Ano: 2018
Tipo: Full
Length
Selo: Shinigami Records
Nacional
Tracklist:
1. Portal
2. Mensageiros da Desgraça
3. Espelho
4. Motim Elétrico
5. Fuga nº II
6. O Que Teria Acontecido à Baby Jane?
7. Abrace a Discórdia
8. Abismo
9. Supremo Concílio
10. Orquídea Negra
11. Perdidos
Banda:
Maurício
Sabbag - Vocais, guitarras, flauta transversal
Carlos
Botelho - Baixo
Inácio
Nehme - Bateria
Ficha Técnica:
Ministério da Discórdia - Produção
Rafael Carvalho - Produção
Rafael Zeferino - Produção
Rafael Gomes - Mixagem, masterização
Sílvio Senna - Artwork
Renato
Domingos (ARMAHDA) - Orquestra em “Fuga nºII”
Guzz
Sanches - Hammond em “Perdidos”
Cblau
Barsanulfo - Backing vocals em “O Que Teria
Acontecido à Baby Jane”
Contatos:
Site Oficial:
E-mail: ministeriodadiscordia@gmail.com
Texto: “Metal Mark” Garcia
O chamado Stoner Rock/Metal, em geral, rebusca uma
sonoridade mais orgânica, mais próxima daquilo que se ouve na virada dos anos
60 para os 70, e o mais distante possível de algo lapidado. Isso chega a ser
quase que uma regra fora do Brasil, onde impera a sujeira excessiva proposital;
mas por aqui, a maioria dos grupos do gênero prefere algo mais bem definido, e
embora ainda próximo ao feeling artesanal, nada soa tão exageradamente grotesco
como se faz lá fora (sinceramente, é de virar o estômago o que certos grupos fazem
em termos de gravação porca no exterior). Para alegria de muitos, a “Brazilian
Stoner School” tem seus traços próprios, e o MINISTÉRIO DA DISCÓRDIA, trio de São Paulo, busca fazer algo
realmente diferente do usual. E seu novo trabalho, “ABISMØPORTAL” é um disco muito bom, e que com o lançamento pela Shinigami Records, o levará a um número maior de fãs.
No disco, se percebe que o trio andou evoluindo, pois
junto ao já conhecido invólucro “sabbáthico” de suas composições, o trio
consegue impor algumas sutilezas ao seu trabalho musical. Sutilezas essas que
fazem a diferença, pois existem influências de Rock ‘n’ Roll e Hard Rock
clássico (ouça diretinho os arranjos de “Mensageiros da Desgraça”), alguma
coisa de Punk Rock aqui e ali (reparem bem em “O Que Teria Acontecido à Baby
Jane”), e mesmo cuidados estéticos em termos de arranjos que fogem
um pouco ao desleixo proposital do Stoner Rock. Aliás, desleixo não é com o
grupo, pois se percebe que a dinâmica de suas composições não é algo gratuito
(embora não seja forçado), mas que nasce de uma vontade de sair do ponto comum,
de quebrar regrinhas chatas. E que energia transborda desse disco!
Dessa forma, “ABISMØPORTAL”
é um passo adiante do disco anterior, “Abismo”.
A produção do disco é reta, sem firulas e soa até
mesmo artesanal (não é raro se perceber que a banda não usa bases de guitarra
durante os solos, o que já mostra o lado “live” do trabalho deles). Mas que
fique claro: a crueza que se sente nas músicas vem da escolha dos timbres
instrumentais, e não da gravação, logo, tudo ficou bem compreensível aos
ouvidos. E essa sonoridade mais azeda (mas bem feita) casou bem com as canções.
Já arte do CD é ótima, mostrando algo bem
trabalhado e elegante, alo que vem das letras críticas do grupo.
Musicalmente, o MINISTÉRIO DA DISCÓRDIA mostra personalidade, peso e uma energia
descomunal em suas composições. E embora evitem rebuscar demais o lado técnico
(priorizando assim a espontaneidade), é perceptível uma capacidade de arranjar
as músicas de forma mais elaborada que seus pares de estilo. No fundo,
poderíamos dizer que o Stoner Metal/Rock do grupo é eclético, sem se preocupar
muito com “tem que ser assim”, pois com eles é “do nosso jeito, e dane-se”
(como prova, ouça as orquestrações de “Fuga nº II”). E é interessante ver como o grupo consegue fazer a métrica da
língua portuguesa funcionar bem em suas letras (protestos bem ácidos sobre a
realidade do cotidiano que nos cerca).
O peso bruto e denso de “Portal” (andamento mais cadenciado e empolgante, além
de um refrão muito bom e uma base rítmica bem trabalhada), a empolgante “Mensageiros
da Desgraça” (que possui um jeito mais Hard Rock entremeado com passagens
pesadas e lentas, e sempre com ótimas guitarras), a pegada espontânea à lá “Sabbath
Bloody Sabbath” de “Espelho”, o jeito moderno e quase extremo “Motim
Elétrico” (olhem as passagens de bumbos duplos velozes), as lindas linhas
melódicas da soturna “Fuga nº II” (que solos legais e vocais de
primeira), a velocidade quase Punk Rock de “O Que Teria Acontecido à Baby
Jane?” (uma adrenalina insana com backing vocals bem postados e uma energia
absurda), que são músicas novas, e todas elas ótimas. E é ótimo poder ouvir mais
uma vez “Abrace a Discórdia” (boas melodias, com destaque para o trabalho
bem feito de baixo e bateria), “Abismo” (os riffs soam pesados e
envolventes, com aquela pegada fundamental à lá BLACK SABBATH dos
primórdios), “Supremo Concílio” (há certa dose de acessibilidade
musical, mas sem deixar o peso de fora, e isso adornado por um refrão de
primeira, com ótimos vocais), “Orquídea Negra” (com seu jeito mais
simples de ser), e “Perdidos” (uma canção com melodias introspectivas e dinâmicas,
com belos toques de Hard clássico graças ao velho Hammond), canções presentes
no EP “Abismo”, de 2016.
No mais, a pregação do MINISTÉRIO DA DISCÓRDIA se mostra evoluída, sendo uma banda que fãs
de BLACK SABBATH, SOUNDGARDEN, MONSTER
MAGNET e outros no estilo irão amar. Mas “ABISMØPORTAL” é um disco feito para todos os fãs de Metal,
sem radicalismos.
Orquídea Negra: https://www.youtube.com/watch?v=qJTWpsBXI5M
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