terça-feira, 4 de junho de 2019

NECROFOBIA - Membership


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Silent Protest
2. Membership
3. Perpétua 136
4. Blindness
5. Rotten Brain
6. Real Fiction
7. Apatia Social
8. Cemetery of Oblivion
9. Circle of Trust
10. Devil’s Lap
11. Unused Rights
12. Worthless Lives
13. Guzzardi (bônus)


Banda:


Rômulo Felício - Vocais, Guitarra Base, Guitarra Solo em “Guzzardi”
Rodrigo Tarelho - Guitarra Solo
João Manechini - Baixo, Backing Vocals
André Faggion - Bateria


Ficha Técnica:

Rômulo Felício - Produção, Mixagem, Masterização
Necrofobia - Produção
Roger Gaulês - Arte (Capa)


Contatos:

Assessoria: http://roadie-metal.com/press/necrofobia/ (Roadie Metal Assessoria)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Basicamente, fazer Thrash Metal nos dias de hoje é lutar contra muitos fatores negativos, em especial a erosão que o gênero sofreu pela superexposição ocorrida nos últimos anos, em que o estilo teve um renascer. Mas é algo cíclico e que ocorre com todos os estilos de Metal: um tempo no underground, crescimento, alta, e decadência. É como se existisse uma forma de reciclagem que ocorre de forma subjetiva.

Mas existem aqueles que se negam a irem rumo ao silêncio sem fazer esforços para que suas contribuições musicais não passem sem serem notadas pelos fãs. Nisso, palmas para o quarteto NECROFOBIA, de Ribeirão preto (SP), que após longos 15 anos depois de “Dead Soul” (seu primeiro álbum, de 2004), retorna à carga com tudo em “Membership”.


Análise geral:

o Thrash Metal agressivo do grupo é uma mistura bem feita de elementos do passado (nomes como TESTAMENT, SLAYER e EXODUS são referências) com uma pegada mais moderna (alguns toques de “groove” à lá PANTERA e SEPULTURA da fase “Chaos A. D.”, e tempos quebrados que poderiam vir dos primeiros trabalhos do FEAR FACTORY), além da energia e personalidade do grupo. Óbvio que essa mistura não chega ao ineditismo, mas é bem pessoal deles.

Aliás, olhando em perspectiva, é preciso dizer que a evolução é clara em relação a “Dead Soul”, pois soa mais coerente, agressivo e moderno que antes, mas sem abrir mão de seu jeito de ser.


Arranjos/composições:

Outro ponto em que a evolução é sensível: a banda passou a ousar e usar todo seu potencial musical para criar arranjos fluidos, com toques personalizados em cada um deles. A dinâmica entre dos instrumentos entre si e a base instrumental e os vocais ficou ótima, as músicas soam espontâneas e cheias de energia.

O nível técnico é muito bom (mas sem ser exagerado), e ajuda a dar um “boost” no que já é bom.


Qualidade sonora:

O guitarrista base/vocalista Rômulo Felício é quem produziu, mixou e masterizou “Membership”, tudo feito no Under Studio. E o resultado ficou muito bom: uma sonoridade sólida, compacta, pesada e agressiva, com o devido toque de modernidade, mas sem soar distorcido ao ponto de embolar os instrumentos uns com os outros.

A ambientação “grooveada” e moderna é criada pelos timbres escolhidos para os instrumentos, que soam bem gordurosos, mas longe de serem incompreensíveis.


Arte gráfica/capa:

Capa e contracapa são partes de um painel, cuja arte é simples e direta, com uma mensagem bem clara. O encarte é do tipo pôster, com o painel da arte da capa inteiro, e do outro lado, as letras disponibilizadas em uma grafia personalizada em preto sob um fundo cinza bem claro. Um recurso bem usado, mas que sempre rende bons frutos.


Destaques musicais:

O disco em si possui 12 marretadas sonoras bem dadas, além de uma faixa-bônus (“Guzzardi”, lançada como Single em 2014, em uma homenagem ao falecido guitarrista Raphael Guzzardi). E se destacam nesse festival de agressividade e bom gosto:

Silent Protest: um típico Thrash Metal agressivo e gorduroso, cheio de boas passagens de tempo mais cadenciadas e ótimos arranjos rítmicos (a bateria está ótima, com momentos em dois bumbos bem colocados).

Membership: passagens Thrash rápidas e convencionais se alternam com momentos mais abrasivos, mas a energia chega a ser absurda. E que ótimo conjunto de riffs e solos de guitarra!

Perpétua 136: dizer que a mistura de Hardcore nova yorkino com Thrash Metal não seria ruim, inclusive pelo uso de corais fortes e backing vocals bem colocados. O ritmo é de primeira, e a coesão de baixo e bateria cria uma base rítmica sólida e bem trabalhada.

Rotten Brain: aqui surge com mais clareza a força mestiça dos Thrash Metal anos 90, mas sem que a essência abrasiva do grupo seja perdida. A energia é intensa, e os vocais ficaram muito bem.

Apatia Social: aqui surge o lado mais Crossover da banda. O alinhavo é Thrash Metal e tem a pegada mais bruta do grupo, com algumas passagens mais lentas, mas 70% lembra o Crossover brasileiro dos anos 80, especialmente pelos vocais.

Cemetery of Oblivion: mezzo Thrash Metal, mezzo Sludge e com muito groove, é a mais “modernosa” de todas, com passagens ganchudas que grudam nos ouvidos. Ótimos riffs mais uma vez.

Unused Rights: curta e grosssa (pouco mais de um minute), é um Thrash Metal intenso e com ritmo cadenciado, mas com toques de Crossover nova yorkino de primeira. E que energia!

“Guzzardi”: mesmo sendo uma canção bônus (que em geral é algo visto como sobra de estúdio), é uma pancada, cantada em português, com mudanças de ritmo (ora cadenciado, ora mais veloz) muito legais e um refrão muito bom,


Conclusão:

Se estabelecer-se uma comparação entre “Dead Soul” e “Membership”, o segundo representará um salto evolutivo enorme. Por isso, o NECROFOBIA merece aplausos, e é um dos nomes do estilo que merece aquela atenção de todos.

O uso é indicado a todos, e preparem-se para ver as caixas de som derretendo com a energia desse quarteto!


Nota: 88,0/100,0


Membership



Guzzardi



Spotify

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