quinta-feira, 17 de maio de 2018

DEF LEPPARD

Da esquerda para direita: Rick Allen, Joe Elliot, Rick Savage, Phil Coleen, Steve Clark.

Por Marcos Garcia


O DEF LEPPARD é um dos maiores nomes da NWOBHM ao lado do IRON MAIDEN, e talvez, o mais bem sucedido grupo (comercialmente falando) deste movimento. Isso é fato inegável, e a banda tem discos que passam dos mais de 10 milhões de cópias vendidas, e até hoje, é um grupo que lota estádios e atrai grandes quantidades de fãs.

Surgido em novembro 1977 em Sheffield, South Yorkshire (UK) quando Pete Willis (guitarras), Rick Savage (baixo) e Tony Kenning (bacteria), que estudavam na Tapton School formaram o ATOMIC MASS. Após perder um ônibus e encontrar Pete, Joe Elliot faz um teste para se tornar guitarrista da banda, mas acaba ocupando a vaga de vocalista. Joe sugeriu que a banda mudasse de nome para “Deaf Leopard”, que ele havia criado. Tony faz as alterações no nome, e chega-se ao formato que conhecemos até hoje. Ainda necessitando de um guitarrista, em janeiro de 1978, entra Steve Clark.

Tony deixa a banda em 1979, sendo que entra em seu lugar o baterista Rick Allen, um jovem de apenas 15 anos de idade, que veio a gravar o EP “The Def Leppard E.P.”. Mais alguns Singles, e com um contrato com a Mercury Records debaixo do braço, era hora do quinteto alçar voos mais altos.

Daí, começa uma estória longa, e com muitos altos, baixos, brigas, e terríveis tragédias...


14/03/1980: On Through the Night

Tracklist:

1. Rock Brigade
2. Hello America
3. Sorrow is a Woman
4. It Could Be You
5. Satellite
6. When the Walls Came Tumblin’ Down
7. Wasted
8. Rocks Off
9. It Don’t Matter
10. Answer to the Master
11. Overture

Primeiro álbum da banda, “On Through the Night” mostra o grupo ainda bem cru e com uma energia juvenil intensa. Apesar de muitos elementos do futuro já estarem presentes (como os backing vocals e refrãos marcantes), ainda há uma forte vibração Heavy Metal dos anos 70 em cada uma de suas canções. Ainda existem crueza e peso evidenciados, embora não tanto como outros grupos da NWOBHM.

Produzido por Tom Alom (sim, o mesmo cara do JUDAS PRIEST), a clara influência do Heavy Metal/Hard Rock setentista é evidente. Em “Rock Brigade”, isso fica claro, assim como em “It Could Be You”, “Satellite” e “Rocks Off”, canções até ingênuas, mas o grande hit do disco é mesmo “Hello America”, que lhes abriu as portas nos EUA, lhes permitiu tocar com bandas como “opening act” para PAT TRAVERS, AC/DC e TED NUGENT. E isso causou ores de cabeça na apresentação no Reading Festival em agosto de 1980. Mas o passo havia sido dado...



A banda atraiu a atenção do produtor Robert John Lange, mais conhecido como “Mutt” Lange e que já havia produzido AC/DC, FOREIGNER, OUTLAW. E assim surgiu uma parceria de sucesso. E lá foram eles para o estúdio, sofrer com a meticulosidade de Mutt. Mas a experiência serviu para lapidar a sonoridade do grupo e lhes dar identidade.

E o primeiro fruto dessa aliança já se mostra promissor...


11/07/1981: High ‘n’ Dry:

Tracklist:

1. Let It Go
2. Another Hit and Run
3. High ‘n’ Dry (Saturday Night)
4. Bringin' On the Heartbreak
5. Switch 625
6. You Got Me Runnin’
7. Lady Strange
8. On Through the Night
9. Mirror, Mirror (Look into My Eyes)
10. No No No

Para os fãs da banda que gostam de algo mais pesado e cru, este é o favorito.

Se o que vemos no filme “Hysteria - The Story of Def Leppard” servir como fonte histórica, o primeiro trabalho da banda com Mutt foi cheio de altos e baixos no estúdio.

A meticulosidade e visão do produtor fizeram os rapazes gravarem vários takes, além de levar Joe a cantar com timbres mais altos, mas algo bem sacrificante.

O resultado é percebido em um disco que ficou ainda mais acessível, e assim, um pouco mais distante do vigor e energia crua do Heavy Metal. Isso se percebe na maior preocupação estética com a acessibilidade e na construção de refrães de fácil assimilação, fora os backing vocals cirúrgicos.

Ainda: na opinião do produtor, este disco deveria trazer um hit para as paradas, e progressivamente, os discos sucessores deveriam trazer mais e mais hits (em progressão, ou seja, 2, depois 3, e por aí vai).

Mas a energia mais crua e dura ainda está ali em canções como “Let It Go” e “Another Hit and Run”, mas alguma coisa do futuro já dá as caras em “High ‘n’ Dry (Saturday Night)”.

O grande hit do disco é “Bringin’ on the Heartbreak”, que ganhou um vídeo dirigido por Doug Smith, gravado ao vivo no Royal Court Theatre, em Liverpool, 22/07/1981. Óbvio que a canção é a versão de estúdio, e desta mesma apresentação, ainda vieram vídeo clipes para “Let It Go” e em “High ‘n’ Dry (Saturday Night)”. Mesmo não emplacando, a música se tornou tão icônica que ganhará uma versão nova no futuro, além de um novo vídeo (esta saiu na versão relançada de “High ‘n’ Dry”.de 1984). Chegou inclusive a ser coverizada por Maryah Carey.

Disco lançado, turnês para promoção se seguiram, com o DEF LEPPARD sendo banda de abertura para BLACKFOOT e OZZY OSBOURNE, o que ajudou bastante a firmar o nome do quinteto.





Mas se de um lado a banda crescia em um ritmo acelerado, de outro o estresse era tamanho que o guitarrista Pete Willis será demitido (ou sairá da banda) durante as gravações do disco seguinte. A causa divulgada: abuso de álcool durante o trabalho.

No dia posterior à demissão de Pete, mais precisamente em 12/07/1982, entra em seu lugar o ex-guitarrista do GIRL, Phil Collen. Sua técnica surpreendeu a todos, e junto com Steve (de quem se tornou extremamente amigo) formaram o “Terror Twins” (ou seja, os Gêmeos do Terror) na banda, justamente pelo consumo de bebida de ambos (sei que pode parecer estranho, já que Pete foi demitido por beber demais, mas ele bebia em serviço, coisa que nem Phil ou Steve faziam). E essa amizade acabou por forjar o som característico das guitarras da banda: a fusão da técnica de Phil com o feeling apurado de Steve.

E após 11 meses de gravação (de janeiro a novembro de 1982), mais uma vez sob a supervisão de Mutt, veio ao mundo o primeiro disco de sucesso comercial do grupo.


20/01/1983: Pyromania

Tracklist:

1. Rock Rock (‘till You Drop)
2. Photograph
3. Stagefright
4. Too Late for Love
5. Die Hard the Hunter
6. Foolin’
7. Rock of Ages
8. Comin' Under Fire
9. Action! Not Words
10. Billy’s Got a Gun

Enfim, cumprindo um mito dentro do Metal, o terceiro disco é da banda se torna um sucesso.

Aclamado por público e crítica, “Pyromania” mostra o grupo ainda mais distante do Metal tradicional, e bem mais acessível, podendo tocar em rádios. A crueza sonora e energia deram espaço a uma estética mais bem acabada, e a uma produção limpa, com alguns teclados já aparecendo. Dessa forma, “Pyromania” se tornou o segundo lugar nas paradas americanas, perdendo apenas para “Thriller”, de Michael Jackson.

E a ideia de hits de Mutt se mostrou acertada: primeiramente com “Photograph”, seguido de “Rock of Ages” e “Foolin’”, todos vídeos de divulgação que tomaram a MTV de assalto, o disco subiu nas paradas, marcando assim a entrada do DEF LEPPARD no time de cima do Metal, além de ser um dos pioneiros no Hard/Glam Metal da época (em 11/03/1983, o QUIET RIOT lançou “Metal Health”, que chegaria ao topo da parada da Billboard em 26/11/1983).

Óbvio que “Photograph”, “Rock of Ages” e “Foolin’” são destaques em “Pyromania”, mas é possível não gostar faixas como a ótima “Rock Rock (‘till You Drop)”, a forte “Stagefright” ou a pegajosa “Action! Not Words”. Sim, o nível de composição foi bem alto nesse disco.

Perfeição é um termo bem acertado para definir “Pyromania”. E a turnê que se seguiu os levou a ser inicialmente suporte a Billy Squier. Mas ela terminará com eles já como banda principal em setembro de 1983 com uma audiência de 55 mil pessoas no Jack Murphy Stadium, em San Diego, Califórnia.

Ainda uma linha final: o vídeo de “Photograph” chegou a ser mais solicitado que o de “Beat It” de Michael Jackson, na MTV, se tornando um sucesso de execução nas rádios. E 




Mas como nem tudo são flores, em fevereiro de 1984, a banda foi para Dublin para começar a compor o sucessor de “Pyromania”. Mutt inicialmente foi com eles, mas pediu afastamento por conta de exaustão, e no lugar dele, a banda chamou Jim Steinman (famoso por produzir “Bat Out of Hell”, do MEAT LOAF). E para piorar ainda mais, o baterista Rick sofreu um acidente de carro e acabou perdendo o braço esquerdo. Este foi o motivo da saída do grupo do cast da primeira versão do Rock in Rio em janeiro de 1985 (onde foram substituídos pelo WHITESNAKE).

Não havia planos para substituir Rick, e assim o foi.

Enquanto Rick se recuperava da perda e se adaptava a uma nova realidade de tocar (teve muita ajuda da Simmons, fábrica de baterias eletrônicas, para desenvolver um novo modelo para si), Steve começava a ter problemas severos com o abuso de bebidas alcoólicas.

As sessões de composição e gravação se arrastam. Nesse meio tempo, Rick reúne a banda e toca na bateria a introdução de “When the Levee Breaks” do LED ZEPPELIN, para mostrar como as coisas estavam fluindo. E para somar, Mutt retorna como produtor.

A banda contrata Jeff Rich para tocar bateria junto com Rick durante uma mini-turnê de aquecimento na Irlanda, em agosto de 1986. A banda logo se viu com problemas em colocar duas baterias no palco, mas ao mesmo tempo, perceberam que Rick poderia tocar sozinho.

No festival Monsters of Rock de agosto de 1986, mais precisamente no dia 16, a banda faz sua primeira grande apresentação desde o acidente. A aclamação foi enorme, e desde então, Rick é chamado pelos fãs de “The Thunder God”.

E olhe que nem falei do acidente de carro de Mutt (que teve injúrias nas pernas), a caxumba de Joe, entre outros.

Assim, a banda enfim se reúne com Mutt, e começam a gravar e finalizar as composições de seu disco de maior sucesso comercial. Talvez ele seja, como Mutt desejava antes, o “Thriller” do Hard Rock.


03/08/1987: Hysteria

Tracklist:

1. Women
2. Rocket
3. Animal
4. Love Bites
5. Pour Some Sugar on Me
6. Armageddon It
7. Gods of War
8. Don’t Shoot Shotgun
9. Run Riot
10. Hysteria
11. Excitable
12. Love and Affection

Em uma lembrança pessoal deste autor, lembro-me de ler as resenhas de “Hysteria” nas revistas da época: todas elas eram negativas. Óbvio que isso se dava por conta do radicalismo dos anos 80. Mas nada como a experiência dos ouvidos e os anos para provar o quanto um disco pode ser eterno.

“Hysteria” é um disco em que os últimos traços do Heavy Metal tradicional deram espaço de uma vez para o Glam Metal. Traduzindo: é uma farofada só, ajudada por uma qualidade sonora extremamente limpa, já que foram usadas tecnologias de ponta. Até podemos dizer que essa sonoridade era muito adiante de seu tempo, algo que Mutt soube trabalhar.

Musicalmente, como dito acima, “Hysteria” não tem traços do Heavy Metal que o grupo carregava antes. As guitarras soam mais melodiosas, os vocais são mais melodiosos e bem encaixados, backing vocals e refrães cuidadosamente arranjados, e o nível de acessibilidade aumentou exponencialmente.

Execrado por muitos fãs na época (e talvez até os dias de hoje), “Hysteria” vendeu até hoje 25 milhões de cópias, sendo 12 milhões dela apenas nos EUA. E também subiu nas paradas inglesas, bem como por todo mundo, e é o 51º disco de maior vendagem da história, ficando 96 semanas (quase dois anos) no US Top 40.

Falar das músicas é algo quase que desnecessário: das 12 canções (o disco dura mais de 62 minutos, um dos mais longos da história dos discos de vinil), 7 delas viraram Singles, cumprindo a meta de Mutt: “Hysteria” é o “Thriller” do Hard Rock nesse ponto, pois qualquer outra música poderia ter sido hit.

“Animal”, “Women”, “Pour Some Sugar on Me”, “Hysteria”, “Armageddon It”, “Love Bites”, e “Rocket” são todas elas grandes canções, com ótimos arranjos e tudo na medida para serem sucesso. Mas “Don’t Shoot Shotgun” e “Gods of War” também são ótimas canções e merecem a menção.

Comentários:

1. Já é de conhecimento público, mas a banda Pop brasileira YAHOO chegou a fazer uma versão brasileira para “Love Bites”.

2. Possivelmente uma das músicas mais icônicas do DEF LEPPARD, “Pour Some Sugar on Me” foi uma das últimas a ser composta e gravada. A banda se encontrava perto do final das gravações, mas ao ver Joe brincando com uma versão acústica de um riff que havia composto duas semanas antes. Mutt, descobridor de hits como nenhum outro, gostou do que ouvir e sugeriu que construíssem mais uma música. E é justamente este Single que fez com que “Hysteria” vendesse como água no deserto (até seu lançamento, em 08/09/1987, o disco ainda não havia chegado ao sucesso). E possui dois vídeos (um para os EUA, outro para o Reino Unido).

No Brit Awards de 1989, no Royal Albert Hall em Londres, lá estava o grupo, que for a indicado ao prêmio de melhor grupo britânico. Tocaram ao vivo “Pour Some Sugar on Me”. E ganharam como “artista favorito de Heavy Metal/Hard Rock” e como “disco favorito de Heavy Metal/Hard Rock” no American Music Awards de 1989.




Após a turnê de divulgação, tentando evitar mais um hiato longo entre dois discos, a banda começou a compor e se preparar para gravar o sucessor de “Hysteria”, mas os problemas de Steve com bebida pioraram. Isso o levou a uma sequência de entra e sai de clínicas de rehab, até que ficou em “férias forçadas” da banda por seis meses, atrasando as gravações. A agonia de Steve teve fim no dia 08/02/1991, quando foi encontrado morto por sua namorada Janie Dean em sua casa, em Londres.

A morte foi acidental, já que a Causa Mortis é compressão do tronco cerebral, causando falha respiratória. A causa da compressão foi uma dose letal de álcool com medicamentos. No sangue de Steve, a autópsia acusou um nível de 0,30 (3 vezes o nível permitido pela lei britânica para se poder dirigir), bem como estava presente traços de morfina. Conforme o testemunho de Daniel Van Alphen (com que ele bebera na noite anterior), eles ficaram bebendo em uma cervejaria até perto da meia-noite, para então irem para a casa dele verem um vídeo.

Steve Clark se encontra enterrado no Wisewood Cemetery, em Loxley, Sheffield, perto da propriedade da família. Sua guitarra foi vendida por Julie.

Apesar do duro golpe, Joe, Phil, Rick Savage e Rick Allen resolveram ir adiante e fazer o disco como quarteto, com Phil emulando o jeito de Steve tocar. Desta vez, sem Mutt na produção (eles autoproduziram o disco, tendo como co-produtor Mike Shipley, com quem haviam trabalhado na engenharia de som de “High ‘n’ Dry” e “Pyromania”).


31/03/1992: Adrenalize

Tracklist:

1. Let’s Get Rocked
2. Heaven Is
3. Make Love like a Man
4. Tonight
5. White Lightning
6. Stand Up (Kick Love into Motion)
7. Personal Property
8. Have You Ever Needed Someone So Bad
9. I Wanna Touch U
10. Tear It Down


Basicamente, o quinteto não fez grandes mudanças em seu estilo de fazer música. Mas considerar “Adrenalize” como uma tentativa de ser um “Hysteria” parte 2 é um erro crasso. Óbvio que a pegada Hard/Glam ainda se faz presente, refrães e backing vocals grudentos em profusão, mas se sente algo mais orgânico em termos de sonoridade.

No fundo, “Adrenalize” é um discão, e uma justa homenagem a Steve, pois o jeito de Phil tocar as partes dele realmente é incrível. “Let's Get Rocked”, “Make Love Like a Man”, “Have You Ever Needed Someone So Bad”, “Stand Up (Kick Love into Motion)”, “Heaven Is”, “Tonight” e “I Wanna Touch U” foram os Singles do disco. Inclusive o primeiro deles, “Let’s Get Rocked”, foi indicado como “melhor vídeo de Heavy Metal/Hard Rock” para o MTV Video Music Awards de 1992 (que foi ganho pelo METALLICA com “Enter Sandman”). Todas são ótimas canções, mas alguma coisa do brilho da banda não estava lá. Não está 100%, talvez a produção mais orgânica e menos meticulosa tenha interferido, ou a ausência de Steve, ou mesmo a famosa oscilação de qualidade provocada pelo cansaço... Os fatores são tantos que não há como explicar.

Vale constar que em abril de 1992, o grupo se apresentou The Freddie Mercury Tribute Concert (o tribute a Freddie Mercury, que havia falecido em 24/11/1991 decorrente da AIDS), onde tocaram “Animal”, “Let’s Get Rocked” e “Now I'm Here” (esta última do QUEEN) com Brian May. No mesmo show, Joe ainda se apresentou com Brian, Roger e John em uma versão para “Tie Your Mother Down” (que ainda contou com Slash do GUNS N’ ROSES).




Ainda no final de 1991 e início de 1992, ocorrem as audições para encontrar um substituto à altura de Steve. Caras como Adrian Smith, John Sykes, e Gary Hoey foram ouvidos, mas a escolha da banda recaiu sobre Vivian Campbell, ex-membro do DIO e WHITESNAKE. Ele foi efetivado no posto em fevereiro de 1992.

E é aqui que a coisa começa a ficar ruim…

Desde o final dos anos 80, uma nova forma musical começava a despontar nos EUA, e que em 1991 chegará às paradas de sucesso: o Grunge, subgênero do Rock alternativo.

O sucesso avassalador de “Smells Like a Teen Spirit” (cujo vídeo tocou à exaustão na MTV em vários de seus programas, inclusive no finado Fúria Metal) foi um aríete que ajudou a arrancar o Glam Metal das paradas. A alegria trocada pela fossa, as cores pelo cinzento e preto, o “up all night, sleep all day” pelo “I’m so lonely but that’s okay I shaved my head”...

Óbvio que isso iria causar mais danos que o previsto, pois muitas bandas de Glam buscaram uma sonoridade mais suja para disputar lugar com os adeptos do Alternativo. E o DEF LEPPARD não foi exceção, infelizmente...


14/05/1996: Slang

Tracklist:

1. Truth?
2. Turn to Dust
3. Slang
4. All I Want is Everything
5. Work It Out
6. Breathe a Sigh
7. Deliver Me
8. Gift of Flesh
9. Blood Runs Cold
10. Where Does Love Go When It Dies
11. Pearl of Euphoria

O dia 13 de maio marca o Dia das Mães (por ser o dia de Nossa Senhora de Fátima), e ainda bem que esse troço saiu um dia depois, senão seria um senhor presente de grego!

O DEF LEPPARD fez um disco que realmente era puro Rock Alternativo. Tá, é um disco do NIRVANA melhor que o NIRVANA, mas ainda é NIRVANA!

Mais uma vez produzido pelo quinteto (agora com co-produção de Pete Woodroffe), creio que nem o mais fanático fã da banda consiga digerir. Nem mesmo toda a isenção crítica consegue salvar “isso” que chamam de disco. Nem mesmo os singles conseguem salvar, pois “Slang”, “Work It Out”, “All I Want is Everything”, e “Breathe a Sigh” são autênticas brochadas! Nem mesmo o fato de Rick tocar uma bateria semiacústica ajuda!

Marca um momento, mas é, de longe, a pior coisa que eles poderiam lançar. E digo mais: o ponto bom de “Slang” é que ele acaba (e não dura pouco mais de 40 minutos).

Um autêntico martírio para os ouvidos!


A coisa ficou feia, mas como toda moda, lá foi o Alternativo ladeira abaixo na segunda metade dos anos 90. Então, hora do velho DEF LEPPARD mostrar o que pode realmente fazer.


08/06/1999: Euphoria

Tracklist:

1. Demolition Man
2. Promises
3. Back in Your Face
4. Goodbye
5. All Night
6. Paper Sun
7. It’s Only Love
8. 21st Century Sha La La La Girl
9. To Be Alive
10. Disintegrate
11. Guilty
12. Day After Day
13. Kings of Oblivion


“Euphoria”, que novamente teve o quinteto junto com Pete Woodroffe na produção, enfim, voltou a ser o que era: um grupo de Glam Metal/Hard Rock (se bem que depois de “Slang”, creio ser difícil conseguir descer ainda mais).

O feeling que permeia “Euphoria” é próximo ao de “Adrenalize”, e com um “help” de Mutt Lange, que ajudou na composição de “Promises”, “All Night” e “It's Only Love”, as coisas deram uma melhorada (se bem que “All Night” ainda tem algo do disco anterior). Logo, podemos dizer que “Promisses”, a balada “Goodbye”, a pesada “Disintegrate”, a sensível “Guilty” e “Kings of Oblivion” são os melhores momentos do disco. Mas muito pouco para quem fez “Hysteria”.

Em 05/09/2000, merecidamente, o DEF LEPPARD é introduzido no Rock Walk of Fame na Sunset Boulevard, em Hollywood, pelo velho amigo Brian May.


O futuro parecia promissor, mas...


30/07/2002: X

Tracklist:

1. Now
2. Unbelievable
3. You’re So Beautiful
4. Everyday
5. Long Long Way to Go
6. Four Letter Word
7. Torn to Shreds
8. Love Don’t Lie
9. Gravity
10. Cry
11. Girl Like You
12. Let Me Be the One
13. Scar


E não é que o grupo tentou se superar em termos de podridão?

Pois é, por mais que “Slang” seja o pesadelo dos fãs da banda, “X” foi um esforço e tanto em escangalhar de vez a carreira deles.

Não que houvesse uma recaída em direção ao Rock Alternativo, longe disso, mas o balanço entre o Glam Metal e o Pop que sempre rendeu bons frutos, agora estava descaracterizado, e o grupo soa excessivamente Pop em “X”. Há bons momentos, como “You’re So Beautiful”, “Four Letter Word”, “Cry” e “Scar”, mas essa caída para o Rock Pop ficou muito para os fãs da banda. A produção, por sua vez, ficou ótima, limpa e bem delineada, novamente com os sujeitos e Pete Woodroffe, além de Per Aldehaeim, Andreas Carlsson e Marti Frederiksen produzindo uma ou outra canção do CD.

Um disco fraco, verdade seja dita, e pode entrar na sua coleção apenas para completar.


Em 03/05/2006, eles lançam “Yeah!”, um disco de covers, e por isso, não entra nessa sessão.


25/04/2008: Songs from the Sparkle Lounge

Tracklist:

1. Go
2. Nine Lives
3. C’mon C’mon
4. Love
5. Tomorrow
6. Cruise Control
7. Hallucinate
8. Only the Good Die Young
9. Bad Actress
10. Come Undone
11. Gotta Let It Go


Assim como “Euphoria”, é um bom disco, uma mostra de recuperação, mas mesmo assim, está um pouco distante de seu jeitão clássico.

A início, a banda pretendia ter Mutt Lange ajudando em algumas composições, mas por conflito de agendas, não foi possível. Mas mesmo assim, a banda foi adiante com o novo produtor, Ronan McHugh.

A bem da verdade, “Songs from the Sparkle Lounge” é uma tentativa da banda soar mais próxima de suas influências musicais dos anos 70, como LED ZEPPELIN e AC/DC. E não funciona tão mal assim, é até um disco bem legal, com boas canções como a despretensiosa “Nine Lives” (mas com um refrão à lá old Leppard), “C’mon C’mon” e seu jeito THE BEATLES em algumas partes, as distorcidas e orgânicas “Hallucinate” e “Bad Actress”, e o refrão marcante de “Gotta Let It Go”. Mas isso se você não for um fã exigente do quinteto.


Turnês e mais turnês desde então, e em 2015, mais um lançamento.


30/10/2015: Def Leppard

Tracklist:

1. Let’s Go
2. Dangerous
3. Man Enough
4. We Belong
5. Invincible
6. Sea of Love
7. Energized
8. All Time High
9. Battle of My Own
10. Broke ‘n’ Brokenhearted
11. Forever Young
12. Last Dance
13. Wings of an Angel
14. Blind Faith


Após oscilações, altos e baixos, sucessos e fracassos desde “Adrenalize”, eis que o quinteto lança “Def Leppard”. É o melhor disco deles de lá para cá.

Basicamente, é o velho Hard/Glam Metal do grupo com uma roupagem moderna. E mesmo sendo retrô, é um disco ótimo, com canções espontâneas e que vão remeter mesmo a “Adrenalize” e “Hysteria”, e mesmo aos elementos Pop de “X” (mas sem melar demais).

“Let’s Go”, “Dangerous”, a linda balada “We Belong”, e a energia rocker de “All Time High” mostram que, apesar de “Def Leppard” não ser um clássico, mostra que eles ainda estão longe da aposentadoria.


Em suma: se observarmos, a banda só teve nesses 40 anos de história, 3 mudanças de formação, o que mostra o DEF LEPPARD como uma banda de verdade. Os altos e baixos são comuns (existem bandas clássicas que vivem no baixo há anos e poucos reclamam desse fato), e é bom saber que, em um mundo como o nosso, em um meio musical tão dinâmico e cheio de surpresas como o Metal, que uma banda assim ainda existe.

Uma curiosidade: apesar dos 41 anos de existência, a banda só teve 3 trocas de integrantes.



Links:

Website: http://www.defleppard.com/
Facebook: https://www.facebook.com/defleppard?fref=ts

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