terça-feira, 26 de março de 2019

ROTTEN FILTHY - The Hierophant


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Intro
2. Freezing Desolation
3. Monarchy of Bliss
4. The Wise and His Servants
5. Into a Sacred Rite
6. Principle of Pain
7. Tyet
8. Lady of Sword
9. V (instrumental)
10. At the Depths of Your Realm
11. Ancient Pray
12. Outro (instrumental)


Banda:


James Pugens - Vocais
Alex Mentz - Guitarras
Marcelo Caminha Filho - Baixo
Guilherme Machine - Bateria


Ficha Técnica:

Marcello Caminha - Violão em “Freezing Desolation” e “Ancient Pray”
Bollet - Mixagem, masterização, vocais em “Principle of Pain”


Contatos:

Site Oficial:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Basicamente, desde que o SEPULTURA lançou “Schizophrenia” em 1987, houve a sedimentação do que se define como Thrash/Death Metal no Brasil, bem como seu gêmeo Death/Thrash Metal (sim, a ordem alterna o produto final neste caso). De lá para cá, muitos trabalhos foram lançados, alguns com enfoque mais Old School, outros mais atuais, e alguns outros aglutinam influências diversificadas.

E mais interessante ainda é ver que, neste último segmento, o quarteto gaúcho ROTTEN FILTHY consegue ser criativo, como mostra em “The Hierophant”, seu disco mais recente.


Análise geral:

O grupo continua sendo brutal e ríspido como sempre foi em seu jeito Death/Thrash Metal de ser, com a diferença que neste (que é seu segundo álbum) existe a adição de elementos musicais diferentes, como tempos quebrados, influências de Jazz e outros (em um estilo semelhante ao que o DEATH fazia na época de “Individual Thought Patterns”). Mas não se enganem os mais apressadinhos (e radicais): a identidade musical deles não está alterada.

Sim, “The Hierophant” é um bom disco.


Arranjos/composições:

Como existe maior prevalência de elementos diferentes, obviamente que o resultado final soa técnico aos ouvidos, mas não existe a perda de peso ou mesmo de objetividade. Além disso, mesmo mais bem arranjado, não houve diminuição no jeito espontâneo de ser.

Aliás, a energia do disco chega a beira o ao vivo, com alguns pontos estrategicamente pensados nesse sentido (como a ausência de guitarra base no solo em “Freezing Desolation”). Isso os faz soar espontâneos e crus, mas com as vantagens de uma gravação de estúdio.


Qualidade sonora:

Ao se falar na qualidade sonora, ela soa crua e bruta. Isso se deve justamente à busca de algo com o “feeling” de um show ao vivo, sem exagerar muito nas edições e tocando apenas o que se pode conseguir de um show. Mas isso não significa que esteja embolado ou desconexo, de forma alguma. O problema ficou na gravação em si, não na mixagem ou masterização.

Existem formas diferentes de se fazer isso e obter resultados mais consistentes, pois o resultado final poderia ser bem melhor, mas não está ruim. O trabalho de Bollet na mixagem e masterização (feitas Civil Alien Studios, em Los Angeles) ficou ótimo.


Arte gráfica/capa:

A arte não é complexa em termos de design. Em compensação, há um autêntico “tsunami” de interpretações possíveis, todas de forma subjetiva. Mas Hierofante vem do grego ἱεροφάντης (Hierophantes), que significa literalmente “aquele que explica as coisas sagradas”, e é a denominação usada para sumo sacerdotes no Egito e Grécia na antiguidade. Ou seja, existe algo de fundo metafísico na arte, e não é sem motivação.


Destaques musicais:

“The Hierophant” é um disco denso, pesado e com momentos extremamente ácidos, e suas canções realmente são mostras de um grupo que precisa ser mais conhecido pelos fãs de Metal extremo.

Melhores momentos:

“Freezing Desolation”: Guitarras ferozes e pesadas, além de uma pegada envolvente, alguns momentos no baixo lembram a técnica de Alex Webster, mas não se assustem, pois as mudanças de ritmo são excelentes (além do refrão grudento).

“Monarchy of Bliss”: O gutural profundo do início não é de todo compatível com o instrumental cadenciado, mas a canção é recheada de partes ótimas. E como baixo e bateria estão bem.

“The Wise and His Servants”: Uma “vibe” modernosa se mescla à influência de BLACK SABBATH (por conta dos riffs) e CANNIBAL CORPSE (esse baixista tem uns dez dedos, não é possível). Sim, é isso que leu, e é uma faxia cheia de momentos sinuosos do instrumental.

“Principle of Pain”: Com o jeito mais grooveado que oscila entre partes mais técnicas e outras com claro toque de melancolia, é um dos momentos mais viajantes de todo o disco, fugindo bastante do convencional.

“Tyet”: Outra em que a modernidade deu as caras, e é orientada para algo que soa técnico e desconexo. Nessa, esses timbres vocais esganiçados encaixaram como uma luva.

“V”: mais de 8 minutos de uma instrumental fluida e cheia de vibração. Óbvio que o grupo vai despejando toda sua técnica virtuosa sobre o ouvinte, mas sempre indo de momentos à lá BLACK SABBATH com outros em uma ambientação puramente moderna.


Conclusão:

“The Hierophant” é um disco e tanto, e o ROTTEN FILTHY tende a crescer mais e mais. Aparando as arestas e buscando uma gravação melhor, ninguém os segura.


Nota: 85%


Tyet



Disco completo



Spotify

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