Ano: 1994 (original)
/ 2018 (lançamento brasileiro)
Tipo: Full Length
Selo: Shinigami Records
Nacional
Tracklist:
Sahara:
1. The Sahara’s Storm
2. Blessed Be Thy Hate
3. Ornaments of Gold
4. Aldiar Al Mukadisa
The Beloved Cry:
5. Seasons Unite
6. The Beloved’s Cry
7. My Requiem
8. Orphaned Land, the Storm Still Rages
Inside...
Banda:
Kobi Farhi - Vocais
Yossi Sassi -
Guitarra solo, oud
Matti Svatizky -
Guitarra base
Itzik Levi -
Teclados, piano, samples
Uri Zelcha - Baixo
Sami Bachar - Bateria
Ficha Técnica:
“Neve Israel”
Synagogue - Backing vocals
Abraham Salman -
Kanun
Hadas Sasi - Vocais
femininos
Amira Salah - Vocais
femininos
Albert Dadon -
Darbuka
Asaf Bar-Lev - Mixagem
Tamir Muskat -
Engenharia, mixagem
Gary Gani - Mixagem, engenharia
(assistente)
Yotam Agam - Engenharia (segundo assistente)
Eran Zira - Engenharia
(segundo assistente)
Kobi Farhi - Artwork
Uri Zelcha - Artwork
Patrick W. Engel –
Remasterização (2016)
Contatos:
Assessoria: Arne.Jamelle@centurymedia.de
(Europa), kelly@rightanglepr.com (EUA)
E-mail:
Texto: Marcos Garcia
Cada dia que passa, vemos as famosas versões “remaster” de
discos antigos, ou seja, aqueles que passam por uma nova masterização, visando
adequar a qualidade aos tempos atuais, e ao mesmo tempo, dar mais peso e brilho
ao som. Nisso, somos sortudos, pois a Shinigami Records nos presta mais uma vez
um serviço maravilhoso: disponibilizou as versões nacionais remasterizadas de
2016 de “Sahara” e “El Norra Alila”, que vieram ao mundo
para comemorar os 25 anos do grupo israelita ORPHANED LAND.
Nesta resenha, falaremos do primeiro disco do grupo, “Sahara”, de 1994.
Digamos que aqueles tempos eram bem conturbados. Ainda
haviam brasas intensas devido à Guerra
do Golfo de 1991, bem como se buscavam saídas pacíficas. Yitzhak Rabin e Yasser Arafat (líder da Organização para a Libertação da Palestina)
buscavam soluções diplomáticas, mas como sabemos, em novembro de 1995, Rabin foi assassinado. Em um contexto
tão caótico, o Metal se torna uma possibilidade para lidar com as frustrações. Nisso,
juntando o amor pelo Heavy Metal às influências de música oriental e World
Music que o líder do grupo, o vocalista Kobi
Farhi, adquiriu com a família (ele é natural de Jaffa, uma cidade de
população heterogênea, com muitos cristãos, israelitas e muçulmanos), e pronto:
nasceu o mix de Metal com música do Oriente Médio, que chamamos Oriental Metal.
Em “Sahara”,
mesmo com um estilo novo, o sexteto já mostra uma veia muito experimental, algo
incomum naqueles anos. Mas apesar disso, a maior contribuição ao lado “Metal”
do ORPHANED LAND ainda tem profundas
raízes no Death Metal e no Doom Metal (reparem bem nos timbres dos vocais
limpos e nos das guitarras). Por isso, a música da banda ainda está bem crua e
cheia de agressividade, mas ainda assim, mostram uma técnica instrumental
rebuscada, além de criatividade. Óbvio que o tempo iria lapidar bastante o
trabalho deles, mas já se mostravam uma banda e tanto na época.
Esta versão de “Sahara”
é remasterizada das fitas DAT originais da época, sendo que o disco foi gravado
no Sigma Studio, em Tel Aviv, Israel, no mês de junho d 1994. E imaginem gravar,
produzir e mixar o disco eles mesmos, sendo que eram todos adolescentes, e sem
quem os ajudasse. É, não foi simples, ainda mais que gravar Metal em Israel era
algo totalmente novo. Por isso, o que eles conseguiram não deixa de ser
surpreendente, pois fazer com que o balanço entre a crueza, a agressividade de
sua música não sobrepusesse suas influências orientais ou destruísse a clareza
(o que nos permite compreender a complexidade de sua música) nesse estágio e
com essas condições é um trabalho muito difícil. E com um resultado ótimo,
digamos de passagem.
Além disso, o CD nos mostra a arte original na capa (embora
diferente daquela vista na primeira versão), uma foto tirada da Mesquita Azul,
em Istambul (Turquia). O encarte é todo novo, com uma editoração mais bonita, e
ainda possui uma introdução sobre o Oriental Metal, escrita pelo próprio Kobi.
Apesar de tantos percalços para lidar, o grupo fez de “Sahara” um disco marcante, que mostra estruturações
melódicas e complexidades em termos de arranjo que irão pavimentar sua
carreira, anos depois. A raiz que daria frutos em clássicos como “Mabool” e “All is One” está clara, apesar da crueza vinda das influências
extremas. Tanto o é que o grupo mostra a participação de vozes femininas,
As oito canções do álbum foram divididas em duas partes.
A primeira é “Sahara”,
que mostra faixas novas, todas mixando as influências da banda. E é
interessante ver a alternância entre partes melodiosas, outras mais agressivas
e toques de estilos musicais do Oriente Médio que permeiam a diversificada “The Sahara’s Storm”, a mais agressiva
e pesada “Blessed Be Thy Hate” (esta
mostra aquele jeitão Doom/Death das bandas da Europa, mas reparem bem como os
toques regionais surgem em vários momentos), a complexa e cheia de passagens
mais introspectivas “Ornaments of Gold”,
e a totalmente oriental “Aldiar Al
Mukadisa” (aqui, parece uma canção tradicional, com trechos das palavras de
louvor Halel e do livro do Tehilim, que nada mais é que o livro de
Salmos).
A segunda parte, “The
Beloved Cry”, é composta de canções um pouco mais duras e agressivas, pois
pertencem ao EP de mesmo nome, lançado em 1993. Isso pela comparação das
anteriores com elas, mas mesmo assim, a consensualidade é evidente. E “Seasons Unite”, “The Beloved’s Cry”, “My
Requiem”, e “Orphaned Land, the
Storm Still Rages Inside...” são as sementes que germinaram e nos deram um
dos melhores grupos da atualidade.
As letras merecem uma citação especial. A mensagem pacifista
e em prol da união dos povos já está nas músicas do grupo, embora ainda em um
estágio inicial.
Desta forma, “Sahara”
não é apenas um disco que serve como documentação ou para completar coleção,
pois não soa datado. E ele nunca havia sido lançado oficialmente no Brasil,
logo, aproveitem a chance!
Nota: 91%
Nota: 91%
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