terça-feira, 30 de outubro de 2018

ALTÚ PAGÁNÁCH - The Wizard


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Dance of the Wizard
2. The Magic
3. Ash Nazg DurbatulÛK
4. Ash Nazg
5. Frerin
6. Iron Music
7. The Battle of the Ancients
8. The Dream
9. Altú Págánach
10. Melkor Rise
11. Walking With Tolkien
12. Bauglir Forest
13. Old Wisdom
14. Nirnaeth Arnoediad


Banda:

Lord Maleficarum T. I. Typhonis - Baixo, teclados, vocais, vocais barítonos, efeitos


Ficha Técnica:

Dungotheb - Produção
Lord Swordblood - Bateria


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Fazer o chamado Folk Black Metal não é lá um caminho muito simples. Óbvio que muitos se iludem, achando que basta apenas ligar os instrumentos e sentar os dedos. E não, não é assim. Há a necessidade de saber ambientar sua música, dar uma atmosfera que transpire o clima Folk Metal, mas ao mesmo tempo (no caso do Black Metal), é preciso saber bem como usar os elementos agressivos e crus. Nisso, o Brasil tem alguns bons nomes, e um dos melhores é o do ALTÚ PAGÁNÁCH. E é bom ouvir o novo trabalho deles, “The Wizard”, que acaba de ganhar duas versões diferentes pela Cold Art Industry Records.

Sonoramente, temos algo cru e ríspido, como as bandas de Black Metal faziam entre os anos de 1992 a 1996, ou seja, algo sujo e abusando da “estética do feio”. Ao mesmo tempo, a presença de elementos Folk Metal no meio de suas composições é claro (pois existe uma “planta baixa” específica para Folk Black Metal, bem delineada por bandas como SUMMONING e RAGNAROK UK). E o ALTÚ PAGÁNÁCH (hoje uma “one man band”) sabe bem o que está fazendo. E é preciso deixar claro que há muitas intervenções com efeitos, faixas climáticas para criar a ambientação necessária, pois “The Wizard” é baseado na história de Radagast, o Marrom, um dos personagens do universo de J. R. R. Tolkien.

A produção é suja e crua. Como um disco de Folk Black Metal de raiz, é isso que poderíamos esperar, e assim o é. Óbvio que um pouco menos de crueza ajudaria o disco a soar bem melhor, mas ao mesmo tempo, é preciso entender que o estilo possui uma estética sonora diferenciada, criada na virada dos anos 80 para os 90, e a banda preferiu se apegar a ela. Tanto é que a partir da canção “Altú Págánach”, as coisas ficam ainda mais cruas.

O lado gráfico, por sua vez, é mais bem trabalhado, sendo que as duas versões de “The Wizard” diferem nesse aspecto: uma é em Digipak com pôster A3 e numeradas a mão; a outra, em acrílico com adesivo, pôster e obi. Seja qual for sua escolha, a satisfação é garantida.

Jewelcase
Digipak

Musicalmente, “The Wizard” nos permite compreender melhor o que o ALTÚ PAGÁNÁCH se dispõe a ser e tocar. Apesar da crueza sonora, se percebe uma banda que faz algo sonoramente simples e funcional, mas com arranjos que fazem a diferença, além de alternar partes mais brutais com outras mais Folk. E é essa a alma do que se denomina Folk Black Metal, o que pela banda, é feito com maestria.

O disco inteiro é ótimo, pois faixas como “Dance of the Wizard” (a alternância entre vocais com timbres Folk e outros rasgados é muito boa), “Ash Nazg DurbatulÛK” (rápida, curta e brutal, onde fica mais claro o lado Black Metal do grupo), “The Battle of the Ancients” (que apresenta algumas boas variações de ritmo), “Altú Págánach” (há um toque “gélido” à lá Old School Black Metal aqui, algo que se costumava ouvir em bandas como EMPEROR e SATYRICON em seus discos de estreia), “Melkor Rise” (onde os elementos da anterior se combinam com muitas partes Folk melancólicas). E é interessante notar que a tetralogia formada por “Walking With Tolkien”, “Bauglir Forest”, “Old Wisdom” e “Nirnaeth Arnoediad” é toda instrumental, criada em cima de teclados, algo explorado em trabalhos de MORTIIS e mesmo do PAZUZU.

O trabalho do ALTÚ PÁGÁNACH é muito bom, sem sombra de dúvidas, mas ainda acredito que uma gravação mais polida (só um pouco mais) não descaracterizaria sua música, mas a valorizaria mais.

Nota: 80%

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

MALKUTH - Voodoo


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Rite of Fullmoon Over the Sepultures
2. Shoot to Kill (je$u$)
3. The Old Blade
4. Anticristum (Belicus)
5. Dead (Cold as a Graveyard)
6. Voodoo (Demoni Invocation)     
7. Dense Forest, Nocturnal Paths
8. Place of Pain, Desolation, Sadness & War
9. Shadows


Banda:


Sir Ashtaroth - Vocais, guitarra base, violão de 12 cordas, backing vocals
Destroyer - Bateria, backing vocals
Dmysteriis - Baixo, backing vocals
Agares - Guitarras, backing vocals, teclados, violão de 12 cordas


Ficha Técnica:

Joel Lima - Produção
Malkuth - Produção
Wagner de Matos - Artwork
Black Shiva - Djembe, percussão, violão de 12 cordas em “Rite of Fullmoon Over the Sepultures”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/MALKUTH/38 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Ao se falar no cenário mais extremo do Metal brasileiro, muitos nomes antigos acabam sendo esquecidos. Estes são justamente aqueles que ajudaram a criar o que temos de cenário nos dias de hoje. Existem lendas por aí, tocando e não sendo reconhecidos por seu enorme valor. Um dos que merecem aplausos é o do grupo pernambucano MALKUTH, que há mais de 20 anos alimenta as chamas do Metal no Nordeste do Brasil. E é bom vê-los na ativa, ainda mais agora, lançando seu novo trabalho, “Voodoo”.

Sendo o sétimo trabalho do grupo, o que “Voodoo” vem mostrar?

O fato é que o quarteto, conforme os anos foram passando, foi lapidando o Black Metal soturno e influenciado pela escola grega. Hoje, percebem-se nuances de Thrash Metal e Death Metal em sua música, mas sem descaracterizar a aura sombria de seu trabalho musical. Ou seja, está mais bruto e trabalhado que antes, ainda com estruturas harmônicas que ajudam a banda a ser mais palatável aos ouvidos não iniciados em Black Metal. Além disso, “Voodoo” tem maior orientação às guitarras, diferentemente de seus discos anteriores, onde toda a ambientação vinha dos teclados (mas isso não quer dizer que eles estejam ausentes, pois as partes ouvidas em Anticristum (Belicus)” são ótimas). Mas é bom se prepararem, pois a velha agressividade continua presente, bem como suas melodias e energia empolgantes.

Ou seja, o MALKUTH mostra-se um pouco diferente de antes, mas ainda assim, mantém sua identidade.

A produção sonora do disco ficou muito bem feita. Justamente essa busca pela miscigenação de sua música com influências mais brutais os levou a uma sonoridade mais seca, limpa, mas sem perder o impacto ou o peso de antes. Além disso, a escolha dos timbres dos instrumentos foi muito sábia, com algo mais claro e inteligível, o que lhes deu maior clareza, o que nos dá a real impressão de como o quarteto é talentoso.

Nisso, a arte gráfica nos leva a uma apresentação visual profana e carregada, de uma forma mais direta, “na lata”, algo que o grupo não explorara de forma tão escancarada. Mas ficou ótima, mostrando um lado ainda mais enegrecido da banda.

Mas não se enganem. Se não podemos rotular o quarteto como o “ROTTING CHRIST brasileiro”, podemos garantir que agora estão em outro nível, com um trabalho mais personalizado. Além disso, existem partes que nos levam a pensar no DISSECTION e na escola Death/Black da Suécia em vários momentos. Os arranjos estão mais bem cuidados, as canções se tornaram mais curtas e diretas, mas novamente: ainda é o MALKUTH, e isso é mais que suficiente para garantir um bom disco.

O disco é bem homogêneo em termos de qualidade das composições, todas elas apresentando momentos ótimos. Mas a fenomenal “Shoot to Kill (je$u$)” (focada inteiramente nas guitarras, com ótimo trabalho de riffs, além de mudanças de ritmo excelentes), a veloz “The Old Blade” (outra em que as guitarras estão ótimas, junto com um jeitão Death/Black Metal moderno graças aos arranjos), “Dead (Cold as a Graveyard)” (uma canção mais ao jeito antigo, com muitas partes de teclados, mas ainda com a força melódica vindo das guitarras, e onde baixo e bateria se destacam),  “Voodoo (Demoni Invocation)” (uma faixa sólida, compacta como uma rocha, e feita com linhas melódicas mais simples, mas com ótimos arranjos), “Dense Forest, Nocturnal Paths” (que tem a simplicidade e força que conhecemos de obras como “Under a Funeral Moon” e “Thy Mighty Contract”, mostrando um conjunto de mudanças de tempo excelentes), e “Shadows” (onde velhos e novos elementos do trabalho do grupo se encontram harmoniosamente e criam uma canção excelente, com vocais urrados à lá Old School) formam a espinha dorsal de “Voodoo”.

Um disco corajoso, feito por veteranos que não possuem medo de ousar. E dessa forma, o MALKUTH mostra-se vivo e preparado para novos desafios.

Nota: 94%

OLDLANDS - Prayers for Nothing


Ano: 2018
Tipo: Single
Selo: Diabo Records
Nacional


Tracklist:

1. Prayers for Nothing


Banda:


Vox Morbidus - Vocais, todos os instrumentos


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/OLDLANDS/61 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Quando o Black Metal ressurgiu dos porões do underground no início da década de 90, e graças às mutações sofridas (o fato de bandas de Thrash Metal e Death Metal da primeira metade dos anos 80 terem influenciado pioneiros da SWOBM como MAYHEM, DARKTHRONE, BURZUM, MARDUK e outros), ganhou uma sonoridade diferenciada. Agora se podia dizer que o Black Metal não era apenas um rótulo, mas uma forma diferente de se fazer Metal. E uma característica daqueles tempos que era interessante eram as “one man bands”, ou seja, as bandas onde tudo era gravado por um único integrante e sem o compromisso de fazer shows. E essa característica ainda é forte ao ponto de ser vista no trabalho do OLDLANDS, de Curitiba (PR), que chega com o Single “Prayers for Nothing”.

Vox Morbidus já é conhecido por fazer um Black Metal bem enraizado na velha guarda com o MORTUO, mas nesse novo trabalho, a coisa realmente vai se aproximando mais e mais daquela sonoridade crua e realmente negra do início dos anos 90. Usando da “estética do feio”, se percebe que o foco não é a brutalidade ou mesmo soar sujo de forma parnasiana, mas usando de melodias sombrias e um instrumental carregado. Vai lembrar demais os fãs das linhas melódicas soturnas de bandas como SATYRICON e ANCIENT de seus primeiros discos, mas pulsando com personalidade própria. Pode não ser inovador, mas é muito bom.

Apesar do enfoque cru dado à sonoridade, na produção se percebe que há uma preocupação de ser próximo ao que discos como “Svartalvheim” e “The Shadowthrone”, ou seja, é ríspido e sujo, mas nos permitindo compreender o que está sendo tocado. Óbvio que os timbres sonoros usados são bem orgânicos, rebuscando mesmo o que era feito na Noruega, Suécia, Finlândia e Grécia na primeira metade dos anos 90, quando gravar um disco de Black Metal era uma tarefa árdua.

A verdade é que o Single “Prayers for Nothing” é um aperitivo e tanto, pois mesmo não reinventando a roda, o Black Metal que ouvimos é a concepção que muitos fãs tem do gênero: uma massa sonora de arranjos mais simples, combinando boas mudanças de tempo, riffs diretos e que seduzem os ouvintes rapidamente (sem mencionar que existe solo de guitarra, algo bem raro no estilo), base rítmica sólida e vocais rasgados em tons bem altos, sem falar nas ambientações fúnebres dos teclados. Tudo funcionando para que a canção seja excelente.

Que mais bandas como o OLDLANDS surjam e mantenham a velha chama acesa... Só quem viveu os anos 90 entenderá o motivo dessas palavras sobre “Prayers for Nothing”, e que ele seja um leve aperitivo para um futuro álbum...

SAD THEORY - Entropia Humana Final


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Willard Suitcases
2. Antífona
3. Maestro
4. Inanição
5. Punhais Longos, Cortes Profundos
6. A Cadela de Buchenwald
7. Occipício
8. A Alvorada das Hienas
9. S-21
10. Before my Turn, Agonizing
11. Entropia Humana Final


Banda:


Cláudio Rovel - Vocais
Alysson Irala - Guitarras
Wenttor Collete - Guitarras
Daniel Franco - Baixo
Jefferson Verdani - Bateria


Ficha Técnica:

Alysson Irala - Produção, mixagem, masterização
Guilherme “Luxyahak” Medina - Vocals limpos “em Inanição”
Wenttor Collete - Teclados em “Entropia Humana Final”
Tersis Zonato - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/artistas/SAD+THEORY/62 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


A história do Metal brasileiro não é feita apenas de nomes gigantes ou médios. Mais de 80% das bandas do país vivem relegadas ao underground, e mesmo serem enormes em suas regiões, mas que devido às dificuldades causadas pelas grandes distâncias e falta de economia decente, acabam ficando restritas aos cenários de suas cidades/estados. E isso é uma pena, pois bandas como o SAD THEORY, um veterano de 20 anos de lutas em Curitiba (PR) merece respeito. Que o diga o novo disco do grupo, Entropia Humana Final”.

Fazendo algo que podemos dizer que transita entre o Technical/Melodic Death Metal com algumas suaves nuances de Thrash Metal, o grupo mostra um trabalho musical bem pensado, criado sob uma identidade sonora forjada por lutas, sucessos e insucessos dentro da cena. E sendo o sexto álbum do grupo, se percebe que é uma musicalidade madura, calcada em muitas influências dos anos 8 e 90, mas com personalidade e energia de sobra, tudo sob uma base sonora formada pela homogeneidade entre os instrumentos musicais e vocais (ou seja, todos possuem o mesmo destaque e valor em termos de composição).

Sim, “Entropia Humana Final” é um disco muito bom.

A sonoridade do disco ficou bem muito bom nível, pois tudo é compreensível aos ouvidos, mostrando um trabalho bem feito em termos de mixagem e masterização. É bruto e bem feito, com uma timbragem instrumental muito boa. Peso, energia e agressividade alinhados de forma a tornarem o disco um autêntico murro nos ouvidos mais incautos.

Na parte de arte gráfica, capa e ilustrações do encarte usam tons mais sombrios, já que a mensagem das letras da banda é dura (mas baseadas inclusive na literatura, como mencionado no encarte).

O SAD THEORY sabe balancear muito bem os aspectos sonoros de seu trabalho. Sem focar mais nas melodias ou na agressividade, eles conseguem mostrar algo diferenciado em um cenário musical onde as velhas fórmulas já foram gastas pelo uso excessivo. Arranjos dinâmicos criam partes musicais que se encaixam como um quebra-cabeça, e quem ganha com isso é o ouvinte. Aliás, é preciso dizer que muito da música do quinteto aglutina influências mais modernas, e assim, a música da banda não soa datada em momento algum.

Em 11 músicas, o grupo mostra enorme coesão, e que a experiência musical aliada ao bom gosto imperou na composição de cada uma delas. E destacam-se “Willard Suitcases” (o peso agressivo do Death/Thrash Metal é intenso, mas próximos ao refrão, surgem melodias excelentes, e que guitarras ótimas em riffs e solos), “Maestro” (partes técnicas ótimas de baixo e bateria, que mantém uma base rítmica sólida e muito pesada), “Inanição” (belos vocais limpos contrastando com os guturais, sem contar que o andamento lento privilegia o lado mais pesado e melódico do grupo), “A Cadela de Buchenwald” (cheia de variações de riffs, e outra que transita entre a brutalidade e melodias de forma incrível), “Occipício” (um andamento dinâmico e que gruda em nossos ouvidos, nos levando a balançar a cabeça sem nem mesmo percebemos, e isso sem perder o “approach” técnico), “A Alvorada das Hienas” (curta, grossa, mas cheia de alinhavos melódicos fortes no meio de tanta agressividade), e a versão da banda para “Before my Turn, Agonizing”, do grupo paranaense INFERNAL (que ganhou uma vida nova e um alinhavo mais melodioso, mas respeitando sua estrutura original). E a longa e trabalhada instrumental “Entropia Humana Final” é excelente (mesmo depois de um longo silêncio, temos uma parte de cordas ótima).

A verdade é: todo fã de Metal do Brasil deveria dar uma chance a si mesmo e conhecer o trabalho do SAD THEORY. “Entropia Humana Final” justifica estas palavras.

Nota: 85%

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ANTHRAX - The Greater of Two Evils


Ano: 2014 (lançamento) / 2018 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Deathrider
2. Metal Thrashing Mad
3. Caught in a Mosh
4. A.I.R.
5. Among the Living
6. Keep It in the Family
7. Indians
8. Madhouse
9. Panic
10. I Am the Law
11. Belly of the Beast
12. N.F.L.
13. Be All End All
14. Gung-Ho


Banda:


John Bush - Vocais
Rob Caggiano - Guitarra solo
Scott Ian - Guitarra base, vocais, guitarra solo em “Panic” e “Anthrax”
Frank Bello - Baixo, backing vocals
Charlie Benante - Bateria


Ficha Técnica:

Anthrax - Produção
Rob Caggiano - Engenharia de som, mixagem
Anthony Ruotolo - Engenharia de som
Michael Rich - Engenharia de som
Joey Vera - Engenharia de som


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Fazer discos de regravações é sempre lidar com o perigo. E quanto maior e mais importante a banda, isso vai ganhando contornos de tragédia, especialmente se houveram mudanças de formação. Mas existem bandas que mostram os dentes e encaram sem medos desafios. O ANTHRAX nunca foi comodista, logo, ouvir o trabalho da banda em “The Greater of Two Evils”, relançado pela Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast Brasil, é um enorme prazer.

O que este disco tem, afinal de contas?

Na realidade, “The Greater of Two Evils” é um gravado “ao vivo em estúdio”, com músicas clássicas que foram votadas pelos fãs na época pelo site do quinteto. O mais interessante é notar que a formação da época fez bonito em velhas canções, mantendo suas características originais, mas impondo suas personalidades, trazendo assim uma vida nova ao que já era ótimo. E um dos pontos mais fortes é perceber como músicas das fases de Neil Turbin e Joey Belladonna. Sim, temos faixas que estiveram em todos os discos do grupo de vocalista que gravou “Fistful of Metal” (de 1984) até “Persistence of Time” (de 1990). E como a banda já estava em alta mais uma vez com os fãs de Thrash Metal devido ao sucesso de We’ve Come for You All, não tinha como dar errado.

Desta forma, “The Greater of Two Evils” é um disco moderno, pesado, mas que honra o passado do grupo.

Produzido pelo próprio quinteto, o disco tem as mãos de Rob Caggiano na mixagem, levando em conta que a espontaneidade e “feeling” orgânico não fossem perdidos. Mas ao mesmo tempo, se compreende o que a banda toca claramente, mesmo tendo em mente que os timbres instrumentais são bem “plug ‘n’ play”, ou seja, a banda entrou, regulou seus instrumentos e tocou sem ter compromisso algum com infinitas edições digitais posteriores (se percebe isso claramente durante as partes de solos de “Caught in a Mosh”, pois só existe uma linha de guitarra base, nada mais que isso). E a arte da capa, como sempre, mostra algo diferente do universo do Thrash Metal, ou seja, nada de referências a temas sociais ou capetarias.

O fato é: “The Greater of Two Evils” marca um novo tempo para o quinteto, uma vez que é o último registro dessa formação (o vocalista John Bush sairia da banda em 2005, e apesar de participar de shows entre 2009 e 2010, não mais gravou discos de estúdio com o grupo), pois apesar do jeito moderno, este disco reaproximou o ANTHRAX de suas raízes, de sua musicalidade característica e conhecida por seus fãs.

E sobre as músicas, óbvio que sempre vai ter aquele papo de “ah, faltou essa”. Mas será que o grupo teria como realmente cumprir o desejo de todos?

No mais, é preciso dizer que a abordagem para velhos clássicos como a insana Deathrider” (cheia de passagens quebradas e com vocais vigorosos, mas mantendo a energia insana de antes intocada), a simplicidade cheia de energia de “Metal Thrashing Mad” (primeiro clássico do grupo entre fãs e críticas, e o solo de guitarras ficou de primeira nessa repaginada), os tempos insanos de “Caught in a Mosh” (onde o trabalho de baixo e bateria é de primeira, fora os vocais e backing vocals tão legais) e em “A.I.R.”, a energia de “Keep It in the Family” (digamos que essa versão consegue finalmente colocar tudo que a canção poderia para fora), a trinca de ouro formada pelas clássicas “Indians” (onde alguns arranjos de bateria são novos), “Madhouse” (as guitarras mantém aquele jeito insano e melodioso da original, sem falar que o baixo está brilhante) e “Panic” (com aquele jeitão Heavy/Power Metal seminal da primeira metade dos anos 80 ainda presente, apenas com uma roupagem mais atual), o hino “I Am the Law” (espero que todos lembrem que ela é uma homenagem ao Judge Dredd, célebre personagem de quadrinhos), e a passagem bombástica de “N.F.L.” e “Gung-Ho”. Óbvio que todas as outras são perfeitas, clássicos que marcaram a vida de muitos, e essa lista serve de mera referência.

A verdade é que “The Greater of Two Evils” nasceu para reconectar o ANTHRAX com eles mesmos, mostrar que poderiam ir adiante, mas sem abandonar seu passado cheio de glória.

Ouçam até sangrarem os ouvidos, pois esse disco merece!

Nota: 100%