Por “Metal Mark” Garcia
E lá vamos nós de novo...
Há alguns dias, eu estava eu olhando o Facebook
após uma maratona insana de resenhas. Cansado, olho e de repente surge em minha
linha do tempo (ou timeline, como queiram), dou de cara com uma postagem sobre
dois integrantes de uma banda lascando um beijo na boca, dizendo ser um
protesto contra a homofobia na Rússia. Não sou fã da banda, logo, não citarei
nomes (mesmo porque acredito que todos os leitores saibam a quem me refiro)...
Particularmente, não dou IBOPE para aquilo que não
gosto, logo, só vi mesmo a manchete, e tão pouco o beijo deles comoveu minha
pessoa. É cada um na sua, eu penso e vivo do meu jeito, o leitor da mesma
forma, e por aí vai. Cada um na sua, e o mundo continuará girando.
O que me deixou mordido: lá estou eu olhando a
postagem dessa matéria em um grupo do qual fazia parte. A primeira, com a
notícia, por motivos de discussões com direito a baixarias foi retirada do ar
(uma sábia decisão da moderação); a segunda, explicando os motivos, lá vem um
leite com pêra, sem nem ser solicitado a dar opinião, agride a religião
alheia, dizendo que “conservadores deveria estar em igrejas, e não no Metal”.
Digno de uma criança chorona, e quase respondi. Poderia citar o sucesso comercial do STRYPER nos anos 80 como contra-exemplo, já que os beijoqueiros em questão não chegaram ao mesmo nível nem em seu auge (lembrando que a balada “I Believe in You” chegou a ser tema de novela Global por aqui e tocava toda hora nos programas de rádio), mas deixei para lá. Bruce
Dickinson (que é a favor do Brexit), Michael Sweet, Dave Mustaine, Gene
Simmons e tantos outros discordam dele sobre conservadores no Metal e
no Rock, um tema aborrecido que nem faz sentido estender. Não é meu foco, mesmo
porque quem brinca com criança (que é como vejo uma enorme parte desses
militantes), acaba sujo de urina...
O que pensei na hora que vi a notícia: “eis mais
uma banda desesperada, tentando aparecer de alguma forma”. Há quem discorde,
citando o fato que sempre estão em grandes festivais. Mas a ausência de discos
de canções inéditas, e mesmo o fato que não vejo muitas news ou postagens sobre
a banda são um ótimo termômetro para aferir este fato: esta banda pode estar sendo consumida pelo tempo.
Diferente de prós e contras militâncias LGBT, minha
mente viu apenas mais um golpe publicitário.
Basicamente, o motivo disso pode ser explicado por simples palavras: polêmicas vendem, rendem visualizações e “likes”. Mais uma vez, recordo
o leitor que estou nessa vida de Metal há mais de 30 anos, logo já vi e li
coisas do arco da velha. Coisas que a maioria dessa geração Nutella que se
ressente e fica escandalizada teria pavor de saber. Coisas que os transformaria
em fãs de coisas chatas com alguns grandes nomes do Pop Brasil dos anos 80 ou
da MPB dos 70. Coisas que o tempo foram me revelando que não passam de
estratégia de marketing.
Vai um morcego aí, tio? |
Explicando por meio de um exemplo: um belo dia,
lendo “Eu Sou Ozzy” (se ainda não leram, boa diversão, pois
vale cada página), lia algo lá da época em que o Madman ainda vivia seus dias
de loucura, chapado de cana, drogas e remédios, arrancou as cabeças de duas
pombas na reunião com o pessoal da CBS (era algo sobre o lançamento de “Blizzard
of Ozz” na Alemanha, se não me falha a memória). Depois que percebeu
que deu uma senhora pisada na bola, Ozzy pensou que tomaria
uma bronca épica de Sharon. Mas ela vira para ele, fala algumas coisas em
tom ameno, e no final fala “a imprensa vai adorar isso”. Já
comentei esse fato em matérias anteriores para revistas em que colaboro, mas
continua sendo um ótimo exemplo de como usar algo ruim em seu favor. Até mesmo
os processos pelos suicídios acabaram divulgando o trabalho de Ozzy (que
sempre foi de alto nível, independente de qualquer coisa).
Outro bom exemplo: a infeliz morte de Cliff
Burton acabou se transformando em uma alavanca que colocou o METALLICA ainda
mais em evidência. Óbvio que a banda nunca quis isso, e o grupo se encontrava
crescendo (em grande parte por conta de eles serem “opening act” de Ozzy na
turnê do “The Ultimate Sin”), mas essa notícia os colocou em
evidência para muitos fãs que não conheciam a banda. Foi algo muito impactante
para a época, e lá fora, chegou a grandes jornais (aqui, só revistas
especializadas e zines deram importância, lembrando que essa tragédia foi em
setembro de 1986, e eu lembro que estava em um show do VULCANO no
RJ).
Até brigas entre bandas davam (e ainda dão) alto Ibope.
No passado, quem lia entrevistas nos velhos zines e revistas cansou de ver tretas como VENOM, X MERCYFUL FATE X MANOWAR (as 3 bandas não se
bicavam de jeito nenhum), METALLICA X MEGADETH, SEPULTURA X SARCÓFAGO...
Foram tantas que nem dá para lembrar.
Floor Jansen vs Kerry King: quem levaria? |
Dos nosso tempos: lembram de Floor
Jansen do NIGHTWISH reclamando do assédio dos fãs? Ou
da vez em que ela falou publicamente do SLAYER? Ou o infinito (e chato) lamento de Max e Iggor Cavalera por
causa do SEPULTURA? Pois é, cada uma dessas notícias cheira MUITO a
oportunismo desmedido, uma oportunidade de ganhar holofotes e divulgar turnês e discos, e atualmente,
compartilhamentos gratuitos dessas coisas no Facebook, Instagram e Twitter.
Se eu falar do Metal brasileiro então, a coisa fica
feia, e sem necessidade alguma.
Refletindo: quais são as bandas do Brasil que estão
conseguindo se manter sem esforços? A resposta é o mesmo grupo seleto de 4 ou 5 bandas, cuja citação é desnecessária, todos sabem quem são.
A maioria vive dentro do underground, logo, não faz
muito sentido se envolver em polêmicas, seja lá pelo motivo que for. Aliás, torno a dizer:
quem alimentou polêmicas por conta de políticos do ano passado para cá se
queimou, e continua se queimando de tal forma que perdeu (e continuará
perdendo) público. Em termos comerciais (como já falei antes nesta matéria),
bandas não podem querer ter fãs só de um segmento político, mas fãs, pura e simplesmente. Sem
essa mentalidade, ou vai ficar relegada ao underground (e nunca conseguirá se bancar, ou seja,
será sempre uma fonte de gastos para os músicos), ou acaba desaparecendo de vez. E
conseqüentemente, cada vez menos se pagará por seus shows, e assim, menos
merchandising vendido, menos apelo, e enfim, o ostracismo que leva a banda em questão a um amargo fim.
Voltando ao tema principal.
Particularmente, eu nem
visualizo esse tipo de notícia. Não tenho paciência para notícias que acobertam caçadas a “likes”, audições nas
plataformas digitais e seu devido compartilhamento, pois o desespero hoje é nessa direção (pois poucos
compram discos físicos), e mesmo assim, elas não pagam tão bem como as bandas
precisam. Se é assim, tem-se que ganhar com shows e venda de merchandising, mas como se a banda está fora da mídia? Se quer ganhar algo de mim nesse sentido, mostre música de alto nível.
Entendam: basta uma polêmica, e defuntos aparecem. Sim, aquela banda que você mal vê/ouve falar, quando apronta algo, é por isso.
Por isso, no fundo, a polêmica inicial que
mencionei soa como uma busca desesperada por novos fãs, uma vez que o mercado
russo parece render bem, e o grupo, que teve muito prestígio na década passada,
anda meio que sumido em termos de popularidade por aqui (novamente: quase não
vejo nada da banda na imprensa há tempos por conta de seus trabalhos, se bem
que é mais fácil ver postagens sobre Bolsonaro, Lula e outros
políticos que qualquer matéria do IRON MAIDEN nos últimos dois
anos). Por isso, o ato não me soa protesto ou algo do tipo, mas oportunismo e
busca por audições e visualizações.
Mais uma: o uso de compartilhamentos nas
plataformas sociais gera indicadores. E um dos que mais usa indicadores de
internet em seu favor é o IRON MAIDEN. Lembram que foi noticiado
que eles usando o número de downloads ilegais como indicador para onde devem
fazer mais shows? E deu certo, pois vendem merchandising como água e ainda angariam novos fãs.
IRON MAIDEN: usando indicadores em seu proveito. |
Artistas brasileiros, inclusive, adoram meter os
bedelhos com o pessoal do Rock, porque já sabem que vai gerar repercussão para eles. Não
citarei nomes, mas lembram de certa celebridade (que não canta Rock) usando
camisas de bandas de Metal? Ou de certo falido da MPB que falou que “O Rock não
chega na favela”? Pois é: viraram notícia em sites de Metal, ganharam
visualizações e procuras na internet (e dinheiro) às custas dos fãs. Talvez seja de gente assim que venham os “dislikes” no Youtube, e nem imaginam que qualquer reação é uma reação. Ou seja, é o velho esquema de “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”.
Ainda: se você não gosta de um artista, por que gosta de falar dele em seus perfis nas mídias sociais? É justamente isso que todos eles
querem! Por isso muitos te provocam, te irritam, te atacam: para que usando seu
ressentimento, você poste várias vezes por dia, e por muitos dias, o nome da
banda (gerando assim indicadores). Eis aí como você é enganado por artistas, e mesmo por políticos e
celebridades. Dê a eles seu silêncio, e aí sim eles ficarão preocupados e
incomodados. Nada pior para eles que o desprezo.
No mais, se querem tanto ter um lado nessas questões de polêmicas,
seja como quiserem; agora, diferente da criança imatura mencionada no início (o
fã leitinho com pêra que nunca deve ter ouvido falar em GODFLESH, NIN,
ou mesmo no MINISTRY), façam isso sem mexer com quem está quieto.
Seria uma postura madura, embora não maturidade e educação não estejam em voga
nesse meio depois das eleições do ano passado...
P.S.: Depois disso, já saí de mais um grupo por conta do povo da “resistência”, que acha bonito ficar ostentando intelecto de vaquinha de presépio na net. Sempre digo: acredite no que quiserem, votem em quem acreditarem, só que mexer com quem está quieto tem consequências.
Para vocês, o caso se resolve com o negão do WhatsApp...
P.P.S.: não me adicionem em grupos!
Não tem que tirar uma letra, palavra, pontuação desse texto. PERFEITO !
ResponderExcluirCarlinhos
Obrigado, irmão.
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