Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional
Tracklist:
1. Flow (intro)
2. Before the Plunge
3. They Arrive
4. Tears in Rain (intro)
5. At Tannhauser Gates
6. Nexus 9 (intro)
7. Blackout Afterglow
8. A Bitter Taste
9. The Wasteland (intro)
10. Fury Road
11. The Agonizing Wail
12. The Burning Dogma
13. Scourge of the Earth
Banda:
Luiz Artur -
Vocais
Gustavo
Polidori - Guitarras
André Buck -
Guitarras
André Martins
- Baixo
Lucas Emidio
- Bateria
Ficha
Técnica:
Brendan Dufay
- Produção, Mixagem, Masterização
Rafael
Augusto Lopes - Gravação
Raquel Lopes
(VOX ígnea) - Vocais em 3
Contatos:
Site Oficial:
Instagram: www.instagram.com/hatematter
Assessoria: http://www.asepress.com.br/music
(ASE Music)
E-mail: hatematter@gmail.com
Texto: “Metal Mark”
Garcia
Introdução:
Por conta da
falta de cultura e mesmo de ensino de alto nível no Brasil, muitos fãs de Metal
tendem a manter posicionamentos extremamente conservadores, não se permitindo
ouvir tendências sonoras modernas. Talvez isso seja a fonte de muitas bandas
Old School do Brasil terem um enfoque tão oitentista que acabam tentando (e não
conseguindo) emular a crueza sonora da época. O caminho não é esse. Isso é
estar em uma caverna ideológica idêntica à da Alegoria da Caverna de Platão.
Raros são os
que, no Brasil, se atrevem a trilhar moldes de vanguarda. Mas eles existem, e
um deles é o quinteto HATEMATTER, de
São Paulo. “Metaphor”, terceiro álbum da banda, atesta isso.
Análise
geral:
Basicamente,
eles são uma banda de Death Metal moderno com a pegada mais melódica e esteticamente
bem cuidada do que conhecesse como “Gothenburg Death Metal”, ou seja, aquele
Death Metal agressivo, mas lapidado com boas melodias, praticado por nomes como
IN FLAMES, SOILWORK, AT THE GATES e DARK TRANQUILLITY em suas fases mais
iniciais. Mas calma lá: o quinteto vai além disso, pois tem personalidade
própria.
Ou seja, a
música do quinteto é tecnicamente bem feita, solda e pesada, onde o balanço
entre melodias e agressividade está ótimo. A energia que flui das canções é
absurda!
Arranjos/composições:
Na linha das
bandas citadas, é fácil encontrar contrastes entre vocais rasgados, guturais e
limpos, bem como entre momentos limpos e introspectivos com rispidez desmedida.
Tudo isso com ritmos que se alternam bastante, boa diversidade técnica, e mesmo
partes tribais aparecem (como em “Blackout Afterglow”).
É
interessante ver como a energia que flui desse disco é algo abusivo, e pode causar
dor nos tímpanos dos menos acostumados. Aliás, a capacidade da banda arranjar
suas canções de forma consensual, bem como de criar ótimas melodias e momentos
pegajosos é algo incrível!
Qualidade
sonora:
“Metaphor” foi gravado no Brasil, sendo que tudo
foi feito no estúdio Casanegra, sob
a supervisão de Rafael Augusto Lopes.
A Produção, mixagem e masterização (feitas nos EUA) são de Brendan Duffey. Desta forma, a banda recebeu uma qualidade sonora
perfeita para que sua música soe viva e agressiva, unindo peso, melodia e
agressividade em um formato moderno e coeso.
A timbragem
dos instrumentos ficou excelente, de uma forma que tudo pode ser compreendido,
mas as guitarras e baixo fugiram daqueles tons gordurosos que muitas bandas
mais modernas utilizam. Por isso, está distante sonoramente do New Metal (este
autor se recusa a escrever errado) e do Metalcore.
Arte
gráfica/capa:
A capa possui
um design até simples, mas que permite muitas interpretações diferentes. Fica
óbvio que a temática das letras do quinteto lida com temas de um futuro
distópico e claustrofóbico, como o visto em livros e filmes como “Blade
Runner” (1982). Papo cabeça profundo e mostrando algo que tanto anda em
falta ao povo de nosso país: maior profundidade cultural.
Destaques
musicais:
Pode-se dizer
que “Metaphor”
é um disco corajoso, justamente por ousar fazer aquilo que muitos têm receio de
fazer. E justamente por isso é tão bom, soa tão bem aos ouvidos.
“Flow” é uma introdução com teclados e cordas,
preparando o ouvinte para o “blend” de melodias e agressividade de “Before
the Plunge”, cheia de energia e partes empolgantes (os contrastes de
tons vocais são excelentes, do normal ao rasgado, e depois urros guturais). Belas
melodias introspectivas se misturam a uma ambientação agressiva moderna para
criar a forte “They Arrive” (baixo e bateria mostram uma ótima técnica e peso,
sem deixar de falar nos solos de guitarras, que andam caindo em desuso, e nos
belos vocais femininos). “Tears in Rain” é outra introdução claustrofóbica
para abrir alas para “At Tannhauser Gates”, que também mistura
agressividade com tempos melodiosos e variados, e uma exibição de gala das
guitarras em riffs excelentes (e em belíssimas partes limpas, além dos solos de
primeira), e “Nexus 9” (outra introdução) fecha a trilogia conceitual do
álbum. “Blackout Afterglow” é uma faixa moderna e com melodias bem
maduras, e onde mais uma vez, a base rítmica se destaca. Em “A
Bitter Taste”, tem-se a canção mais moderna e próxima ao Melodic Death
Metal sueco atual, mais ainda assim, agressiva ao ponto de causar incômodo aos
ouvidos cheios de bolor ou metidos à vanguarda. “The Wasteland” (mais uma
intro) precede “Fury Road”, que apesar de uma sonoridade Melodic Death Metal,
remete o ouvinte diretamente aos primórdios do Swedish Death Metal clássico por
conta da pegada hardcorizada empolgante, mas sem deixar de ter solos melodiosos
bem encaixados, e esses mesmos elementos são encontrados em “The
Agonizing Wail” e “The Burning Dogma” (esta última com
alguns tempos mais complexos que a média do disco, e algumas partes bem
bate-estacas). E fechando, a bruta e pegajosa “Scourge of the Earth”,
com belas linhas melódicas e mais uma vez, com “inserts” de vocais femininos
providenciais.
É o típico
disco para se ouvir a aproveitar a exibição de gala.
Conclusão:
O HATEMATTER é a prova que se pode fazer
algo diferente e moderno no Brasil em termos de Death Metal, e “Metaphor”
mostra-se um disco ótimo, inteligente e refinado. Um dos grandes discos
nacionais desse ano!
Nota: 9,7/10,0
Blackout
Afterglow
Spotify
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