segunda-feira, 30 de julho de 2018

THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA - Sometimes the World Ain’t Enough


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. This Time
2. Turn to Miami
3. Paralyzed
4. Sometimes the World Ain’t Enough
5. Moments of Thunder
6. Speedwagon
7. Lovers in the Rain
8. Can’t Be That Bad
9. Pretty Thing Closing In
10. Barcelona
11. Winged and Serpentine
12. The Last of the Independent Romantics
13. Marjorie (Bonus Track)


Banda:



Björn Strid - Vocais
David Andersson - Guitarras
Sebastian Forslund - Guitarras
Sharlee D’Angelo - Baixo
Richard Larsson - Teclados, percussão
Jonas Källsbäck - Bateria


Ficha Técnica:

Åsa-Hanna Carlsson - Violoncelo
Anna Brygard - Backing vocals
Anna-Mia Bonde - Backing vocals
Sebastian Forslund - Mixagem
Thomas “PLEC” Johansson - Masterização
Carlos Del Olmo Holmberg - Artwork, fotografia
Bengan Andersson - Engenharia sonora
Richard Larsson - Arranjos (cordas)


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

E-mail:

Texto: M. Garcia


Nos dias atuais, onde downloads ilegais e plataformas digitais combaliram as gravadoras (e o Metal, por conseqüência), é inusitado ver uma banda lançando discos anualmente, ou mesmo bienalmente. E fugir à regra nos causa espanto, mas no caso dos suecos do THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA, a criatividade parece infindável. É tamanha que pouco mais de um ano depois do ótimo “Amber Galactic”, já temos em mãos um disco novo deles, “Sometimes the World Ain’t Enough”, que já chegou ao Brasil via Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil.

Basicamente, o estilo deles não mudou muito de “Internal Affairs” (primeiro disco da banda, de 2012), ou seja, é um misto de Hard Rock clássico dos anos 70 com muito de Pop Music e AOR daqueles tempos, mais o evidente Groove da Soul Music/Funk de grupos da finada gravadora Motown americana, mas sem que soe datado. Ou seja, melodias bem feitas e que grudam nos ouvidos, cada refrão que é coisa de doido de tanto bom gosto, backing vocals femininos bem encaixados, boa técnica musical, enfim, um trabalho excelente. No fundo, se alguém achou que “Sometimes the World Ain’t Enough” era sobra de estúdio, ou errou no palpite ou mesmo aquilo que eles acham que é resto é formidável!

A atualização que se percebe nas canções do sexteto vem diretamente do ótimo trabalho da produção. A engenharia, mixagem e masterização foram concebidas de tal forma que o grupo parece mesmo um grupo dos anos 70 gravando um disco nos dias de hoje, inclusive com uma timbragem bem escolhida, com um som orgânico, mas bem feito e com as vantagens dos métodos digitais. Tudo soa perfeito, e nem falamos dessa arte que nos remete ao passado, mas com uma boa dose de presente.

O THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA cria músicas que atingem os saudosistas do passado e novos fãs, graças à sua criatividade. Soa retrô e atual da mesma forma, criando algo diferente do usual. Além disso, como sua música realmente nos conquista. Até os mais chatos dos críticos musicais se renderam à “Sometimes the World Ain’t Enough”, logo, se você não for daqueles que quer manter uma pose para outros verem, vai se render e dançar como nunca ao som deles.

Destaques nesse disco? Tás brincando comigo? É melhor que desistam, pois NÃO DÁ, cacilda!

São 12 canções excelentes, cada uma delas com seu próprio valor, e todas justinhas!

“This Time” tem um climão Pop/Hard Rock fenomenal, com linhas melódicas e um refrão incrível (que vocais de primeira, fora os backing femininos), o grude instantâneo de “Turn to Miami” (outra com refrão de primeira, mais teclados em arranjos bem anos 70) e de “Paralyzed” (aqui, o trabalho de baixo e bateria mostra-se firme e com boa técnica). Em “Sometimes the World Ain’t Enough”, já temos uma canção mais voltada ao Pop do iniciozinho dos anos 80, novamente com baixo e bateria se destacando. Rebuscando elementos que se ouvem nas trilhas sonoras de filmes lá dos anos “vocês já sabem quais” (me perdoem, mas repetir “anos 70” toda hora fica carregado) é a melodiosa e terna “Moments of Thunder” (definitivamente, ótimas linhas vocais), mesmos elementos presentes em “Speedwagon” (essa já mais rocker, graças às guitarras, e que belos duetos) e na chicletosa “Lovers in the Rain” (e tome melodias que não se consegue esquecer). Se vocês gostam de algo que possa misturar Pop e Groove em boas medidas, é certo que “Can’t Be That Bad” foi feita para seus ouvidos, enquanto o ritmo um pouco mais comportado (mas igualmente envolvente) de “Pretty Thing Closing In” vai vencendo a resistência (reparem no uso dos backing vocals bem sacado no refrão). Voltando a fazer referência os tempos áureos da Disco Music e seus sucessos, temos a ótima “Barcelona” (lembrando que, na época, era comum o uso de elementos dançantes em quase tudo para ganhar o mercado). Pulando de volta ao Pop com certo toque de AOR, temos a beleza de “Winged and Serpentine”, com mais expressão das guitarras. E “The Last of the Independent Romantics” vem derrubar nossa resistência com mais Pop/AOR tímpanos adentro. Ah, sim: a versão nacional ainda tem um bônus, “Marjorie”.

Podem confiar no THE NIGHT FLIGHT ORCHESTRA, e acreditem: “Sometimes the World Ain’t Enough” não é apenas um dos grandes discos do ano, mas poderia ser um tiro tanto no SOILWORK como no WITCHERY, ARCH ENEMY e SPIRITUAL BEGGARS, pois poderiam perder seus músicos (para quem não sabem, o sexteto é um projeto do vocalista Björn Strid do primeiro grupo com o baixista Sharlee D’Angelo, que toca nos três últimos).

E depois que se termina de ouvir esse disco, soa nos ouvidos a voz dizendo “eu avisei...” (citação ao colega Ricardo Batalha, da Roadie Crew, quando se fala nesse disco).

Nota: 100+%



terça-feira, 17 de julho de 2018

SARCÓFAGO - The Worst


Ano: 1996 (Relançamento 2018)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. The End
2. The Worst
3. Army of the Damned (The Prozac’s Generation)
4. God Bless the Whores
5. Plunged in Blood
6. Satanic Lust
7. The Necrophiliac
8. Shave Your Heads
9. Purification Process


Banda:


W. L. - Vocais, guitarras
G. M. - Baix, teclados


Ficha Técnica:

Wagner Lamounier - Produção
Gerald Minelli - Produção
Tarso Senra - Mixagem, engenharia de som
André - Masterização
Eugênio - Engenharia de som
E. D. Z. - Programação de bateria


Contatos:

Site Oficial:
Facebook:
Assessoria:
E-mail:

Texto: M. Garcia


Entre 1985 e 2000, gigantes do Metal e influenciadores de várias gerações caminharam por terras brasileiras, ao ponto de alguns que pararam serem motivos de saudades apaixonadas de muitos. Talvez poucos tenham a mesma importância do SARCÓFAGO, que cansou de pôr barreiras e limites no chão, sempre ou paralelo às tendências musicais que existiam lá fora ou abrindo novas possibilidades. E o ápice da criatividade do grupo ocorre justamente em “The Worst”, de 1996.

A afirmação acima não se baseia em gostos pessoais ou na contundência do álbum para o cenário extremo mundial, mas que é o disco em que todos os elementos musicais que o dueto destilou em seus lançamentos anteriores se equilibraram de forma definitiva. Há momentos velozes extremos, outros mais refreados, teclados criando ambientações sinistras, a presença esmagadora de riffs insanos (embora mais simples), baixo e bateria com boa dose de peso, e tudo em seus lugares. A evolução do jeito Death Metal de ser deles mostra o motivo de serem tão respeitados por aqui e lá fora: o SARCÓFAGO sempre fez as coisas ao seu jeito, doesse em quem doesse, e sempre se mostrou inovador, diferente.

Na produção, mais uma vez o trabalho foi orientado para se ter a melhor qualidade sonora possível, com todos os instrumentos soando claros e compreensíveis, ao mesmo tempo em que tudo soa extremamente pesado e bruto. Óbvio que isso demanda conhecimento e recursos, mas eles sempre foram de tirar água de pedra, e conseguiram mais uma vez mostrar que poderiam fazer algo de alto nível.

Já a arte visual (capa, encarte, etc) é realmente de chocar. Mas para quem os conhece de longa data, sabe que o grupo nunca foi dado à sutilezas: ou é assim, ou não fazem. E seria o desespero de moralistas de plantão ou dos atuais SJWs caçadores de tretas.

Musicalmente, “The Worst” não é mercado pela técnica. Mas em compensação, a diversidade de andamentos, a força de suas composições e arranjos, a capacidade de criar partes que entram em nossas mentes e não saem mais sempre foi o ponto forte do grupo. Por tanta facilidade em quebrar regras e se fazer diferente (e chocante), se percebe o motivo de serem tidos como pioneiros de muita coisa em termos de Death Metal, Black Metal e Death/Black Metal.

Uma introdução bem climática, “The End”, dá início ao disco, antecedendo o impacto esmagador e cadenciado de “The Worst” (os riffs são bem simples, enquanto os teclados vão dando aquela sensação fúnebre carregada que eles usam sempre). Já apresentando mais mudanças de ritmo e cheia de energia é “Army of the Damned (The Prozac’s Generation)”, onde o trabalho de baixo e da bateria programada é muito bom. O ritmo fica opressivo e sombrio em “God Bless the Whores”, um hino doentio e insano cheio de ótimos vocais (com aquele timbre gutural claro dos vocais e intervenções sinistras das guitarras). Já sinistra e mostrando alguma modernidade extremada (para a época do lançamento do CD) é a brutal “Plunged in Blood”. E mantendo a tradição de fazer uma versão nova de material antigo deles, lá vem a velocidade alucinante de “Satanic Lust” (realmente, eles exacerbaram os “blast beats” da versão de “I.N.R.I.”, além da adição de teclados providenciais). Com muito peso e boa dinâmica entre a base rítmica e as guitarras, temos “The Necrophiliac”, que mostra um refrão muito bom. Seguindo uma linha bem próxima a “Satanas”, temos “Shave Your Heads”, embora esta tenha maior diversidade musical (na parte do refrão, a velocidade diminui um pouco, com exceção dos bumbos). Agora, a veloz e insana “Purification Process” é mais uma das canções polêmicas da banda. Algo que não se encaixa em tempos de politicamente correto, algo que o SARCÓFAGO nunca foi, nem nunca quis ser.

Este relançamento (em vinil e cassete) para “The Worst” só vem para confirmar uma coisa: que o Brasil continua necessitando urgentemente que a banda volte tão ultrajante, suja e disposta como sempre foi.

O pior não está para vir: ele chegou, e não estão nem aí!

Nota: 100%

SILVERAGE - Presence


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Mohicans
2. Time is Not
3. Into the Fire
4. The Hideaway
5. Ghost Romance
6. Presence
7. First Impressions


Banda:


Roberto Gutierrez - Baixo, vocal
Kadu Averbach - Guitarras
Gustavo Gomes - Bateria


Ficha Técnica:

Thiago Bianchi - Produção, gravação, mixagem, masterização
Caio Mendes - Arte da capa
Marianne Catafesta - Arte da capa


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Texto: M. Garcia


O Metal brasileiro, por conta de muitas idiossincrasias pessoais dos fãs, está ficando cada vez mais enfraquecido em termos de cenário. Em contraposição, cada vez mais bandas com trabalhos muito bons surgem por aqui. Dessa vez, vindos de São Paulo, temos o trio SILVERAGE, chegando com “Presence”, seu primeiro trabalho.

Os 3 músicos da banda são experientes, com passagens pelo WIZARDS, HOLLOWMIND, LIVING LOUDER e no ELECTRITONE. A fusão de das influências musicais individuais nos concede um material onde pulsa um Hard’n’Heavy moderno, elegante e muito bem feito. Basicamente, poderíamos comparar (em termos estéticos) com um encontro do RUSH moderno (basicamente, da fase que se iniciou com “Presto”) com o VAN HALEN de Sammy Hagar, ou seja, técnico e elegante, mas com ótimas melodias que seduzem os ouvintes. E, além disso, o disco soa moderno e cheio de energia, nem de longe saudosista ou datado.

Ou seja, é um deleite para os ouvidos!

Tendo a produção, mixagem e masterização feitas por Thiago Bianchi no Estúdio Fusão, não poderia ter ficado melhor. Basicamente, todos os elementos de uma sonoridade (peso, clareza, peso, timbragem) foram feitos com esmero, de forma que está perfeito. E perfeito sem descaracterizar o trabalho do trio ou ser pedante; é perfeito porque se encaixa no que o grupo faz.

A arte visual, por sua vez, busca ser algo bem simples e funcional. Tudo talvez para que o foco das atenções fosse apenas a música do grupo. Mas mesmo assim, se percebe o uso de contraste de luz e sombras entre capa e contracapa.

E assim, podemos aferir que o trabalho do SILVERAGE é feito de forma melodiosa e consensual. Arranjos com um dinamismo incrível, mas sem que soem minimalistas ao ponto de destruir o “feeling” de espontaneidade, ou nos causar enorme torpor. Tudo soa justo e livre de pré-concepções, ou adesões a isso ou aquilo que não seja a música em si.

Mohicans” é uma faixa instrumental com uma pegada pesada, e um pouco simples em relação à técnica, sendo a introdução perfeita para “Time is Not”, uma canção permeada por uma estética melodiosa, pesada e envolvente (e com um trabalho técnico muito bom, e riffs de guitarra e solo esbanjando categoria, e cujo refrão é uma adaptação do poema “Time is Not”, de Henry van Dyke). Um pouco mais densa em termos de ambientação, mas mantendo o lado Hard’n’Heavy evidente, temos “Into the Fire” (que nos apresenta um trabalho ótimo de baixo e bateria). Já com elementos que rebuscam o Hard Rock dos anos 80 (não confundir com o Glam Metal e suas vertentes), temos “The Hideaway” com suas belas melodias acessíveis e um feeling que nos leva a um tempo maravilhoso que já não existe mais (sem ser uma canção datada, longe disso). Mesmo longe de ser uma balada, “Ghost Romance” se apresenta uma canção mais introspectiva e sensível, onde toda a parte dos vocais ficou muito boa. “Presence” possui elementos mais pesados e mesmo toques dissonantes, sem contar a alternância entre partes mais tecnicamente complexas à lá RUSH com momentos mais melodiosos e cativantes. E a instrumental terna “First Impressions” mostra bem como as guitarras da banda são ótimas, com um jeito técnico que não é pedante, mas que nos envolve (algo que Joe Satriani faz com maestria).

O SILVERAGE já chegou em alto nível. E “Presence” marca seu lugar no cenário Metal/Rock de uma forma que chega a nos assombrar!

Ótima estréia!

E podem ouvir “Presence” nas seguintes plataformas digitais:

Spotify: https://open.spotify.com/album/2yqlA8ncrEXaQ4QCZtfQ9M

CD Baby: https://store.cdbaby.com/cd/silverage1
  
Nota: 92%

segunda-feira, 16 de julho de 2018

INFECTOR - Metal da Morte


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Apito Final                       
2. Sob a Luz Vermelha                   
3. Canibalismo no Parque do Estado                   
4. Ódio em Mim                   
5. Emissário Fiel                  
6. E Ele Não Pode Mais Amá-lá                
7. Estranho Feito de Fazer Amor              
8. Coração de Metal            
9. Countess Bathory                    
10. Iron Fist 


Banda:


Mario César Dutra - Vocais
Marcello Loiacono - Guitarras
Edu de Campos - Baixo
Paulo Mariz - Bateria


Ficha Técnica:

Ivan Pellicciotti - Produção, gravação, mixagem
Infector - Produção
Luiz Carlos Louzada - Vocais em “Coração de Metal” e “Countess Bathory”
Sombra Metal - Vocais em “Coração de Metal”
Angel - Vocais em “Coração de Metal”
Roberto Opus - Vocais em “Coração de Metal”
Douglas Goatherion - Vocais em “Coração de Metal”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: www.facebook.com/cangacorockcomunicacoes/ (Cangaço Rock Comunicações)

Texto: M. Garcia


O que é tradicional sempre demanda da banda em questão uma visão de que ela tem que pôr vida nova naquilo que está fazendo. Não é só pegar nos instrumentos musicais, pegar todos os clichês musicais possíveis e encher os ouvidos alheios de mais do mesmo. É preciso colocar sangue novo naquilo que o tempo carcomeu. Há que fique perdido no meio do caminho, mas os santistas do INFECTOR mostram em “Metal da Morte” que Old School Death Metal é com eles.

Formado em 2000, o quarteto é o mais tradicional possível em termos de Death Metal, sem abrir espaços para melodias ou técnica exacerbada. Com eles, é seguir a mesma cartilha que bandas como HYPOCRISY e ENTOMBED antigos, ASPHYX, MORBID ANGEL, DEATH, MASSACRE e outros dessa mesma linha, sem se desviar para os lados. Aqui, a podreira impera, o pau quebra, mas mesmo assim, eles não fazem uma coleção de clichês, mas preferem pegar todos eles e fazer tudo do jeito deles. E isso é bom, pois mesmo longe de ser algo inovador, tem identidade e desce a marreta do Death Metal sem dó nos mais desavisados.

A sonoridade que foi construída para “Metal da Morte” é algo que respeita elementos do passado, mas com o jeito moderno de soar o mais claro possível (mas sem retirar a crueza essencial para o gênero). É algo brutal e explosivo, mas ao mesmo tempo, esteticamente bem feito, pois se compreende tudo que está sendo feito.

Óbvio que com o título do CD, o INFECTOR declara o que é e o que vai continuar sendo pelo tempo que ainda estiver por aqui, logo, não espere nada que não seja vocais guturais urrados (e alguns gritos rasgados aqui e ali), riffs maciços e solos doentios, e uma base baixo-bateria sólida e com boa técnica. E tudo feito da forma mais Old School possível, mas com identidade.

10 pancadas bem dadas aguardam o ouvinte. Mas destacam-se a brutalidade feroz e sem limites de “Apito Final” e “Sob a Luz Vermelha” (ambas com guitarras realmente ríspidas), o peso cadenciado e opressivo de “Canibalismo no Parque do Estado”, as levadas empolgantes de “Emissário Fiel”, e as belas passagens empolgantes de “Coração de Metal” (esta recheada de convidados especiais nos vocais). Mas além delas, as versões do quarteto para os clássicos “Countess Bathory” do VENOM e “Iron Fist” do MOTÖRHEAD ficaram ótimas, respeitando as originais, mas impondo o jeitão Death Metal à moda antiga do INFECTOR.

O quarteto vem para esmagar crânios e gerar torcicolos sem fim, logo, se você gosta de Death Metal anos 90, “Metal da Morte” é para você.

Ouçam sem medo!

Nota: 83%

THE GARD - Madhouse


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Immigrant Song
2. Play of Gods
3. Madhouse
4. The Gard Song
5. Music Box
6. Back to Rock
7. Kaiser of the Sea
8. Panem At Circenses


Banda:


Beck Norder - Vocais, baixo, guitarras
Allan Oliveira - Guitarra solo
Lucas Mandelo - Bateria, backing vocals


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial: www.thegardband.com

Texto: M. Garcia


O Classic Rock, para efeitos de definição, nada mais é do que o velho Hard Rock clássico dos anos 70, ou seja, remete diretamente a grupos como DEEP PURPLE e LED ZEPPELIN. De forma mais direta, é isso, embora muitas sub-concepções possam surgir visando complementar (ou complicar) a sonoridade. E nas mãos de quem sabe, o velho estilo volta a vida sem soar datado ou cheio de mofo. E é justamente o caso do THE GARD, de Campinas (SP), como o álbum “The Madhouse” deixa claro logo de cara.

O trio tem clara referência ao Classic Rock com jeitão Bluesy/Soul do LED ZEPPELIN, embora sejam tantas influências musicais diferentes no caldeirão musical do que eles fazer que acaba sendo difícil estabelecer concepções de forma direta, da mesma forma eclética que o próprio Zeppelin era. Basta dizer que o grupo soa forte, vigoroso e mesmo atual nessa pegada musical, diferindo de tantos que buscam soar o mais “anos 70” possível. Logo, o que o ouvinte deve fazer é ficar com a melhor parte de todas: ouvir “Madhouse” com a única preocupação de se divertir. O resto é mera formalidade intelectual.

Óbvio que muitos pensariam que por se tratar de um disco de Classic Rock, a sonoridade de “Madhouse” seria algo que buscaria desesperadamente soar como se os anos 70 fossem hoje. Ledo engano, pois a crueza que ouvimos tem origem na sonorização dos instrumentos, e não na forma em que foram captados e tratados na mixagem e masterização. Trocando em miúdos: soa atual, forte e vigoroso, mas com energia e aquela boa sensação de estarmos ouvindo uma banda tocando (e não um cérebro eletrônico). Até mesmo esse feeling natural permeia a apresentação do disco, ou seja, sua capa.

Musicalmente, o THE GARD é bem maduro, sabe o que fazer com sua música. Ela soa espontânea, diversificada e eclética, mas de forma alguma pedante. E a vida que transpira de seus arranjos musicais é envolvente, algo cheio de energia. E mais: o trio soa como banda, evitando técnicas minimalistas exacerbadas.

Destacam-se no álbum: uma versão rearranjada e bem pessoal para “Immigrant Song” do LED ZEPPELIN (esse jeitão moderno ficou perfeito, sem descaracterizar a versão original), o jeito pesado e com fluência bluesy de “Play of Gods” (os riffs e solos são ótimos com essa pegada mais introspectiva recheada de feeling), o jeito mais divertido e Rock ‘n’ Roll de “Madhouse” (boa mistura de melodia e agressividade, e uma energia grudenta daquelas), a sensível e tocante “Music Box”, e as harmonias bem ecléticas de “Back to Rock” e “Panem At Circenses” (ambas com belo trabalho dos vocais).

Mas não mencionar o “insight” eclético e contrastes criativos de “The Gard Song” beiraria o injusto. Basicamente ela vai do Folk Rock clássico ao peso desmesurado do Heavy Metal sem pudores, mostrando uma banda que sabe ousar em sua criatividade, mas mantendo a consensualidade de seu trabalho.

“Madhouse” é um disco marcante, que merece ser ouvido com calma, várias vezes, e em alto volume. A complexidade fascinante do THE GARD é a ferramenta ideal para fundir cérebros de quem nos atormenta com gêneros musicais populares do nosso país. Além do mais, essa visão do Classic Rock é bem inovadora!

Ouçam bem alto, pois está nas plataformas digitais.

Google Play: http://bit.do/eeSAo 

Nota: 89%

BLIXTEN - Stay Heavy


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Requiem Aeternam
2. Trapped in Hell
3. Stay Heavy
4. Maktub
5. Strong as Steel
6. Like Wild (bonus track)


Banda:


Kelly Hipólito - Vocais
Miguel Arruda - Guitarras
Aron Marmorato - Baixo
Murilo Deriggi - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://somdodarma.com.br/pt/blixten/ (Som do Darma)

Texto: M. Garcia


Em tudo, existe a dualidade. E em termos de Rock, o atual “revival” anos 70 e 80 que tem ocorrido anda revelando nomes muito bons, e outros bem fraquinhos (estes em geral copiam apenas o que já foi feito). O ponto positivo é o resgate de muita coisa boa feita no passado e que ficou esquecida, mas o negativo é a falta da necessidade de criar algo novo. Como dito, existem bons nomes nessa leva, ente eles o do quarteto BLIXTEN, de Araraquara (SP), que acaba de lançar seu primeiro trabalho, o EP “Stay Heavy”.

Nas canções do EP, se percebe um trabalho musical calcado no Heavy Metal tradicional dos anos 80, uma mistura do que as escolas da Alemanha e dos EUA nos deram (com alguma influência da NWOBHM aqui e ali), ou seja, peso, agressividade e melodias coexistindo sem problemas, com claras influências de JUDAS PRIEST e WARLOCK. Óbvio que existem passagens mais sujas à lá MOTORHEAD e AC/DC, dando aquele toque visceral tão necessário para o gênero. Embora não seja algo original em termos musicais, a banda mostra seu valor, e nem de longe é uma cópia do que já foi feito, mas que estão dispostos a fazerem as coisas ao seu modo.

Em termos de qualidade sonora, “Stay Heavy” mostra força e vigor, com uma sonoridade clara e pesada. E um dos pontos positivos: sabendo que não são uma banda dos anos 80, e que muito menos vivemos naqueles tempos, buscaram uma apresentação mais clara, sem deixar de ter peso. O que a banda usa que nos dá a noção de algo mais visceral é a timbragem de seus instrumentos, que não é complicada. Há momentos que parecem ter ligado baixo e guitarras direto em um amp valvulado e sentaram a pua.

O BLIXTEN é uma banda com uma sonoridade forte e agressiva, que sangra em vitalidade. Mas ao mesmo tempo, sabe criar boas melodias, sem soar repetitivo, datado ou mesmo chato, e se você se sentir assim, você tem algum problema sério nos ouvidos. A energia empolga, as músicas são muito boas, mostrando um grupo que tem muito a mostrar a todos.

Requiem Aeternam” é uma introdução climática que prepara o ouvinte para “Trapped in Hell”, um Hard’n’Heavy pesado e intenso, de apresentação técnica mais simples e com certo toque de MOTORHEAD, mostrando um trabalho muito bom dos vocais. Já com melodias bem feitas moldando a agressividade do trabalho da banda, temos a pegajosa “Stay Heavy”, com um refrão que gruda em nossos ouvidos (e boas passagens de guitarras). Já mais cadenciada e mostrando bom equilíbrio entre peso e melodias, temos “Maktub”, em que o ritmo varia do introspectivo ao peso cadenciado de maneira harmoniosa (o que mostra o valor do trabalho de baixo e bateria do quarteto). Com algo da NWOBHM (especialmente do IRON MAIDEN entre os álbuns “Iron Maiden” e “The Number of the Beast”), temos a cavalar “Strong as Steel”, cuja estruturação harmônica é simples. E fechando, a grudenta e suja “Like Wild”, mostrando mais agressividade e energia.

O BLIXTEN ainda tem muito potencial musical para mostrar, fica claro. Mas estão no caminho certo, e “Stay Heavy” é um senhor EP, que merece ser ouvido no volume máximo.

Ah, sim, “Stay Heavy” pode ser ouvido nas seguintes plataformas digitais:

Spotify: https://goo.gl/U79hNV  
iTunes: https://goo.gl/iqBE3Z  
Napster: https://goo.gl/YvgyTw  

Nota: 86%

SUFFOCATION OF SOUL - Macabre Sentence


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: ABC Terror, Inffernus Productions, Caótica Discos, Violent Records, A Fronteira Produções, Burn Records, The Metal Vox, Resistência Underground, Headcrusher Productions, Psicose Records, Paracusia Distro, Holy Terror Records
Nacional


Tracklist:

1. Crimes Behind the Influence
2. Lifeinvader
3. We Live in Pandemonium
4. The Perpetual Lie
5. Dead Paradise
6. Impios (instrumental)


Banda:


André Costa - Baixo, vocais
Tarcísio Correia - Guitarras
Mauricio Sousa - Guitarras
Márlon Pacheco - Bateria


Ficha Técnica:

Suffocation of Soul - Produção
Breno Fernandes - Produção, mixagem, masterização
Thiago Pereira - Mixagem, masterização
Fernando JFL - Arte da capa
Marlon Pacheco - Arte do encarte


Contatos:


Texto: M. Garcia


Vivemos uma época em que os downloads ilegais causam problemas às vendas de discos, e em que bangers se omitem em presenciar shows no cenário underground, sem falarmos de todas as vicissitudes normais de um país de terceiro mundo (divido em todos os sentidos). Podemos dizer que lançar discos ainda é algo para quem tem peito, coragem de encarar desafios bem encardidos. Mas ainda existem aqueles que possuem muito a dizer, não aceitam esses fatores, e lutam contra o fluxo das coisas. Nesse ponto, o quarteto SUFFOCATION OF SOUL, de Poções (BA), é um autêntico sobrevivente, remando contra a maré com braçadas vigorosas, e soltam mais uma obra deles, o EP “Macabre Sentence”.

Com mais de dez anos de muita luta no underground, o quarteto destila um Thrash Metal à moda antiga, cheio de energia e muito agressivo, embora moldado com boas melodias. Óbvio que influências de nomes como SLAYER, DESTRUCTION e KREATOR (na época mais seminal deles, basicamente entre os dois ou três primeiros discos de cada) são claras, mas eles têm muita personalidade, criando algo deles. Ou seja, pegaram o que é velho, deram uma repaginada ao jeito deles, e nos oferecem um trabalho musical ótimo.

Sim, “Macabre Sentence” é um disco e tanto!

Óbvio que uma produção independente como a deles não vai ter uma superprodução em termos de som. Pelo que ouvimos, essa crueza é algo espontâneo, faz parte da música deles, mas sem que a nossa audição do EP seja prejudicada. Esse som rude tem origem nos tons instrumentais que eles usam, buscando algo mais próximo possível do ao vivo, e com um bom nível de clareza. E ficou muito boa dessa forma, embora pudesse ser melhor.

A arte da capa é bem simples, direta e reta ao ponto. E transparece a energia musical do quarteto, algo bem singular.

Quando falamos da música, podemos dizer que estes 10 anos de experiência faz do SUFFOCATION OF SOULS um dos melhores grupos do estilo no Brasil, sabendo usar de uma técnica musical muito boa, excelentes mudanças de ritmo, e arranjos musicais de primeira para criar algo realmente agressivo e doentio, mas de muito bom gosto.

O EP abre com o caos de “Crimes Behind the Influence”, uma bela mostra de técnica e agressividade aliadas ao bom gosto, com uma energia absurda e boas mudanças de andamento (e um trabalho ótimo de baixo e bateria), seguida de mesmos elementos da envolvente “Lifeinvader” (onde as guitarras estão fantásticas, em riffs destruidores e solos muito bem feitos). Em uma velocidade alta e alguns toques de HC Old School, temos “We Live in Pandemonium”, com um refrão bem marcante, e vocais insanos. Outra com velocidade bem elevada e algo de Crossover é “Dead Paradise”, onde a energia vai nas alturas e a incitação ao slamdancing é certa. Bem mais técnica é a instrumental “Ímpios”, bem espontânea aos ouvidos, e se percebe alguns toques de MOTORHEAD no trabalho deles (e que solos de guitarras ótimos).

Agora, em um parágrafo só para a longa e muito bem burilada “The Perpetual Lie” mostra não só o lado mais bruto do grupo, mas também uma estética melodiosa de primeira, algo diferente de 90% das bandas que pensam que Thrash Metal é sentar paletadas à velocidade nas guitarras e está tudo bom (e não é). Óbvio que ela possui momentos mais velozes (a alternância entre essas passagens é a alma da música), mas como um todo é uma canção que nos mostra o quanto o SUFFOCATION OF SOULS está entre os melhores nomes do estilo no Brasil por ser criativo, sem medo de fazer o que lhes dá na cabeça.

Se você ficou de luto pelo fim do VIOLATOR, eis um nome para não só ocupar o lugar deles, mas superá-los.

Ah, você duvida, não é?

Ouça “Macabre Sentence”, seja sincero consigo mesmo, e terá uma ótima surpresa.

Nota: 88%

sexta-feira, 13 de julho de 2018

FANTASY OPUS - The Last Dream


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Ritual of Blood
2. Heaven Denied
3. Chosen Ones
4. Lust
5. Conquer the Seas
6. Black Angels
7. Every Scar Tells a Story
8. Perfect Storm
9. Oceans
10. Realm of the Mighty Gods
11. King of the Dead


Banda:


Leonel Silva - Vocais
Marcos Carvalho - Guitarra solo
Ruben Reis - Guitarra base
Nilson Santágueda - Baixo
Ricardo Allonzo - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:  
Assessoria:

Texto: M. Garcia


Basicamente, o cenário Metal de Portugal começa a ganhar reconhecimento mundial nos anos 90, com a chegada e lançamento amplo de “Wolfheart” do MOONSPELL. De lá para cá, muitas águas passaram embaixo da ponte, mas a cena lusitana continua a nos oferecer novos nomes de qualidade. Desta vez, temos o quinteto FANTASY OPUS, de Lisboa, que nos mostra seu potencial em “The Last Dream”, segundo disco do quinteto.

A banda trilha os caminhos do Power/Prog Metal, algo na linha de nomes como SYMPHONY X, ou seja, temos uma música bem trabalhada e com bom enfoque na técnica. Mas diferente de tantos, o quinteto cria músicas sólidas e homogêneas, com melodias muito bem pensadas, com bastante enfoque nos refrães (que são dos que se ouve e não mais se esquece), além de passagens com certo acento moderno e alguns toques épicos (por conta dos corais aqui e ali). Além disso, é evidente que as guitarras criam as melodias, já que não há um tecladista fixo no grupo. É uma banda que, mesmo fazendo um estilo que já existe, mostra muita identidade e energia. E sem contar que gruda nos ouvidos.

Traduzindo: os patrícios fazem da audição de “The Last Dream” algo extremamente prazeroso aos sentidos.

Em termos de sonorização, “The Last Dream” é caprichado. O grupo mostra que teve cuidado com sua obra, já que tudo soa claro e pesado nas mesmas proporções, com a escolha dos timbres sendo acertada, em um meio termo entre algo moderno, mas claro, sem graves exacerbados ou gordurosos. Tudo ficou audível, e muito claro. E que capa belíssima, digamos de passagem (parece fazer alusão à coragem portuguesa em desbravar os mares na virada do século XV para o XVI, algo que poucos ousavam). É tão bonita que disponibilizamos o painel inteiro abaixo para todos poderem observar.


Sendo o segundo trabalho do FANTASY OPUS, percebe-se que o grupo usa da experiência para fazer sua música. Há o minimalismo que o estilo deles pede, com arranjos musicais bem esmerados. Mas ao mesmo tempo, é claro que o grupo cultivou seu lado espontâneo, pois como sua música realmente gruda em nossos ouvidos!

Do início ao fim, “The Last Dream” nos encanta, seduz e nos conquista sem muitos esforços. E de suas 11 canções, por mero preciosismo, destacam-se a envolvente “Ritual of Blood” (que belíssimas melodias, vocais e refrão), a beleza pujante de e “Heaven Denied” (outra com um refrão fantástico, fora dar um pouco mais de ênfase ao peso, com ótimos riffs e solos de guitarras), e o peso técnico e intenso de “King of the Dead”

De “Conquer the Seas” até “Realm of the Mighty Gods”, aparentemente temo uma epopéia épica, onde as letras contam uma estória única, por isso, abrimos outro parágrafo para falar nelas.

“Conquer the Seas” é cheia de lindos fraseados de guitarras, dando uma vida épica e elegante à canção. Em “Black Angels” temos uma faixa mais introspectiva e bela, talvez falando das dificuldades da viagem. Peso e modernidade se aliam a uma enorme dose de agressividade em “Every Scar Tells a Story”, cujas melodias nos embalam (e baixo e bateria mostram técnica e peso, conduzindo muito bem os ritmos da canção). A longa e multi-climática “Perfect Storm” é uma autêntica viagem “heavyssíva”, cheia de partes diferentes e que são conectadas umas as outras com perfeição (e cuja interpretação dos vocais é algo realmente impressionante). A curta “Oceans” é uma instrumental que vai preparando o ouvinte para “Realm of the Mighty Gods”, uma canção cheia de energia que entra nos ouvidos e você não se esquece dela por conta das melodias de fácil assimilação. Mesmo que este autor esteja errado sobre o conteúdo lírico, podem apostar: são todas excelentes canções.

O FANTASY OPUS merece aplausos, pois é uma banda e tanto. Logo, ouçam “The Last Dream” bem alto, pois este disco merece.

Nota: 93%