que queríamos.

MG: Vocês trabalharam mais uma vez com John Custer na produção. E ele trabalha com vocês desde a época de “Blind”. Isso significa que estão satisfeitos com o trabalho dele, óbvio, mas existe outro motivo para tê-lo com vocês por tanto tempo? Não quero falar em tempo, pois vão nos chamar de velhos, mas estamos falando de uma parceria de quase 30 anos...

Woodroe: Ha, ha, sim já faz algum tempo. John é um produtor muito descontraído, eu diria. Ele nos dá muito espaço para construir as coisas e entrar em acordo com ideias como desejamos que elas sejam. Ele mesmo é um guitarrista e músico fantástico guitarrista e músico. Sabe muito sobre acordes, progressões, timing etc. E sempre tem várias ideias para dar quando estamos em um beco sem saída. Adoro trabalhar com ele, com certeza.


Mike Dean
MG: Uma curiosidade pessoal: porque usaram o visual de um velho disco de vinil para a capa de “No Cross No Crown”? Existe uma motivação para isso? Para mim, parece que vocês sentem saudades dos velhos tempos, estou certo?

Woodroe: Estou realmente feliz que o vinil tenha retornado anos mais recentes, e nos dá a chance de termos uma grande pintura na arte dentro e fora. E o som fica ótimo nos discos.


MG: Vocês estão de casa nova agora, então, como estão as coisas estão funcionando com a Nuclear Blast Records? 

Woodroe: Não poderia estar mais feliz com esses caras. Eles fizeram um trabalho incrível até agora, e espero poder fazer mais um disco com eles quando chegar a hora. Sinto que eles entendem a importância de deixar um grupo fazer o que desejar, e ter o tempo necessário para isso.


MG: O CORROSION OF CONFORMITY é um veterano de 36, tão honesto como nos tempos de “Eye for an Eye”. Olhando para o passado, passando pelos anos 90, o que fica de lição para as novas gerações? E o que ainda resta para o C.O.C. conquistar?

Woodroe: Bem, existem bons desafios para as bandas, até mesmo para caras experientes como nós. Fazer música relevante, e permanecendo fiéis a nós mesmo é nossa maior prioridade. E podendo viajar e fazer shows é muito importante.


MG: Lembro-me de uma velha entrevista dos tempos de “Blind”, quando vocês eram politicamente engajados. E parece que o mundo deu errado, com guerras na Síria, os Direitos Humanos sendo desrespeitados por todo mundo... Vi algumas letras de “No Cross No Crown”, e a velha fúria parece estar viva. Atualmente, como enxergam essas coisas?

Reed Mullin (foto: Chris Nicholson)

Woodroe: É verdade que existem tumultos hoje como existiram no passado e existirão no futuro. E digo que falar sobre isso de uma maneira subjetiva é importante para nós. Estes temas que sinto são tocados no disco novo, mas deixando-os abertos à interpretação pessoal de cada ouvinte.


MG: Vocês estão vindo à América do Sul, e mais uma vez virão ao Brasil. Então, quais as memórias da última vez em que vieram aqui? E o que esperam dessa turnê? E o que podemos esperar do C.O.C. desta vez?

Woodrue: A banda está muito feliz por voltar ao Brasil, tentamos ir aí sempre, por isso somos gratos aos promotores por nos ajudar. As pessoas e os fãs são fantásticos, então espero que, se tudo correr bem, nós possamos voltar mais vezes.


MG: Quero agradecer pelo seu tempo e gentileza, e, por favor, deixe sua mensagem para os leitores do Heavy Metal Thunder.

Woodrue: Muito carinho aos fãs die-hard da velha escolar, e um grande “bem vindos” aos novos fãs. Obrigado pelo apoio esses anos todos.


Contatos:

http://www.nuclearblast.com/en/music/band/about/4060293.corrosion-of-conformity.html

Serviços:

12/05 - CORROSION OF CONFORMITY em São Paulo: https://www.facebook.com/events/208328369917713/

13/05 - CORROSION OF CONFORMITY no Rio de Janeiro: https://www.facebook.com/events/2115020578731329/

Veja os vídeos de divulgação de canções de “No Cross No Crown”:



The Luddite:



Cast the First Stone:



Wolf Named Crow:

quinta-feira, 22 de março de 2018

ANGRA - ØMNI



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Light of Transcendence
2. Travelers of Time
3. Black Widow’s Web
4. Insania
5. The Bottom of My Soul
6. War Horns
7. Caveman
8. Magic Mirror
9. Always More
10. ØMNI - Silence Inside
11. ØMNI - Infinite Nothing


Banda:


Fabio Lione - Vocais
Rafael Bittencourt - Guitarras
Marcelo Barbosa - Guitarras
Felipe Andreoli - Baixo
Bruno Valverde - Bateria


Ficha Técnica:

Jens Bogren - Produção, mixagem
Tony Lindgren - Masterização
Daniel Martin Diaz - Capa
Gustavo Sazes - Layout
Alession Lucatti - Teclados
Nei Medeiros - Teclados em “Insania” e “Always More”
Dedé Reis - Percussões em “Travelers in Time”, “Black Widow’s Web”, “War Horns” e “Caveman”
Wellington Sancho - Percussões em “The Bottom of My Soul”, “Magic Mirror”, “Always More”, e “Silence Inside”
Tiago Loei - Percussões em “Insania”     
Francesco Ferrini - Orquestrações
Kiko Loureiro - Guitarra solo em “War Horn”
Sandy - Vocais em “Black Widow’s Web”
Alissa White-Gluz - Vocais em “Black Widow’s Web”
Alírio Netto - Corais
Bruno “Detonator” Sutter - Corais


Contatos:

Site Oficial: http://angra.net
Bandcamp:
Google+:
Assessoria: http://hoffmanobrian.com.br/ (Hoffman & OBrian)

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Existem três bandas no Metal nacional que estão em um patamar que, nos dias de hoje, se tornaram difíceis de serem alcançadas: SEPULTURA, KRISIUN, e obviamente, o ANGRA. E no caso do último, eles vivem tendo que enfrentar renascimentos sucessivos (por conta de mudanças de formação que envolvem membros fundadores e/ou importantes), o que sempre deixa os fãs apreensivos. No caso atual, após a saída de Kiko Loureiro (que se juntou ao MEGADETH), novas instabilidades se criaram na base de fãs. Mas os fãs podem ficar tranquilos: “ØMNI”, que é disco mais recente do quinteto, e que foi lançado no Brasil pela Shinigami Records, é excelente.

No lugar de Kiko está Marcelo Barbosa, conhecido pelo trabalho com o ALMAH. O estilo da banda, aquele Power/Prog Metal melodioso, técnico e com boa noção de virtuose, além de toques de ritmos regionais (como podem ser percebidos na condução rítmica de “Travelers in Time”), continua intacto, embora não tão voltado a algo tão denso e introspectivo como “Secret Garden”. O quinteto volta a ter um clima mais positivo, pois o aspecto técnico deu um pouco mais de ênfase ao seu lado Prog, com passagens etéreas dignas de bandas de Rock Progressivo. Além disso, as linhas melódicas estão bem pegajosas, capazes de nos envolver com facilidade.

“ØMNI” nos mostra uma produção de alto nível, já que Jens Bogren (o mesmo que já trabalhou com ORPHANED LAND, MOONSPELL, AMON AMARTH, SEPULTURA e outros) assina o álbum, e ele deixou qualidade de som cristalina e pesada nas medidas certas, e assim, as linhas melódicas da banda ficaram bem evidentes. A escolha de timbres foi ótima, pois assim a música do grupo ganhou peso, mas mantendo a definição ao ponto de todos os arranjos ficarem evidentes. E a arte da capa ficou muito bem feita, antenada com a proposta musical da banda.

O quinteto mostra amadurecimento no disco novo, já que ousou mostrar alguns elementos musicais que, muitas vezes, fogem do universo do Heavy Metal, como o uso de contrastes vocais em “Black Widow’s Web” (onde Alissa White-Gluz, do ARCH ENEMY e a cantora Pop Sandy aparecem como convidadas), as belas orquestrações, e tudo o mais. Além disso, verdade seja dita: a banda vive um momento criativo e tanto.

“ØMNI” é um disco precioso, com 11 canções excelentes. E se destacam o murro Power/Prog Metal pesado de “Light of Transcendence” (que arranjos de guitarras, especialmente os duetos), os experimentalismos percussivos no início de “Travelers of Time” (um dos melhores momentos de baixo e bateria do disco inteiro), a polêmica e provocadora de mimimis chatos “Black Widow’s Web” (os vocais suaves se contrastam bem com os guturais e a voz grandiosa de Fabio, sem falar nas variações entre partes agressivas e outras mais amenas), o peso grandioso e adornado de lindos corais e orquestrações de “Insania”, a mistura de elementos regionais brasileiros e linhas melódicas carregadas de emoção na linda “The Bottom of My Soul” (uma aula de interpretação dos vocais, que com uma versatilidade de timbres excelente), a pegada Prog/Jazz de “Magic Mirror”, o jeitão melodioso quase Pop de “Always More” (que arranjos emocionantes e ternos), a diversidade pesada e melodiosa de “Silence Inside”, e a orquestral “Infinite Nothing”.

Um comentário extra sobre “Black Widow’s Web”: os fãs mais radicais não aceitam misturas, e muitos ficaram enchendo a paciência alheia sem nem entender a canção direito. MAS:

1. O Heavy Metal e suas vertentes são filhos diretos do Rock, que por si só, é fruto de uma mistura imensa de estilos musicais (inclusive Gospel norte-americano). Isso é fato, logo, seu choro radicalóide e puritano é uma contradição grosseira;

2. Tal puritanismo levou o Metal no Brasil à bancarrota financeira, com pessoas se recusando a irem a points e shows onde acabam se aborrecendo, e não aproveitando um bom momento, já que gente chata assim se recusa a manter a ignorância guardada dentro de si. Gostar ou não de uma banda, música, disco é direito de todos, mas encher a paciência não, especialmente quando sua opinião não é solicitada. Respeito é bom e todos gostam;

3. Atitudes como esta do ANGRA chamam a atenção de muitos possíveis novos fãs para o gênero, tanto que a canção foi muito bem sucedida no Spotify, um sucesso como há anos o Metal não experimenta. Isso potencializa o alcance de um estilo musical já tão combalido por palhaçadas que os fãs de Metal adoram fazer (que parecem adora dar uma de radicais e serem vistos como pessoas ridículas por tantos outros).

No mais, “ØMNI”  é o melhor disco do ANGRA em muitos anos, e os coloca de novo como uma das forças motrizes do Metal brasileiro.


Nota: 100%



terça-feira, 20 de março de 2018

Painted Black - Raging Light (2017)



Tracklist:


1. The Raging Light
2. Dead Time
3. The Living Receiver
4. Absolution Denied
5. Chamber
6. In the Heart of the Sun
7. I Am Providence
8. Almagest


Formação:


Daniel Lucas - Vocal
Luís Fazendeiro -  Guitarra e Synths
António Durães - Baixo
Gonçalo Sousa -  Guitarra
Filipe Ferreira - Live Drums


Contatos:



Texto: JP Carvalho


Sete anos separam este “Raging Light” de seus antecessor, o álbum “Cold Confort”. Talvez por esse hiato entre um trabalho e outro “Raging Light” tenha se tornado um disco longo com mais de uma hora de duração, e mesmo que o som desta banda portuguesa, tenha adquirido contornos muito mais intimistas e progressivos ainda se encontram as guitarras pesadas e aquela áurea melancólica que é característica da banda, com partes mais agressivas aqui e ali. O PAINTED BLACK certamente oferece ao ouvindo diversas sensações ao longo da audição deste trabalho, e eu, particularmente, acredito que a música deve sim, fazer emergir sensações, sejam elas quais forem.

Desde vocais limpos e intensos a guturais soturnos e pesados, bateria horas pesada e contundente, aliadas a passagens que lembram bandas de Post Rock, aliados à um trabalho de cordas primoroso certamente farão a alegria de fãs de OPETH, KATATONIA e AMORPHIS. Mesmo que ainda possa ser encontrado muito do Metal Progressivo em sua música e que soe pesado a maior parte do tempo.

Ao todo são apenas oito faixas, todas de longa duração, destaque para Almagest com seus mais de 17 minutos, que fazem deste um álbum forte e que exalta a evolução da banda, tanto como grupo, como instrumentistas individuais e que devem agradar a uma grande parcela dos headbangers pelo mundo afora, já que é diverso em seu conceito e migra facilmente por diversos elementos do Metal sem perder a originalidade á que a banda se propõe.

Relevante!



terça-feira, 13 de março de 2018

STAGMA - Stagma


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Genesis
2. Pokerface
3. Rocket Machine
4. Faces in the Mirror
5. Promise Me
6. Gates of Valhalla
7. Castaway
8. Bounty Hunter
9. Sister Sister
10. Viking Nation
11. Written in Stone
12. To Be Continued


Banda:

Rob Mancini - Vocais
Alex Santos - Guitarra base
Neil Fraser - Guitarra solo
Joe Petro - Baixo
Vinny Appice - Bateria


Ficha Técnica:

Alex Santos - Mixagem, masterização
Zacarias d’Araujo - Artwork
Simon Wright - Bateria em “Sister Sister”
Patrick Johansson - Bateria em “Viking Nation” e “Written in Stone”
Jeroen Tel - Sintetizadores, teclados em “Genesis”, “Rocket Machine”, “Gates of Valhalla” e “To Be Continued”
Dinho - Gritos em “Bounty Hunter”


Contatos:

Twitter:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Portugal é um país com um cenário musical bem diversificado. Mas para a questão do Metal, somente com o crescimento do MOONSPELL na década de 90 que as atenções do mundo se voltaram à nação pioneira das Grandes Navegações dos séculos XV e XVI. De lá para cá, muitos nomes surgiram, e é interessante ouvir um trabalho como “Stagma”, primeiro disco do quinteto STAGMA, que embora tenha raízes lusitanas, é um supergrupo internacional.

A banda nasceu de uma idéia de Alex Santos (guitarrista, prdutor musical e principal compositor do SCAR FOR LIFE), que juntou forças a Joe Petro (do HEAVEN AND EARTH), Vinny Appice (o lendário baterista de nomes como BLACK SABBATH e DIO), Neil Fraser (do TEN, RAGE OF ANGELS), e Rob Mancini (também do SCAR FOR LIFE, e do BONEYARD DOG). O estilo da banda é uma forma versátil de Heavy Metal tradicional com um enfoque sonoro moderno, que é bem agressivo, mas que não nega em momento algum sua vocação para criar melodias de fácil assimilação e refrãos bem acessíveis. Pesado, elegante e melodioso, tudo na medida certa, fora uma boa dose de energia.

Apesar de não estar criando uma nova vertente de Metal, o quinteto sabe ser criativo, verdade seja dita.

As mãos do próprio Alex Santos cuidaram da mixagem e masterização de “Stagma”, e o trabalho ficou ótimo. A sonoridade está limpa e bem cuidada, o que é essencial para compreender as melodias do grupo, embora com timbres instrumentais bem agressivos, buscando valorizar as frequências médias e graves (para dar aquela pegada moderna da qual se fala acima). Dessa forma, a sonoridade ficou de primeira, assim como a arte de Zacarias d’Araújo está muito bela, dando aquele visual que chama a atenção e que dá corpo ao som do quinteto.

Podemos dizer que “Stagma” vem para mostrar um trabalho musical diferenciado, onde a energia do Heavy Metal tradicional com um enfoque moderno se funde a influências de Hard Rock e Classic Rock para nos brindar com um trabalho esmerado. A qualidade das composições é alta, graças ao cacife dos integrantes da banda, fora os convidados que deram um toque a mais de classe ao disco.

As harmonias pegajosas e agressivas de “Pokerface” (onde os vocais estão perfeitamente assentados sobre as linhas instrumentais bem feitas, e o refrão realmente seduz o ouvinte), as linhas melódicas bem feitas e de fácil assimilação de “Rocket Machine” (as guitarras estão ótimas, verdade seja dita), o jeitão mais voltado ao Hard Rock clássico de “Faces in the Mirror”; a balada com um jeito mais introspectivo e pesado “Gates of Valhalla” (mais uma vez, as guitarras roubam a cena, com arranjos não muito complicados, mas que estão bem encaixados na proposta da canção), a dose certa de acessibilidade musical que se percebe em “Sister Sister” (onde baixo e bateria mostram-se com boa dose de peso), e as melodias de cair o queixo que são ouvidas em “Written in Stone” são os grandes momentos do álbum, embora “Stagma” seja ótimo como um todo.

Podem se viciar no STAGMA, pois a banda é excelente, e “Stagma” vem para se candidatar à revelação de 2018. E espero de coração que “To Be Continued” seja um sinal que a banda pretende seguir carreira!

Nota: 91%




sexta-feira, 9 de março de 2018

JUDAS PRIEST - Firepower



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Firepower
2. Lightning Strike
3. Evil Never Dies
4. Never the Heroes
5. Necromancer
6. Children of the Sun
7. Guardians
8. Rising from Ruins
9. Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea of Red


Banda:


Rob Halford - Vocais
Glenn Tipton - Guitarras
Richie Faulkner - Guitarras
Ian Hill - Baixo
Scott Travis - Bateria


Ficha Técnica:

Tom “Colonel” Allom - Produtor
Andy Sneap - Produtor
Mike Exeter - Engenharia
Claudio Bergamin - Artwork


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Do livro sagrado do Metal: os 3 pilares de onde todo o gênero foi criado...

No princípio, apesar dos sinais evidentes que eram dados, ninguém estava pronto. E eis que o BLACK SABBATH criou o Heavy Metal, pesado, denso e herdeiro por direito da rebeldia que o Rock ‘n’ Roll trouxe à música. Ele é o criador.

Não satisfeito, o MOTORHEAD deu início à fusão do peso e melodia do Metal com a adrenalina e velocidade do Punk Rock/Hardcore, lançando as bases das vertentes do Metal extremo. Ele é o extremista.

E o terceiro membro desse triunvirato é o JUDAS PRIEST, o modernizador, o responsável pela canonização e caracterização do Heavy Metal como ele o é, e para quem não sabe, é o pioneiro no uso de duetos de guitarra no Metal, quem trouxe para o gênero esse elemento. E sem o sermão do último, o gênero não seria o mesmo.

E mesmo com a omissão dos bangers na votação da banda para ser entronizada no Hall of Fame no ano passado (favor, tomem vergonha na cara e votem na próxima, ao invés de procurarem tretas na internet), e após longos meses de ansiedade dos fãs, que absorveram as canções liberadas para divulgação, eis que os apóstolos do Metal chegam com seu 18o disco de estúdio, “Firepower”. E como esse disco merece o nome que tem!

Antes de tudo, é preciso deixar algo claro: se está procurando inovações, ou mesmo algo diferente, pode esquecer. Em “Firepower”, o grupo aposta em seu estilo clássico. Mas se faltou um pouco mais de inspiração em seus discos anteriores, agora ela sobrou, e muito!

Sim, pois não há nada que seja excessivo ou que falta, tudo está justo em todas as canções. E como de praxe, a banda está perfeitamente entrosada: Ian Hill (baixo) e Scott Travis (bateria) estão criando uma muralha rítmica de primeira, esbanjando peso e com bom nível técnico. O experiente Glenn Tipton e o jovem Richie Faulkner estão se entendendo às mil maravilhas, com bases memoráveis, linhas melódicas preciosas, ótimos solos e duetos de encher os olhos de lágrimas de alegria. E o mestre Rob Halford mostra que, diferente de tantos, o tempo o ensina a cada dia, pois como sabe usar bem timbres diferentes de sua voz (só o que ele faz em “Lightning Strike” merece uma entronização).

Ou seja: “Firepower” na nasceu clássico, e é de longe o melhor disco da banda desde “Painkiller”.

Tanta inspiração necessitava mãos experientes para lapidar o que o quinteto estava criando musicalmente. E unindo o novo ao antigo, estão o experiente Tom “Colonel” Allom (sim, o mesmo que produziu clássicos como “British Steel”, “Screaming for Vengeance” e “Defenders of the Faith”) e o mago Andy Sneap (que já trabalhou com TESTAMENT, ARCH ENEMY, ACCEPT, CRADLE OF FILTH, AMON AMARTH, SAXON, entre outros tantos). Tudo para que o lado musical mais clássico do grupo pudesse ter uma sonoridade moderna, agressiva e poderosa. E nisso eles quebram mais uma barreira, mostrando que o Metal clássico pode ter os benefícios da modernidade sem perder sua essência (e para os haters que andam por aí, a frase “não gosto” não serve como parâmetro para nada, logo, melhor ficarem quietos a passar vergonha). E até mesmo a bela capa transpira os elementos mais conhecidos da banda, remetendo diretamente à tríade “Screaming for Vengeance”, “Defenders of the Faith” e “Turbo”.

Refrões que não saem da cabeça, riffs inesquecíveis, solos e duetos fantásticos, solidez e técnica na base rítmica. Esses são os elementos que as canções de “Firepower” nos mostram, elementos que são bem conhecidos por todos no trabalho do quinteto. Mas a artilharia pesada do JUDAS PRIEST raramente esteve tão inspirada. O fogo é pesado, e eles vieram para ensinar que ainda são senhores no que fazem, que ainda possuem vontade de aço de exercerem sua liderança e mostrar como se faz Metal em alto nível e de alta qualidade, sem essa de viver de passado.

Musicalmente, “Firepower” possui 14 gemas preciosas que vieram para marcar o domínio da banda. É um disco irrepreensível, cheio de energia, mostrando que a velha chama ainda arde poderosa.

O disco abre com “Firepower”, uma faixa com um jeitão clássico, mas com excelente condução rítmica (como Ian e Scott fazem a diferença na técnica e equilíbrio de peso e melodia), seguida da maravilhosa “Lightning Strike”, uma chicotada de energia absurda, onde Rob mostra como é inimitável em suas variações de timbre (o Metal God realmente aparenta aprender mais e mais sobre sua voz, e usa-a muito bem). Já “Evil Never Dies” é uma canção mais cadenciada, pesada e com aquela raçuda que nos agarra (e que solos marcantes, onde Glenn e Richie mostram-se complementares um do outro). Igualmente refreada (mais um pouco mais melodiosa) é “Never the Heroes”, cujo ritmo nos leva a balançar a cabeça, mesmo em suas partes mais limpas. É dada uma amostra de peso e bom gosto em “Necromancer”, com suas harmonias pesadas e simples, assim como se ouve também em “Children of the Sun” (que refrão!). Uma curta instrumental se segue, “Guardians”, onde pianos, teclados e guitarras, preparando os fãs para o arregaço melodioso de “Rising from Ruins”, que por sua alternância entre momentos introspectivos e limpos com passagens pesadas. O peso moderno da produção dá peso à levada mais Hard Rock de “Flame Thrower”, cuja simplicidade mostra como se pode ser genial sem ser complicado (e que belo trabalho mais uma vez da base rítmica). Vinda para esmagar os tímpanos alheios por seu jeito cadenciado e pesado, “Spectre” é outra em que a cabeça balança sozinha, e que mostra arranjos excelentes de guitarras, mesmos elementos apresentados na diversificada “Traitors Gate” (embora esta possua maior dinamismo entre o instrumental e os vocais, e belos duetos das seis cordas). E por falar em modernidade e dinâmica, elas se mixam ao jeitão mais tradicional de “No Surrender” (outra que possui certa acessibilidade musical, mas em que os vocais dão um show, fora esse refrão que gruda na mente). O peso bate-estaca lento de “Lone Wolf” é extremamente sedutor, já que o refrão é bem marcante, e as guitarras despejam riffs de primeira (e que duetos). E para encerrar essa obra-prima, vem “Sea of Red”, uma balada que até a metade é toda em guitarras limpas, permitindo que a versatilidade de Richie e Glenn (especialmente nos solos), mas é impossível não bater palmas para o trabalho peso-pesado de Ian e Scott nas partes mais pesadas, enquanto Rob usa um enfoque mais simples e normal de sua voz.

Infelizmente, é fato que o guitarrista e membro fundador Glenn Tipton deve ter gravado seu último disco, já que foi diagnosticado com Mal de Parkinson, e Andy Sneap tem tocado suas partes ao vivo. E isso tem causado especulações se a banda não encerrará suas atividades depois do último show da turnê.

Seja como for, “Firepower” mostra que o JUDAS PRIEST, se parar, encerra sua carreira de forma magistral; se decidirem continuar, nos mostra que o JUDAS PRIEST ainda tem muita lenha para queimar, e muitas lições a dar aos novatos sobre como ser relevante e se atualizar sem perder seu próprio estilo.

E este autor endossa o coro de muitos fãs e colegas de imprensa: “Firepower” estará no topo da lista dos melhores de 2018, se não for O Melhor disco do ano.

Nota: 100+%