Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Shinigami Records
Nacional
Tracklist:
1. Meet Your Fate
2. Shame
3. Oblivion
4. To Whom You Belong
5. The Unspoken
6. Spiral Down
7. Dear Killer
8. Refugees
9. Interlude
10. Thick Skin
11. Into the Hive
12. Grudge is My Middle Name
Banda:
Kell Hell - Vocais
Diego Oliveira -
Guitarras
Sérgio Barbieri -
Guitarras
Gabriel Fernando -
Baixo
Thales Piassi - Bateria
Ficha Técnica:
Lucas Guerra - Produção
Carlos Fides - Arte
da capa, design, artwork
Contatos:
Site Oficial: www.sacrificed.com.br
Facebook: www.facebook.com/sacrificedofficial
Assessoria: www.metalmedia.com.br/sacrificed
(Metal Media)
E-mail: press.sacrificed@gmail.com
Texto: Marcos Garcia
Falar de Metal nacional é quase sempre ter que fazer
referência à palavra “resistência”, já que o cenário brasileiro é ingrato.
Ainda somos presos demais ao velho pensamento “tudo que é feito aqui não
presta, bom é o que vem de fora” (com raras exceções, como SEPULTURA, ANGRA, KRISIUN e alguns outros), algo que remete aos
tempos de Brasil-colônia. Mas estas dificuldades lapidam grandes talentos. Um
exemplo disso é o quinteto SACRIFICED,
de Belo Horizonte (MG), que chega com seu disco novo, “Enraged”, que está para ser lançado pela Shinigami Records.
Sete anos depois de “The
Path of Reflections” serviram para ajustar ainda mais a banda, que continua
fazendo seu Metal tradicional moderno agressivo (mas com claras referências a
passado, especialmente nos duetos de guitarras), mas sempre melodioso, com harmonias
charmosas. Ora mais suave e terno, ora mais pesado e bruto, a diversidade
impera, com toques regionais em várias partes do disco (reparem bem em “Meet Your Fate”), e mesmo partes mais
intimistas com referência à Bossa Nova (isso pode ser ouvido em “Oblivion”). Ou seja, “Enraged” é um passo adiante, uma
evolução clara em relação ao que já fizeram.
Ou seja: “Enraged”
é um disco surpreendente, levando a tradição mineira em termos de Metal
adiante.
Em termos de qualidade sonora, fica claro que a banda se
superou. Tendo feito tudo no Guerra Studio sob a tutela de Lucas Guerra (PENSE,
SOUTHERN BLACK LIST e CPM22), tudo
soa diferente do que esperaríamos de um disco de Metal. Tudo está mais fluido,
mais solto e espontâneo, sem muita “dureza”, com todos os instrumentos soando
claros e pesados, e os vocais em seu devido lugar. Os timbres mais modernos e
pesados não estão gordurosos ao ponto de estragarem as melodias mais
tradicionais características da banda. Tudo funciona muito bem.
A arte de Carlos
Fides para a capa nos dá a clara sensação do que nos espera em termos de música:
contrastes entre peso agressivo e lindas harmonias.
Talvez ao abraçar mais influências musicais diversificadas,
o trabalho do SACRIFICED tenha
amadurecido. Instrumentalmente falando, a evolução é clara aos ouvidos, e
existem arranjos e passagens que irão surpreender os ouvintes. Prova de ousadia
e talento de uma banda que, cada vez mais, mostra que tem grandes objetivos.
Em “Meet Your Fate”,
passagens pesadas com alguma coisa do Pop Rock anos 80 se mesclam a passagens
mais amenas e suaves, com vocais ótimos e coros ótimos no refrão. Pesada e
bruta é “Shame”, cheia de linhas
harmônicas sinuosas e um trabalho de guitarras de fazer cair o queixo. Partes
intimistas de Bossa Nova e aquele jeitão jazzístico do estilo surgem em “Oblivion”, onde as guitarras estão
muito bem (os riffs realmente grudam nos ouvidos), e mais um ótimo refrão. A
sensível e introspectiva “To Whom You
Belong” dá o toque de acessibilidade musical ao disco, apesar do peso (e um
trabalho muito bom de baixo e bateria, pois conduzir ritmos nesse formato não é
tão simples como parece). Um interlúdio climático todo em vozes é “The Unspoken”,
que vem preparar o ouvinte para a pancada de “Spiral Down”, cheia de melodias sinuosas, e onde existem
oscilações entre partes etéreas e outras mais pesadas, permitindo aos vocais
mostrarem sua versatilidade, mesmos elementos que permeiam a profundidade
emotiva de “Dear Killer”. Usando partes
exclusivamente de violão e voz, “Refugees”
mostra uma aura densa e melancólica, com certa influência da música Folk
americana. Em seus pouco mais de 2 minutos, “Interlude” é uma instrumental climática, mostrando como a base
instrumental da banda é forte. Em “Thick
Skin”, uma música com corais bem colocados, uma boa dose de acessibilidade e
arranjos musicais modernos, fora o dueto entre vocais femininos e masculinos
que ficou de primeira. Um massacre rítmico pesado surge em “Into the Hive”, inclusive com o uso de vocais em tons bem brutais,
algo próximo ao Melodic Death Metal moderno em algumas partes, com baixo e
bateria mostrando suas garras. Buscando usar agressividade e melodias em doses
equilibradas, a banda vem com o encerramento em “Grudge is My Middle Name”, com alguns riffs remetendo diretamente
ao Thrash Metal, mas recheado de lindas melodias, um refrão marcante e muito
vigor. Não há destaques, pois “Enraged”, por si próprio, é um destaque em
termos musicais.
É ouvir e gostar, e tenham certeza: se existir justiça, o SACRIFICED em breve entre no aeroporto para
fazer sucesso fora daqui, e como no caso de outros que fizeram sucesso no
exterior, depois foram reverenciados no Brasil.
“Enraged” mostra
a tantos o quanto o Brasil pode produzir. E deve sair muito em breve para a apreciação de todos.
Nota: 100%
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