Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional
Tracklist:
1. Fury
2. Carnivorous Lamb
3. Sugar
4. The Praying Mantis’ Strategy
5. Monnalisa
6. Worship and Forget
7. Absinthe
8. Pissing on the Score
9. The Day We’ll Be Gone
10. Embrace the Oblivion
11. Veleno (instrumental)
12. Reise, Reise (Bônus)
13. The Forsaking (Nocturnal Version) (Bônus)
Banda:
Paolo Rossi - Baixo, Vocais limpos
Francesco Paoli - Vocais, Guitarras, Bateria
Francesco Ferrini - Piano, Orquestrações
Ficha Técnica:
Jacob Hansen - Mixagem,
Masterização
Marco “Cinghio” Mastrobuono
- Gravação
Daniele Marinelli - Gravação
(adicional)
Matteo Gabbianelli - Edição
(adicional)
Travis Smith - Capa, Artwork
Aurora Bacchiorri - Violinos
Lucrezia Sannipoli -
Violinos
Federico Micheli - Viola
Tommaso Bruschi - Violoncelo
Federico Passaro - Baixo
acústico
Daniele Marinelli - Bandolim
Maurizio Cardullo - Gaita
Irlandesa
Matteo Flori - Percussão
Orquestral
Veronica Bordacchini -
Vocais (soprano)
Fabio Bartoletti - Guitarra
Solo
Contatos:
Site Oficial: https://shop.fleshgodapocalypse.com/
Instagram: https://www.instagram.com/fleshgodofficial/
Assessoria:
E-mail:
Texto: “Metal Mark” Garcia
Introdução:
Há muito de discute a
influência da Música Clássica no Heavy Metal, e basicamente quando ela começou
a surgir.
No documentário “Metal
- A Headbanger’s Journey” (do antropólogo Sam Dunn), existe esta discussão, mas é fato consumado que, desde
as origens, nomes como Wolfgang Amadeus
Mozart, Ludwig van Beethoven, Niccolò Paganini, Johann Sebastian Bach, Richard
Wagner e tantos outros estão no bojo cultural do Metal, seja pelo motivo
que for.
Há alguns anos, com o
surgimento das vertentes sinfônicas no Metal, isso se tornou ainda mais
evidente, mas a verdade seja dita: o trabalho digno de “estado-da-arte” do grupo italiano FLESHGOD APOCALYPSE já vinha se destacando bastante, e com “King”
(2016), atingiram certo renome. Mas seu novo disco, “Veleno” (que em italiano
significa “veneno”), o grupo se superou e criou uma obra-prima em termos
musicais!
E ainda bem que a aliança da Shinigami
Records com a Nuclear Blast Brasil
permite o acesso mais fácil a todos.
Análise geral:
A priori, o grupo vem
reduzido a um trio, pois Tommaso
Riccardi (vocais, guitarra base) e Cristiano
Trionfera (guitarra solo, backing vocals) saíram do grupo em 2017, e com
isso, Francesco Paoli, que era
baterista, assumiu as guitarras e os vocais (e também gravou as partes de
bateria do disco). A identidade musical do grupo não se alterou, pois o grupo
continua fazendo o Symphonic/Technical Death Metal de antes, mas extrapolaram
em tudo.
Basicamente, “Veleno”
não é apenas um disco, mas uma obra de arte, com toda uma ambientação clássica vinda
dos movimentos Barroco, Clássico e Romântico (tanto na concepção musical como
na estética visual), permeado de orquestrações, vocais e corais de ópera,
lindas melodias em ambientações que variam do brutal ao suave e então o neoclássico
sem pudores, criando contrastes perfeitos, vocais sopranos, teclados e pianos
perfeitos, orquestrações minimalistas, e instrumentos de orquestra criando uma
colcha instrumental perfeita. Fora isso, há muito de Era Vitoriana em termos de
letras, e mesmo um toque burlesco em alguns momentos.
Arranjos/composições:
Anteriormente, em “King”,
a banda já havia feito algo de bom gosto e que transcendia fronteiras. Mas como
“Veleno”,
o trio vem derrubando qualquer tipo de limite e destroçando modelos musicais.
O minimalismo impera, o
experimentalismo é extrapolado, e tudo para criar uma música rica, forte e
vigorosa, pesada e elegante, agressiva e melódica, com todo um “insight”
espontâneo. Os tempos se alternam de forma caótica e inesperada, mas sempre
consensual, as guitarras estão fenomenais, e tudo isso sob uma imensa e sólida
carapaça sinfônica.
Óbvio que os instrumentos
tradicionais estão fazendo um trabalho excelente, mas não destoam dos
instrumentos orquestrais. Pelo contrário: a fusão é perfeita!
Qualidade sonora:
“Veleno” foi gravado em duas etapas: as partes voltadas ao
Metal foram captadas em Roma, nos estúdios Bloom
Recording Studio e Kick Studio, tendo o produtor Marco Mastrobuono os acompanhado nessa
parte; já as partes orquestrais foram gravadas no Musica Teclas Studio, em Perugia. E tudo foi entregue a Jacob Hansen nos Hansen Studios para ser mixado e masterizado. Basicamente, a banda
levou apenas 3 meses (tendo em vista bandas que gastam meses, e mesmo anos no
processo de composição) para toda a produção do disco.
Óbvio que mesclar tantos
elementos e instrumentos musicais não foi algo simples, mas a presença de Jacob foi providencial para equilibrar
cada aspecto sonoro, e manter tudo audível, sem problemas. Dessa forma, peso,
melodia e clareza estão no mais alto nível possível, possibilitando o ouvinte a
acessar cada mínimo detalhe sem problema algum.
Arte gráfica/capa:
Para dar uma arte digna de
um disco desse porte, o artista norte-americano Travis Smith (conhecido por ter feito artes gráficas para ICED EARTH, AMORPHIS, OVERKILL, CRADLE OF
FILTH, ANATHEMA, DEATH, entre outros) foi contratado. E todo
desenvolvimento gráfico pegou a idéia de “Veleno”, transitando entre a arte
clássica e o terror, e de muito bom gosto.
Destaques musicais:
É a parte onde realmente
fica difícil...
“Veleno” é um disco sem pontos fracos. É homogêneo e sólido,
soprando um frescor enorme em meio a um cenário já bem desgastado.
“Fury” abre o disco com bastante peso e agressividade, mas
mantendo o equilíbrio entre os elementos clássicos e as partes Metal, e sem
mencionar o trabalho de baixo e bateria (que está fantástico em todo disco).
Com belíssimas melodias e guitarras furiosas nos riffs (e com solos bem
construídos), “Carnivorous Lamb” é poderosa, sem mencionar o contraste entre
vocais urrados, limpos e sopranos. O fogo brutal e neoclássico que cozinha
elementos díspares no caldeirão chamado “Sugar” (um dos primeiros Singles do
disco), fluindo do brutal e opressivo ao melódico de forma magistral (a letra
parece ser um manifesto em relação ao consumo de drogas injetáveis). A singela “The
Praying Mantis’ Strategy” é uma introdução para a ultra-romântica e
sedutora “Monnalisa” (outra com muitas variações vocais, e momentos
introspectivos inspirados no Gothic Rock, mas cheia de crescendos clássicos, e
assim, os teclados se destacam, e se Lord Byron fosse um músico de Metal,
certamente faria algo dessa maneira). Em “Worship and Forget”, o lado mais brutal
e agressivo domina, justamente pelo uso de andamentos mais rápidos, mas certo
alinhavo clássico está presente. Cheia de partes grandiosas com melodias
pegajosas e vocais sopranos, “Absinthe” tem a essência da
literatura Vitoriana pulsando em suas harmonias (reparem bem nos contrastes
vocais mais uma vez). Pianos permeiam a mais melodicamente sinuosa “Pissing
on the Score”, e se destacam mais uma vez na introspectiva e plenamente
na ópera extrema “The Day We’ll Be Gone” (os vocais em soprano contrastam
belamente com os guturais e limpos agonizantes), e as guitarras vão tecendo
melodias aconchegantes. Em “Embrace the Oblivion”, peso,
melodia e momentos grandiosos se alternam, com baixo e bateria se destacando
por sua técnica e pelo peso dado à diversidade de ritmos. “Veleno” fecha o disco,
sendo uma instrumental de piano com um toque clássico perfeito.
A versão nacional ainda
possui duas faixas extras: “Reise, Reise”, outra em que
agressividade e peso se aliam à partes sinfônicas perfeitas, e de onde os teclados
elevam uma aura completamente à lá Mary
Shelley em muitos momentos, embora no todo, os momentos introspectivos
sejam mais evidentes. E “The Forsaking (Nocturnal Version)” é
uma versão introspectiva e soturna, feita em teclados e voz, da canção que está
em “Agony”,
disco de 2011 do grupo, e que ficou ótima nessa ambientação ainda mais
melancólica que a original, onde exploraram a mesma música, mas de forma
diferente.
Conclusão:
Encerrando, “Veleno”
é um dos grandes discos do ano, sem sombra de dúvidas, mostrando que o FLESHGOD APOCALYPSE é capaz de se
reinventar mais e mais, capaz de renovar sua música mesmo em meio às
vicissitudes que uma banda de Metal passa.
Bebam desse doce veneno, se
embriaguem e se deixem levar por esta obra de arte em forma de música.
Nota: 10,0/10,0
Carnivorous Lamb
Sugar
Worship and Forget
Spotify
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