sexta-feira, 9 de março de 2018

JUDAS PRIEST - Firepower



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Firepower
2. Lightning Strike
3. Evil Never Dies
4. Never the Heroes
5. Necromancer
6. Children of the Sun
7. Guardians
8. Rising from Ruins
9. Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea of Red


Banda:


Rob Halford - Vocais
Glenn Tipton - Guitarras
Richie Faulkner - Guitarras
Ian Hill - Baixo
Scott Travis - Bateria


Ficha Técnica:

Tom “Colonel” Allom - Produtor
Andy Sneap - Produtor
Mike Exeter - Engenharia
Claudio Bergamin - Artwork


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Do livro sagrado do Metal: os 3 pilares de onde todo o gênero foi criado...

No princípio, apesar dos sinais evidentes que eram dados, ninguém estava pronto. E eis que o BLACK SABBATH criou o Heavy Metal, pesado, denso e herdeiro por direito da rebeldia que o Rock ‘n’ Roll trouxe à música. Ele é o criador.

Não satisfeito, o MOTORHEAD deu início à fusão do peso e melodia do Metal com a adrenalina e velocidade do Punk Rock/Hardcore, lançando as bases das vertentes do Metal extremo. Ele é o extremista.

E o terceiro membro desse triunvirato é o JUDAS PRIEST, o modernizador, o responsável pela canonização e caracterização do Heavy Metal como ele o é, e para quem não sabe, é o pioneiro no uso de duetos de guitarra no Metal, quem trouxe para o gênero esse elemento. E sem o sermão do último, o gênero não seria o mesmo.

E mesmo com a omissão dos bangers na votação da banda para ser entronizada no Hall of Fame no ano passado (favor, tomem vergonha na cara e votem na próxima, ao invés de procurarem tretas na internet), e após longos meses de ansiedade dos fãs, que absorveram as canções liberadas para divulgação, eis que os apóstolos do Metal chegam com seu 18o disco de estúdio, “Firepower”. E como esse disco merece o nome que tem!

Antes de tudo, é preciso deixar algo claro: se está procurando inovações, ou mesmo algo diferente, pode esquecer. Em “Firepower”, o grupo aposta em seu estilo clássico. Mas se faltou um pouco mais de inspiração em seus discos anteriores, agora ela sobrou, e muito!

Sim, pois não há nada que seja excessivo ou que falta, tudo está justo em todas as canções. E como de praxe, a banda está perfeitamente entrosada: Ian Hill (baixo) e Scott Travis (bateria) estão criando uma muralha rítmica de primeira, esbanjando peso e com bom nível técnico. O experiente Glenn Tipton e o jovem Richie Faulkner estão se entendendo às mil maravilhas, com bases memoráveis, linhas melódicas preciosas, ótimos solos e duetos de encher os olhos de lágrimas de alegria. E o mestre Rob Halford mostra que, diferente de tantos, o tempo o ensina a cada dia, pois como sabe usar bem timbres diferentes de sua voz (só o que ele faz em “Lightning Strike” merece uma entronização).

Ou seja: “Firepower” na nasceu clássico, e é de longe o melhor disco da banda desde “Painkiller”.

Tanta inspiração necessitava mãos experientes para lapidar o que o quinteto estava criando musicalmente. E unindo o novo ao antigo, estão o experiente Tom “Colonel” Allom (sim, o mesmo que produziu clássicos como “British Steel”, “Screaming for Vengeance” e “Defenders of the Faith”) e o mago Andy Sneap (que já trabalhou com TESTAMENT, ARCH ENEMY, ACCEPT, CRADLE OF FILTH, AMON AMARTH, SAXON, entre outros tantos). Tudo para que o lado musical mais clássico do grupo pudesse ter uma sonoridade moderna, agressiva e poderosa. E nisso eles quebram mais uma barreira, mostrando que o Metal clássico pode ter os benefícios da modernidade sem perder sua essência (e para os haters que andam por aí, a frase “não gosto” não serve como parâmetro para nada, logo, melhor ficarem quietos a passar vergonha). E até mesmo a bela capa transpira os elementos mais conhecidos da banda, remetendo diretamente à tríade “Screaming for Vengeance”, “Defenders of the Faith” e “Turbo”.

Refrões que não saem da cabeça, riffs inesquecíveis, solos e duetos fantásticos, solidez e técnica na base rítmica. Esses são os elementos que as canções de “Firepower” nos mostram, elementos que são bem conhecidos por todos no trabalho do quinteto. Mas a artilharia pesada do JUDAS PRIEST raramente esteve tão inspirada. O fogo é pesado, e eles vieram para ensinar que ainda são senhores no que fazem, que ainda possuem vontade de aço de exercerem sua liderança e mostrar como se faz Metal em alto nível e de alta qualidade, sem essa de viver de passado.

Musicalmente, “Firepower” possui 14 gemas preciosas que vieram para marcar o domínio da banda. É um disco irrepreensível, cheio de energia, mostrando que a velha chama ainda arde poderosa.

O disco abre com “Firepower”, uma faixa com um jeitão clássico, mas com excelente condução rítmica (como Ian e Scott fazem a diferença na técnica e equilíbrio de peso e melodia), seguida da maravilhosa “Lightning Strike”, uma chicotada de energia absurda, onde Rob mostra como é inimitável em suas variações de timbre (o Metal God realmente aparenta aprender mais e mais sobre sua voz, e usa-a muito bem). Já “Evil Never Dies” é uma canção mais cadenciada, pesada e com aquela raçuda que nos agarra (e que solos marcantes, onde Glenn e Richie mostram-se complementares um do outro). Igualmente refreada (mais um pouco mais melodiosa) é “Never the Heroes”, cujo ritmo nos leva a balançar a cabeça, mesmo em suas partes mais limpas. É dada uma amostra de peso e bom gosto em “Necromancer”, com suas harmonias pesadas e simples, assim como se ouve também em “Children of the Sun” (que refrão!). Uma curta instrumental se segue, “Guardians”, onde pianos, teclados e guitarras, preparando os fãs para o arregaço melodioso de “Rising from Ruins”, que por sua alternância entre momentos introspectivos e limpos com passagens pesadas. O peso moderno da produção dá peso à levada mais Hard Rock de “Flame Thrower”, cuja simplicidade mostra como se pode ser genial sem ser complicado (e que belo trabalho mais uma vez da base rítmica). Vinda para esmagar os tímpanos alheios por seu jeito cadenciado e pesado, “Spectre” é outra em que a cabeça balança sozinha, e que mostra arranjos excelentes de guitarras, mesmos elementos apresentados na diversificada “Traitors Gate” (embora esta possua maior dinamismo entre o instrumental e os vocais, e belos duetos das seis cordas). E por falar em modernidade e dinâmica, elas se mixam ao jeitão mais tradicional de “No Surrender” (outra que possui certa acessibilidade musical, mas em que os vocais dão um show, fora esse refrão que gruda na mente). O peso bate-estaca lento de “Lone Wolf” é extremamente sedutor, já que o refrão é bem marcante, e as guitarras despejam riffs de primeira (e que duetos). E para encerrar essa obra-prima, vem “Sea of Red”, uma balada que até a metade é toda em guitarras limpas, permitindo que a versatilidade de Richie e Glenn (especialmente nos solos), mas é impossível não bater palmas para o trabalho peso-pesado de Ian e Scott nas partes mais pesadas, enquanto Rob usa um enfoque mais simples e normal de sua voz.

Infelizmente, é fato que o guitarrista e membro fundador Glenn Tipton deve ter gravado seu último disco, já que foi diagnosticado com Mal de Parkinson, e Andy Sneap tem tocado suas partes ao vivo. E isso tem causado especulações se a banda não encerrará suas atividades depois do último show da turnê.

Seja como for, “Firepower” mostra que o JUDAS PRIEST, se parar, encerra sua carreira de forma magistral; se decidirem continuar, nos mostra que o JUDAS PRIEST ainda tem muita lenha para queimar, e muitas lições a dar aos novatos sobre como ser relevante e se atualizar sem perder seu próprio estilo.

E este autor endossa o coro de muitos fãs e colegas de imprensa: “Firepower” estará no topo da lista dos melhores de 2018, se não for O Melhor disco do ano.

Nota: 100+%





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